O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), numa resposta por escrito à agência Lusa disse que, no âmbito do Sistema de Monitorização de Lobos Mortos, sob a sua responsabilidade, foram recolhidos, desde 1999 e até à data, 118 animais desta espécie protegida em Portugal.
De acordo com o ICNF, o “atropelamento foi a causa de morte mais detetada (36), porque origina cadáveres que são mais facilmente encontrados, seguindo-se o laço (21) e o abate a tiro (18)”.
Entre as causas de morte identificadas estão também o veneno (4), as doenças (4), como a esgana e a parvovirose, as mordeduras por canídeos (4) e um caso resultante de complicações decorrentes da captura.
O instituto acrescentou ainda que não foi possível determinar a causa de morte de 28 animais, dos quais 11 sofreram traumatismos de origem indeterminada.
“Os animais encontrados resultam de uma recolha fortemente dependente da presença humana no território e da detetabilidade dos cadáveres originados pelas diferentes causas de morte”, explicou.
A Lusa solicitou os dados, após a descoberta, esta semana, de dois cadáveres de lobo-ibérico, um em Xertelo, concelho de Montalegre, e outro Rio de Onor, em Bragança.
Os cadáveres foram recolhidos para necropsia e ambas as situações estão a ser investigadas pelas equipas do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR e de vigilantes da natureza.
No caso de Montalegre, perto do lobo foi também encontrado o cadáver de um cavalo.
Relativamente a esta situação, o ICNF já tinha dito que os “vigilantes da natureza encontraram várias armadilhas de laços, utilizadas na caça ilegal", e que a GNR recolheu "os indícios desta prática ilegal não havendo, até ao momento, evidências suficientes que permitam concluir da existência de mais um animal morto”, como chegou a ser noticiado em alguns órgãos de comunicação social.
O lobo-ibérico possui em Portugal, desde 1990, o estatuto de ameaça de “em perigo”, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados.
Neste momento está a decorrer o novo censo nacional de lobo-ibérico. O último censo nacional decorreu em 2002/2003.
O ICNF disse à Lusa que, de acordo com “a metodologia definida com vista a obter a melhor informação possível, os trabalhos de campo decorrerão até final de 2021, de modo a abranger duas épocas reprodutoras da espécie, prevendo-se a publicação dos resultados finais até meados de 2022”.
De acordo com o instituto público, até ao final de 2020 “já foi prospetada uma grande parte da área de estudo e confirmada a presença de diversas alcateias”.
“Os resultados globais obtidos até à data estão a ser analisados e serão oportunamente divulgados”, salientou.
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