sábado, 15 de julho de 2023

Maioria dos alunos estrangeiros da ESACT de Mirandela têm de trabalhar nas férias para conseguirem continuar os estudos

 É uma realidade, no mínimo, preocupante. A maioria dos alunos estrangeiros que frequenta a ESACT de Mirandela tem enormes dificuldades financeiras obrigando-os a procurar trabalho nas férias letivas para tentar equilibrar as contas e conseguirem terminar os cursos.

O problema é que, por norma, não conseguem arranjar trabalho nesta região e têm de procurar emprego em outros locais, não apenas no país, mas inclusivamente no estrangeiro.

Adiana Sanches diz ter sido difícil adaptar-se e que também teve dificuldades financeiras, obrigando-a a abandonar o sonho de se formar.

A cabo-verdiana conta que procurou emprego durante um ano, mas sem sucesso

“Vim com o objetivo de estudar mas não foi possível. A minha família não tinha condições de me manter aqui.

Depois de um ano de tentativas optei por ir embora e agora vou trabalhar em Lisboa, para conseguir algum dinheiro.”

Albufeira e Lisboa, em Portugal, e ainda países como França e Suíça, são os principais destinos escolhidos pelos alunos estrangeiros durante as férias escolares, para procurar trabalho e com isso ganhar algum dinheiro que ajuda, não só nas despesas mas também para pagar os seus estudos.

Pensamento diferente tem João Bragato. Este aluno brasileiro da ESACT de Mirandela, que atualmente está no primeiro ano da licenciatura do curso de Comunicação e Jornalismo, adianta que a adaptação à cidade transmontana até não foi difícil.

No entanto, dá razão a quem vai para fora do país tentar arranjar trabalho, alegando que, por cá os salários são baixos.

“Numa cidade pequena é complicado dar emprego a toda a gente.

Os restaurantes aceitam umas três pessoas, nos hotéis é difícil fazer um contrato de período curto para o verão e Portugal também é um país que não paga muito bem, então as pessoas que conseguem ir para a França, Suíça ou Luxemburgo no verão já sentem uma segurança maior de voltar para cá com dinheiro, do que tentar a sorte de trabalhar aqui para ganhar quase nada, comparado com esses países.”

Keven Gomes, licenciado em Gestão e Administração Pública, atualmente a tirar o mestrado em Marketing Turístico, e Maira Gonçalves, aluna do terceiro ano do curso de Turismo, estão em Mirandela há cerca de sete anos e relatam as dificuldades que sentiram no início para conciliar a escola e o trabalho.

Ainda assim, dizem que, com o tempo, adaptaram-se à realidade de Mirandela e pretendem ficar por aqui.

“No princípio não tive de trabalhar, só comecei a fazê-lo no meu terceiro ano de curso para ajudar um pouco a minha mãe que já me pagava o curso e as despesas.”

“No início foi bastante difícil porque o horário das aulas é praticamente ao mesmo tempo que o do trabalho. Foi um pouco puxado.

A partir do momento que consegui aqui um trabalho no verão e conheci Mirandela mais a fundo, as festas e o pessoal, optei durante os próximos anos ficar sempre aqui durante o verão, por causa do ambiente que é muito acolhedor e conheci muitas pessoas, também de outros lados.”

Ainda há alunos que estão a tentar encontrar trabalho em Mirandela, mas acabam por desistir tendo em conta que a maioria das ofertas de emprego é no setor da restauração, onde impera a precariedade.

INFORMAÇÃO CIR (Terra Quente FM)

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