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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

LIFE Rupis: lançado manual que explica como produzir pastagens biodiversas para aliar conservação da natureza a maior produtividade pecuária extensiva

 O projeto “LIFE Rupis - Conservação do britango e da águia-perdigueira no vale do rio Douro” acaba de lançar o “Guia Informativo - Manual de Instalação de Pastagens Biodiversas”, editado pela organização não governamental de ambiente Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, parceira do projeto. O manual é de acesso livre e está disponível para download AQUI, e no site da Palombar.

Pastagem biodiversa. Fotografia Palombar.

A publicação consiste num manual prático que pretende ajudar os criadores de gado e os agricultores a rentabilizarem os seus terrenos com culturas forrageiras e a aumentarem a produtividade pecuária extensiva, através da implementação de pastagens permanentes semeadas biodiversas ricas em leguminosas (PPSBRL), ao mesmo tempo que contribuem para a proteção da biodiversidade de fauna e flora, e para a conservação de espécies ameaçadas, como é o caso do britango (Neophron percnopterus) e da águia-perdigueira (Aquila fasciata), espécies-alvo do projeto LIFE Rupis.

O manual explica o que são as pastagens biodiversas/permanentes e o seu ciclo anual, com foco nos benefícios e vantagens de substituir as forragens em modo tradicional por este tipo de pastagem mais sustentável e produtiva. A obra aborda ainda as PPSBRL no contexto das políticas e estratégias europeias no domínio ambiental, da proteção da biodiversidade e do combate às alterações climáticas.

Adicionalmente, integra um guia prático que ensina como promover a análise do solo, a seleção de sementes, a preparação do terreno e a implementação de sementeiras e gestão das pastagens biodiversas.

No âmbito de ações do projeto LIFE Rupis, a Palombar implementou pastagens biodiversas/permanentes num total de 37,1 hectares de terrenos no Nordeste Transmontano, recorrendo ao uso de misturas de sementes de variedades tradicionais de cereais, leguminosas e ervas diversas, adquiridas junto de produtores locais.

Pastagem biodiversa. Fotografia Palombar.

Pastagens biodiversas beneficiam espécies ameaçadas e aumentam produtividade agrícola e pecuária

As pastagens biodiversas/permanentes instaladas no âmbito do projeto LIFE Rupis contribuíram para incrementar o mosaico agrosilvopastoril no Nordeste Transmontano, criar pastagens mais sustentáveis e nutritivas para as raças locais de caprinos, ovinos e bovinos, bem como para aumentar os seus efetivos.

Além de fomentar a produtividade agrícola e pecuária, a implementação das pastagens biodiversas/permanentes geraram impactos positivos diretos sobre várias espécies de abutres ameaçadas e legalmente protegidas, como o britango, o abutre-preto (Aegypius monachus) e o grifo (Gyps fulvus), promovendo o aumento da disponibilidade de alimento para estes, nomeadamente de resíduos como as placentas. As PPSBRL beneficiaram igualmente aves de rapina como a águia-perdigueira, ao aumentar o número das suas espécies-presa, nomeadamente coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e perdiz-vermelha (Alectoris rufa).

PPSBRL são mais sustentáveis e rentáveis que forragens tradicionais

As pastagens biodiversas/permanentes são mais sustentáveis e rentáveis do que as forragens tradicionais porque apresentam maior retorno do investimento por serem mais produtivas e resilientes às alterações climáticas e à seca, fornecendo mais alimento para o gado e com melhor qualidade, ao mesmo tempo que ajudam a aumentar a produção de matéria orgânica nutritiva para os solos. Solos ricos em matéria orgânica são menos suscetíveis à erosão, têm maior capacidade de retenção de água, são mais ricos em nutrientes e, consequentemente, tornam-se mais férteis.

Bovinos a pastarem. Fotografia Palombar.

Conversão de forrageiras tradicionais permite cumprir estratégias europeias para o ambiente e biodiversidade 

É fundamental sensibilizar os agricultores e os criadores de gado para iniciarem o processo de conversão das culturas forrageiras tradicionais para as PPSBRL, visto que estas asseguram resistência face ao avanço das alterações climáticas, e benefícios ao nível dos serviços de ecossistemas, biodiversidade e sustentabilidade. Este é precisamente um dos objetivos do Manual que acaba de ser lançado. Esta medida é igualmente um passo essencial para implementar, no terreno, as orientações, políticas e estratégias europeias na área ambiental e de proteção da biodiversidade, nomeadamente aquelas previstas no Pacto Verde Europeu, Estratégia Europeia para a Biodiversidade 2030 e Estratégia Farm to Fork (Estratégia do Prado ao Prato).

Os agricultores e criadores de gado que avancem já com essa conversão estarão a dar passos decisivos rumo à sustentabilidade, resiliência e maior rentabilidade das suas produções, permitindo que, num futuro próximo, possam colher os benefícios da sua escolha mais amiga do ambiente e promotora da biodiversidade, que a todos favorece.

Sobre o projeto LIFE Rupis

O projeto transfronteiriço “LIFE Rupis - Conservação do britango e da águia-perdigueira no vale do rio Douro” (www.rupis.pt), financiado pela União Europeia, através do Programa LIFE, foi aprovado em 2015 e termina este ano, 2021. Este projeto é coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

O seu principal objetivo foi promover a conservação do britango e da águia-perdigueira no vale do rio Douro, através da implementação de medidas para reduzir a mortalidade destas espécies e aumentar o seu sucesso reprodutor.

Além da Palombar, o LIFE Rupis tem os seguintes parceiros: Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Associação Transumância e Natureza (ATNatureza), Junta de Castilla y León, Fundación Patrimonio Natural de Castilla y León, Vulture Conservation Foundation (VCF), EDP Distribuição e Guarda Nacional Republicana (GNR).

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