Há alguns anos, a Igreja do Santo Cristo de Outeiro recebeu uma distinção rara e honrosa, foi elevada à dignidade de Basílica Menor.
Para uma pequena aldeia como Outeiro, este título, concedido pelo Vaticano, foi motivo de orgulho e esperança. Representou o reconhecimento do valor histórico, arquitetónico e espiritual do templo, e, naturalmente, criou grandes expectativas na comunidade.
Na altura, muitos acreditaram que este novo estatuto traria consigo uma nova vida à aldeia, mais visitantes, mais dinamismo, mais valorização do território. Afinal, não é todos os dias que uma pequena localidade do interior é colocada no mapa religioso nacional com tamanha distinção. O título parecia ser uma porta aberta para o futuro.
No entanto, passados estes anos, a realidade contínua desanimadora. As portas da Basílica permanecem frequentemente fechadas aos visitantes, o que, para muitos, é incompreensível e mesmo vergonhoso. Como se pode atrair pessoas, incentivar o turismo religioso ou promover o património local, se não se permite o acesso àquilo que é, justamente, o principal símbolo da aldeia?
A verdade é que a elevação a Basílica Menor, por si só, não basta. É uma base para construir algo maior, mas requer vontade, investimento e visão. É preciso ação concertada entre igreja, autarquia e comunidade. Não basta ostentar o título, é preciso dar-lhe vida.
Outeiro merece mais. Merece ver a sua Basílica transformada num verdadeiro polo de cultura, fé e identidade. Merece ver as suas portas abertas, o seu valor reconhecido e a sua história contada a quem chega. Porque uma Basílica fechada é uma oportunidade perdida, e Outeiro não pode continuar a perder. Já há pouco que perder e depois o que resta... NADA!
Ainda vamos a tempo. Que este título volte a ser motivo de esperança, mas, desta vez, sustentada em ações concretas que dignifiquem o património, valorizem a terra e respeitem as expectativas de quem cá vive.


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