O número de nascimento aumentou no distrito nestes primeiros seis meses do ano. De acordo com o relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, no primeiro trimestre deste ano foram feitos 305 testes do pezinho na região, mais 39 que no mesmo período do ano passado. Em relação a 2021, o aumento foi ainda mais significativo, com um aumento de 52 nascimentos. O teste do pezinho é feito no âmbito do Programa Nacional de Rastreios Neonatal e este ano, em todo o país, já foram estudados 41 802 bebés, mais 2 405 do que o ano passado. O distrito acompanha assim a tendência nacional do aumento de nascimentos.
Migração aumentou na região
Segundo os dados da Pordata, o número de migrantes tem aumentado na região nos últimos anos. O ano passado, a taxa de residentes estrangeiros em Bragança era de 7,9%, mais 1,8% que em 2021. Em comparação com 2012 verifica-se um crescimento ainda maior. Há uma década, Bragança tinha apenas 2,2% de residentes estrangeiros, ou seja, houve um aumento de 5,7% de imigrantes. O Instituto Politécnico de Bragança atrai muitos jovens estrangeiros que vêm estudar para a cidade e depois acabam por ficar em Bragança a trabalhar e constroem família. E este aumento de imigrantes na região estará a contribuir também para o aumento de nascimentos.
“A mulher já nasceu com esse dom da maternidade”
Palmira Gaspar é uma das responsáveis pelo aumento de nascimentos, em Bragança, neste meio ano, quando comparado com os primeiros seis meses de 2022. Com 41 anos, é uma das imigrantes que, recentemente, a cidade ganhou. Num curto espaço de tempo, ajudou duplamente a terra que a acolheu. Palmira Gaspar veio de Angola para Bragança em Setembro do ano passado e o bebé nasceu no fim do mês de Junho, dia 28. “Vim para Bragança porque conheci o meu marido. Foi um romance à distância e, depois, vim para cá e engravidei logo, em Outubro”, explicou Palmira Gaspar, que diz que “a cidade é muito bonita” e que “é muito segura”, muito “diferente” de Angola. Num concelho, tal como os restantes do distrito, marcado pelo envelhecimento da população, cooperar no aumento do número de bebés e, assim, criar mais juventude, deixa-a “feliz”. “Fico contente por contribuir”, rematou. Apesar de a cidade oferecer uma “boa qualidade de vida”, para uma mãe estrangeira, ter um bebé em Bragança também comporta algumas dificuldades. Não é tudo um mar de rosas. “Não estou no meu país e, já por aí, é complicado. Não conheço as coisas. É tudo novo”, vincou, assinalando que, para já, outra das dificuldades é que ainda não trabalha. Neste momento, como o bebé ainda é muito pequeno, também não é, propriamente, hora disso, mas, depois, prevê entrar no mercado de trabalho brigantino. O pequeno Lussandel vem juntar-se aos outros dois filhos que Palmira Gaspar já tinha. Um deles, com 15 anos, também veio de Angola para Bragança. “Já está aqui comigo”, esclareceu a imigrante, que vincou que a outra filha, um pouco mais velha, também virá para a cidade, mas mais tarde. Por agora está em Angola, a acabar a universidade. Palmira Gaspar, que assume que já não quer sair de Bragança, porque se sente “bem”, diz que não prevê ter mais filhos. Este, que nasceu no hospital da capital de distrito, vem numa idade diferente, mais madura, mas as dificuldades, para uma mulher, não são mais pequenas. “Passaram 15 anos desde a última vez que fui mãe. É como se fosse tudo novo. Já perdi a paciência toda”, brincou, dizendo que, ainda assim, “tudo se recupera”, o “jeito volta outra vez”, porque “a mulher já nasceu com esse dom da maternidade”. Segundo o Gabinete de Estratégia e Estudos, do Ministério da Economia e Mar, em Bragança, em 2021, havia 134 angolanos, 71 mulheres e 63 homens. Já segundo a Lusa em 2022, o número de angolanos em Portugal aumentou mais de 50% em dez anos. Passaram de mais de 20 mil para mais de 31 mil, desde 2012. No ano passado, em Portugal, viviam 31435 angolanos.
À procura de melhores condições
A pequena Rosely faz parte dos 305 bebés que nasceram no distrito este ano. Tem apenas três meses e é filha de Leyde Gaspar. Veio de São Tomé, há sete meses, para Bragança, porque “aqui tem melhores condições”, contrariamente ao seu país. “Aqui dão ajuda e não ficamos tão desamparadas como no meio país”, frisou. Além disso, considera que Bragança é “muito calma” e “não tem muita correria”, o que a torna numa cidade ideal para construir família. Leyde Gaspar não tem dúvidas de que os cuidados de saúde cá são melhores e disse ter sido muito bem tratada no hospital. Embora reconheça que é “muito difícil” deixar o seu país, porque a família ficou para trás, admite q u e “compensa”. Para já vive com a sua irmã, mas quer encontrar uma casa para viver com a bebé e o seu companheiro. “Pretendemos sair e arrendar outra casa”, disse. Quanto a aumentar a família, esse não é o seu desejo para já. Primeiro quer estudar. Inicialmente ficou colocada numa universidade do Porto, mas vai pedir transferência para o Instituto Politécnico de Bragança para poder fazer aqui a licenciatura. “No meu país as mulheres têm seis ou 12 filhos”, contou, admitindo que não pretende seguir essa cultura e que está nos seus planos ter apenas mais um bebé. Na Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, composta por nove concelhos, Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Mogadouro, Miranda do Douro, Vinhais, Vimioso e Vila Flor, a taxa de residentes imigrantes é de 4,1%. Bragança é claramente o município com imigrantes, com 7,9%, seguindo Alfândega da Fé 3,1% e Mirandela com 3%.
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