Acredita-se que a capital dos Zoelas, há dois mil anos, estava em Bragança, mais concretamente em Castro de Avelãs. Esta é uma das conclusões de escavações que foram feitas entre 2012 e 2015, pela Universidade de Coimbra, com o financiamento da Câmara Municipal de Bragança. Os Zoelas é um povo pré-românico que manteve a sua identidade na época romana e que ocupava uma boa parte de Trás-os-Montes oriental.
Pedro Carvalho |
Dos cerca de 50 enterramentos que descobriram no espaço fúnebre, Pedro Carvalho disse que foi encontrado um que se distinguia dos restantes. Quando foi encontrado, a sua “elevada estatura”, de cerca de 1,80 metros, chamou atenção dos arqueólogos. Além disso, distinguia-se dos outros, por ter a “anca consideravelmente mais larga”, relativamente à dos outros homens estudados em populações antigas, e apresentava ainda “características cranianas habitualmente observadas em populações de origem africana”. Devido às suas características “anatómicas e físicas”, o seu ADN foi estudado em laboratórios internacionais, numa universidade da Austrália e numa universidade da Alemanha. “Quando as análises de ADN revelaram que o indivíduo tinha a síndrome de Klinefelter foi para nós surpreendente. Esta síndrome revela-se pelo facto de o indivíduo ter características anatómicas e físicas diferentes das habituais que resultam por ter dois cromossomas XX quando devia ter um X e um Y”, explicou. Embora fosse um indivíduo do sexo masculino, tinha características do sexo feminino. Esta descoberta permitiu à ciência perceber que esta síndrome já vem de há vários séculos e que ainda se verifica nas populações actuais.
Quem foram os Zoelas?
Os Zoelas foram um povo que viveu há dois mil anos e que é mencionado por Plínio (autor romano, século primeiro) a propósito nomeadamente do seu linho de excepcional qualidade, adequado para redes de caça, e que nesse tempo chegava a Roma. Terá ocupado uma boa parte do nordeste transmontano.
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