Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
Gentileza. Coisa bonita e perfeita!
Se a observas, vês flor em forma de ternura. A candura branca no olhar e um cuidado vaporoso com que brinda o céu no rosto dos homens.
Quando a lês, descobres-lhe o interior de um abraço que te aconchega como primavera e te permite florescer, numa urgência de toda inteira ela se doar. Sem demora, sem retorno, como a fala própria dos imortais.
Gentileza conta tudo o que é preciso e que ninguém nos diz. Um raio de sol a acolher estes caminhos de nuvens, onde não nos sentimos humanos. É sorriso que desce, como gota branda de encanto e bem-querer na morada de todos os nossos desertos.
Adormece as armas com que nos levantamos e pede-lhes para escreverem uma nova canção. Uma outra linguagem do coração nos espaços divorciados de um tempo apartado, cujas sombras, fazem crescer pedras nos lugares onde apenas o afeto se faria dom necessário.
Gentileza não nos promete o paraíso, nem tão pouco a vida eterna. Mas conjuga a forma do que somos, numa confiança silenciosa de que somente permanece o que tocamos com a vontade de ser.
E toda a beleza nasce desse ato gentil do corpo, dos gestos e dos olhos, que é claridade a acordar alguns outros céus a viverem em lágrimas.
Ali, ganha sentido como se fosse um beijo, pousado com a doçura dos lábios, sobre a alma de quem se ama. E que nos é devolvido pelas margens da nossa própria luz.
É que o amor, o amor não tem fundo. O amor precisa, sempre, de mais.
Assim possamos prometer-nos as palavras em que acreditamos.
Paula Freire - Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021: Cultura sem Fronteiras (coletânea de literatura e artes) e Nunca é Tarde (poesia).
Prefaciadora do romance Amor Pecador, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021) e da obra poética Pedaços de Mim, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021).
Autora do livro de poesia Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."-Bragança, da Revista HeliMagazine e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza, sendo administradora da página de poesia e fotografia, Flor de Lyz.
Sem comentários:
Enviar um comentário