(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Talvez muitos considerem estranha esta publicação. Acompanhada por uma foto na qual constam dois jovens e um SENHOR que, infelizmente, já não se encontra fisicamente entre nós.
SENHOR esse, faço questão de o grafar em maiúsculas, ao qual devo muito do pouco que sei sobre estas terras, particularmente no que concerne à Idade do Bronze. SENHOR esse, ao qual também se deve muito o facto de terem de me «aturar» por aqui (e noutros lados). Porque foi ele que me disse, um dia, esta «anormal coisa»: «Antes que bata a bota e leve o conhecimento consigo para a cova, deixe-o cá ficar, por favor». Assim o tenho tentado fazer, e desta forma, aqui lhe deixo, por esta via, uma sentida e singela homenagem (ele que tanto conhecimento nos deixou!).
Desde muito cedo procurei contagiar os dois jovens que constam na imagem, para a relevância que a sua terra tinha. Vai daí, lá os levava comigo sempre que convidado era para participar em escavações arqueológicas. Esta é naquele que será o mais importante povoado da Idade do Bronze na região, no qual se detectou um dos mais antigos, se não o mais antigo vestígio de fundição do bronze na Península Ibérica! “Ua bêze mais, azare du caralhitchas’e”, é no distrito de Bragança… Adiante...
O rapazola loirito que consta da imagem, hoje, coincidências dos dias, é Historiador (e não foi por influência do pai, foi por decisão sua). E a moçoila loirita, não o sendo, que doutra área é, a ela se deve, igualmente, o facto de terem de aturar o pai por aqui (e noutros lados…). E porque relevo aqui os 30 anos? Porque, há esses tais de 30 anos, nascia ela, e o pai, «nervoso miudinho» pelo nascimento da primeira filha, passou uns dias a, desenfreadamente, cometer o «oitavo pecado mortal»: ler! Um dos livros que tirou da prateleira, era sobre a História da região. Finalizada a leitura, relido o livro, comentou para com os seus botões: «A minha terra não pode ser só isto!»… Nessa época, já levava uns anos a estudar o nosso «falar mal Português», tendo-lhe acrescentado mais umas quantas coisas… E assim começaria a epopeia que, hoje, exactamente 30 anos volvidos, conduz a que vá «atazandando» aqueles que paciência têm para ler estas «diatribes». Apenas pretendendo, humildemente, que estas terras, tão grandiosas, mas tão mal tratadas, sejam vistas com outros olhos.
E isso muito se deve às três pessoas retratadas na fotografia que acompanha estas letras. A elas, e aos que, ao longo de 30 anos, têm tido a paciência para ler os meus livros e os meus artigos, para me ensinar, paciência maior tendo para me ouvir (que, quando começo a falar das nossas terras, tal a paixão e o tanto que contêm, nunca mais se “me fetch’á matraca”, reconheço-o), aqui fica o meu público MUITO OBRIGADO! Gratidão extensível a todos os que, e aí incluindo o administrador desta magnífica página, me «chateiam» para partilhar o pouco que sei. Lamentando que nem sempre possa, por diversos motivos, aceder a todos pedidos…
Por vezes, há outras «estórias» para lá da História… É uma honra, é um privilégio, poder partilhá-las nesta página, uma «casa» que é de todos!
Rui Rendeiro Sousa – Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer.
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas.
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana.
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros.
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

Caro Rui Rendeiro Sousa,
ResponderEliminarEm nome de todos os membros do Grupo “Memórias… e outras coisas… BRAGANÇA”, deixo um profundo e sentido agradecimento por tudo aquilo que tem oferecido ao nosso espaço comum. A sua colaboração dedicada, sempre generosa e inspiradora, tem sido uma luz que ilumina o passado e nos ajuda a compreender melhor as raízes que nos unem.
O conhecimento histórico que partilha, com rigor e paixão enriquece cada um de nós. Factos ou datas, são histórias, vidas, contextos e emoções que nos fazem olhar para Trás-os-Montes, para Bragança e o seu concelho com um orgulho ainda maior. O Rui tem o dom de transformar memórias em património vivo, despertando curiosidade e fortalecendo a identidade coletiva do nosso grupo.
Muito obrigado pelos contributos, e pelas explicações a tantos comentários. O seu empenho deixa uma marca profunda em todos nós.
O nosso muito obrigado, com verdadeira admiração e estima.
Com gratidão,
O Grupo “Memórias… e outras coisas… BRAGANÇA”
HM