Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
O tio Vila Real há três dias que não comia…e tocava flauta…e achava que a vida é assim… sempre foi assim: - há os ricos e os pobres.
Uma vizinha passou e partilhou a sua miséria com o pobre faminto e moribundo... que tocava flauta!... e deu-lhe uma alheira… cascas de feijão... meia dúzia de batatas e um cibo de toucinho...
Nesse dia o tio Vila Real… tirou os dois potes que tinha arrumados do tempo doutras farturas… fez caldo… cozeu batatas…. assou a alheira!... e enquanto a lauta ceia se aprontava sempre ia comentando como se falasse para o mundo: - e ainda dizem que há pobres…para mim que seja rico quem quiser!
Só que no dia seguinte… haveria outras fomes… e o tio Vila Real já não tinha tempo de pensar nisso!
Nós também sabemos que amanhã vai haver mais fomes… outras fomes... mas hoje, contentes… pomos o pote ao lume… assamos uma alheira… e não fazemos mais nada…
…e os ricos anafados e satisfeitos…dormem descansados… enquanto a flauta do tio Vila Real deixou de se ouvir… morreu o tocador... ao anoitecer... sonhando que era rico… e o pote iria cozer todos os dias.
…só que nunca mais cozeu!
Uma vizinha passou e partilhou a sua miséria com o pobre faminto e moribundo... que tocava flauta!... e deu-lhe uma alheira… cascas de feijão... meia dúzia de batatas e um cibo de toucinho...
Nesse dia o tio Vila Real… tirou os dois potes que tinha arrumados do tempo doutras farturas… fez caldo… cozeu batatas…. assou a alheira!... e enquanto a lauta ceia se aprontava sempre ia comentando como se falasse para o mundo: - e ainda dizem que há pobres…para mim que seja rico quem quiser!
Só que no dia seguinte… haveria outras fomes… e o tio Vila Real já não tinha tempo de pensar nisso!
Nós também sabemos que amanhã vai haver mais fomes… outras fomes... mas hoje, contentes… pomos o pote ao lume… assamos uma alheira… e não fazemos mais nada…
…e os ricos anafados e satisfeitos…dormem descansados… enquanto a flauta do tio Vila Real deixou de se ouvir… morreu o tocador... ao anoitecer... sonhando que era rico… e o pote iria cozer todos os dias.
…só que nunca mais cozeu!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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