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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

A LÍNGUA E A GRAMÁTICA

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

 Não sei se os leitores – se os tenho, – têm conhecimento da minha idade provecta, e da saúde, que dia a dia, vai diminuindo: tanto física como mental. A memória nunca foi boa, mas, atualmente, prega-me partidas desagradáveis... Para não lembrar a visão.
Em " Enfermaria do Idioma" Araújo Correia, cita Cândido de Figueiredo (O que se não deve dizer,) e transcreve o seguinte:
" Confesso que não é sem alguma repugnância que contribuo com uma pedra para o edifício interminável das regras gramaticais. Porque a verdade é que, se alguma coisa conheço da língua do meu país, não a devo aos compêndios de gramática, e mal avisados andam os que supõem ficar sabendo português, depois de conhecer e estudar todas as gramáticas desta língua, dos escrevedores que mais pecam contra a pureza, a correção e os direitos da nossa língua, raro será o que não tenha estudado uma gramática escolar, mas nenhum deles estudou português.
“Antes das gramáticas, existiu a língua, e as gramáticas apenas procuraram metodizar as regras que se podem deduzir da prática dos que bem escrevem.
“Esta prática é a base do verdadeiro conhecimento da língua; mas, no tempo de agora, lê-se pouco e mal; afora a leitura francesa, lêem-se de preferência, em português, exatamente os escritores que menos autoridades podem ter em assuntos de boa linguagem. Em geral, os meus contemporâneos não têm pachorra para compulsar alfarrábios bolorentos, que são às vezes bons repositórios da nossa linguagem portuguesa. Mas nem por lhes escassear pachorra para estudar velharias, eles ficariam privados de saber português se tal saber os interessaria deveras.
“Os que nem sequer têm coragem e o bom gosto de ler e reler, ao menos, Camões, Tomé de Jesus, Bernardes, Sousa e Vieira, podem, em alguns escritores do século findo, colher lição proveitosíssima. A questão é que eles queiram ler, com olhos de ver, as obras de Castilho, de Herculano, de Latino e a maior parte das de Camilo.
“Quem conhecer deveras estes escritores pode gabar-se de conhecer a sua língua, e pode dispensar todas as gramáticas existentes e passíveis.”
Concluo com outra   do Mestre Cândido Figueiredo, em:” Falar e Escrever":
"Não confundir o português com a gramática. Inda não havia gramática, e já havia língua portuguesa.".


Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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