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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

D’Onor: quando um festival une pessoas e afirma identidade

 Em pleno Parque Natural de Montesinho, Rio de Onor “quase longe, muito longe, onde a terra nos embala com amor... e pelos caminhos do saber” como diz Sebastião Antunes na sua canção, onde os montes parecem preservar memórias sacras sussurradas por gerações, voltou a ser, neste mês de julho, mais do que uma aldeia — foi um espaço e um tempo de encontro, de celebração e de profecia cultural.

Tal deriva da realização, entre os dias 18 e 20, do Festival D’Onor, expressão viva de uma identidade comum que une duas terras de uma só alma: Rio de Onor, em Bragança, e Rihonor de Castilla, na província de Zamora.
Em 2017, esta nossa aldeia foi justamente distinguida como uma das 7 Maravilhas de Portugal, na categoria de Aldeias em Áreas Protegidas, que nos maravilha não apenas pela paisagem, pelo casario ou pela geografia algo bucólica.
Deslumbra-nos igualmente o modo como a comunidade preserva, apesar da vetusta idade de muitos dos seus parcos habitantes, com rigor e afeto, uma cultura feita de entreajuda, de fala partilhada, de vínculos que nenhum traço de fronteira consegue separar.
Por isso, o Festival D’Onor não foi e não é apenas um festival. Faz jus ao nome que ostenta e hoje por hoje, é mesmo um gesto de afirmação identitária, uma forma de dizer ao mundo que este território não é periferia, mas centro de valores essenciais: desde a solidariedade intergeracional à força da memória até à beleza do que é simples e verdadeiro.
Como em outros anos, o programa deste ano abrangeu música, danças tradicionais, cinema, animação de rua, baile, ronda cultural e das adegas, gastronomia local, mercadinho de produtos, jogos tradicionais, demonstrações de artes e ofícios, convívio entre gerações e até DJ’s para os mais jovens — porque honrar a tradição não exclui dialogar com o presente.
Assim, mais do que um evento, o Festival persiste em ser encarnação de uma ideia profunda: que a cultura não se preserva em vitrinas, mas em vivências partilhadas, isto é, vive-se, escuta-se, dança-se e até se saboreia.
Este espírito esteve muito presente, elevando-se ainda mais a uma dimensão internacional, espelhando-se na presença de visitantes e participantes de várias proveniências geográficas, pois imagine-se que até do Chile!
É que Rio de Onor é feita desta irmandade entre as pessoas e os povos e que transborda nos gestos concretos de convívio e partilha, que encantam qualquer pessoa.
Parabéns por isso à “Montes de Festa – Associação”, nascida em 2016 pela vontade e dedicação de jovens brigantinos que decidiram não assistir passivamente ao esquecimento, mas agir com criatividade e inovação.
Uma associação sem fins lucrativos, mas com um lucro imensurável: o de oferecer vida, orgulho e vislumbre de futuro a uma aldeia que merece continuar a ser distinta. Neste sentido, parabéns também a todos os que apoiaram e patrocinaram esta iniciativa, sinal de que quando as entidades se juntam, tudo é possível.
Em tempo de ruído e pressa, Rio de Onor ensinou-nos, uma vez mais, a escutar devagar e a reconhecer que nesta aldeia fascinante a festa é mais do que diversão pois é sobretudo partilha e identidade.

Jorge Novo

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