Em 1820, o multissecular Concelho de Bragança, um dos mais extensos de Portugal, encontrava-se dividido em vintenas – pequenas circunscrições que podiam coincidir ou não com freguesias, povos, aldeias ou lugares, à frente das quais se encontravam os juízes de vintena, diretamente subordinados à Câmara Municipal –, abrangendo o território correspondente a 129 freguesias, as quais só existiam como unidades eclesiásticas – a freguesia enquanto realidade administrativa, embora reconhecida por decreto de 26 de novembro de 1830, só foi institucionalizada em Portugal Continental com o decreto de 18 de julho de 1835, que estabeleceu a divisão do território em distritos, concelhos e paróquias.
No seu território encontravam-se “encravados” os pequenos concelhos de Faílde e Carocedo, Gostei, Formil e Castanheira, Rebordãos, Vale de Nogueira, Vale de Prados e Vila Franca de Lampaças, todos eles da comarca de Bragança; e o Concelho de Rebordainhos, da comarca de Miranda (Quadro n.º 1 e Figura n.º 1). O seu território, com mais uma ou menos uma freguesia, por força da anexação ou desanexação de algumas delas, manteve-se até 1836, uma vez que a divisão administrativa do Reino de 18 de julho de 1835, na sequência da criação dos distritos, não alterou o número de concelhos existentes. Só em 1836, por decreto de 6 de novembro, é que Bragança, como a maior parte dos municípios do Reino, se viu afetada na sua área, perdendo um território significativo, o caso mais expressivo da região trasmontana.
Com efeito, o Concelho de Chacim recebeu cinco freguesias de Bragança, ou seja, Banrezes, Castelãos, Edroso, Vale da Porca e Vilar do Monte.
O Concelho de Cortiços absorveu dez freguesias do termo de Bragança, a saber, Amendoeira, Bornes de Monte Mel, Burga, Carrapatas, Corujas, Gradíssimo, Grijó de Vale Benfeito, Lamas de Podence, Macedo de Cavaleiros e Vale Benfeito.
O Município de Izeda, então criado, retirou a Bragança 24 freguesias, tendo sido constituído, praticamente, à sua custa: Bagueixe, Calvelhe, Carçãozinho, Castro Roupal, Coelhoso, Edrosa, Freixeda, Gralhós, Izeda, Lagoa, Limãos, Macedo do Mato, Morais, Paradinha de Besteiros, Paradinha Nova e Velha, Podence, Salsas, Salselas, Serapicos, Talhas, Talhinhas, Valdrez, Vila Boa do Carçãozinho e Vinhas.
O Concelho de Santalha, então formado como Izeda, levou duas freguesias pertencentes a Bragança, Moimenta e Montouto.
O Concelho da Torre de Dona Chama retirou a Bragança seis freguesias, Agrochão, Bouzende, Espadanedo, Ferreira, Murçós (Muçós) e Soutelo de Pena Mourisca.
Finalmente, o Município de Vinhais incorporou 16 freguesias bragançanas, Brito, Celas, Cidões (Seidões), Dine, Fresulfe, Melhe, Mofreita, Mós de Celas, Negreda, Nunes, Ousilhão, Penhas Juntas, São Cibrão, Soeira, Vila Boa do Ousilhão e Vilar de Peregrinos.
Aldeia de Guadramil. Bragança |
Este número, porém, não se manteve por muito tempo. Na verdade, a carta de lei de 20 de julho de 1839, que estabeleceu uma côngrua aos párocos e coadjutores das freguesias do Continente, autorizou que as freguesias, “que por pequenas ou pobres” não pudessem pagar as côngruas, pudessem ser anexadas a outras, desde que estivessem dentro do mesmo Concelho. Em face deste diploma, tendo em atenção que muitas das freguesias do Concelho de Bragança somavam menos de 30 fogos – o caso mais flagrante era o de Portelo, com seis fogos em 1836 –, foram anexadas a outras freguesias, de tal modo que, de 73, passaram a 37 em 1840 (Quadro n.º 3 e Figura n.º 3).
E do Concelho do Outeiro vieram as freguesias de Milhão, Outeiro, Quintanilha e Rio Frio. Em 1853, Santa Combinha passou para o Concelho de Macedo de Cavaleiros, também criado pelo decreto de 24 de outubro de 1855, na sequência da extinção dos concelhos de Chacim e Cortiços, mas voltou novamente a Bragança em 1855. Integrou-se ainda em Bragança a freguesia de Zeive, desanexada do julgado de Vinhais e anexada agora à freguesia de Parâmio.
Por decreto de 10 de dezembro de 1867, foi extinto o Concelho de Vimioso, passando a freguesia de Santulhão para o Município de Bragança. Contudo, o decreto de 14 de janeiro de 1868 suspendeu a divisão administrativa do Reino efetuada pelo decreto de dezembro de 1867, levando a que, em Vimioso, entrassem novamente em funções a Câmara Municipal e as autoridades administrativas concelhias (Quadro n.º 4 e Figura n.º 4).
Em 1900, Bragança registou 49 freguesias, uma vez que Santa Combinha foi novamente anexada ao Concelho de Macedo de Cavaleiros em 1895, e desta vez, até ao presente.
Em 1930, o Município contabilizou 46 freguesias, já que Paradinha Nova fora anexada a Coelhoso, Pombares a Quintela de Lampaças, e Rio de Onor unira-se a Deilão.
Em 1960, já Paradinha Nova, Pombares e Rio de Onor revelam ter existência autónoma sob o ponto de vista administrativo, totalizando novamente Bragança 49 freguesias, número que vai manter até ao presente (Quadro n.º 5 e Figura n.º 5).
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa
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