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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

A Rua das Moreirinhas, em Bragança, que já foi... Rua da Moreirola…

Por: Rui Rendeiro Sousa
(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Um dos motivos principais para continuar a falar-se Leonês por estas terras encontra eco em inícios do século XIII, há mais de 800 anos. Motivo que aqui trago hoje, porque uma das figuras de maior proeminência na região, até à segunda metade desse mesmo século XIII, lhe fez uma doação, há 770 anos. E gosto de aniversários «redondinhos»…

Por muito que isso pareça ser ocultado dos manuais de História, esta região tem História. Todavia, uma História bem diferente do vertido por esses mesmos manuais. Uns dos grandes responsáveis para essa «História bem diferente» são os mosteiros beneditinos, particularmente os de São Salvador de Castro de Avelãs, e os «espanhóis» de São Martinho da Castanheira (San Martín da Castañeda) e de Santa Maria de Moreirola (Santa Maria de Moreruela). Este último, que aqui trago hoje… E, tal a importância que teve, até daria nome a uma rua em Bragança, que existência tinha, com essa designação, ainda na segunda metade do século XIV.

E que relevância terá tido, em Bragança, o referido Mosteiro de Moreirola, para aí ter tido uma rua a ostentar o seu nome? Quando se percorre a documentação medieval, particularmente entre os séculos XII e XIV, percebe-se o alcance da influência que os mosteiros beneditinos tiveram na região bragançana. No que concerne, especificamente, ao Mosteiro de Moreirola, as doações foram-se acumulando, especialmente no século XIII. O que conduziu a que fossem detentores de um enormíssimo património, essencialmente nos concelhos de Miranda do Douro, Vimioso, Bragança e Macedo de Cavaleiros. Para lá disso, foram, inclusive, os fundadores de algumas paróquias e detinham, na totalidade ou parcialmente, os direitos sobre inúmeras povoações. 

O poder (ou melhor, Poder) que Moreruela tinha era espantoso! Nomeadamente em Bragança, na qual possuía casas e propriedades, entre as quais vinhas. Património que lhe era doado, maioritariamente, «pro anima», ou seja, para salvação da alma. Ou, em situações outras, tal como a que hoje me trouxe aqui, ocorrida há, precisamente, 770 anos, pelo «direito de sepultamento» no referido mosteiro. Doação esta que incluiu bens em Genísio e São João de Angueira, em Terra de Miranda. E, de facto, o nosso cavaleiro, descendente do construtor do Castelo de Algoso, bem como a sua esposa, seriam sepultados no referido mosteiro. 

Mosteiro que era Leonês… Cujos frades eram… Leoneses… E falavam… Ásturo-Leonês! Fácil é perceber, por entre outras razões, porque (ainda) somos a «terra das duas línguas». E porque somos tão diferentes… O Mosteiro de Moreirola, que por aqui mandou imenso, fruto das doações dos grandes senhores da região, aí incluídos os Bragançãos, muita responsabilidade teve nisso. 

(Foto: Monastirs)


Rui Rendeiro Sousa
– Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer. 
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas. 
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana. 
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros. 
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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