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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

O que procurar no Inverno: o sobreiro

 No final de 2011, o sobreiro (Quercus suber) foi reconhecido, por unanimidade da Assembleia da República a Árvore Nacional de Portugal.

Foto: Derguen/Pixabay

Há muitos países que têm uma Árvore Nacional. Essa escolha é feita pela importância ambiental, económica e social que essa espécie representa para o país. Em Portugal, no final de 2011, o sobreiro (Quercus suber) foi reconhecido, por unanimidade da Assembleia da República a Árvore Nacional de Portugal. Esta classificação visa “contribuir para tornar mais visíveis alguns dos problemas associados à preservação desta espécie (…)”.

Sobreiro

O sobreiro é uma espécie nativa, perene da família das Fagaceae, a que também pertencem o castanheiro e os carvalhos. É uma árvore de médio porte, que pode atingir 20 m de altura, de copa ampla, irregular e densa. O tronco é revestido por uma casca acinzentada, espessa e fendida, conhecida como cortiça.

As folhas são persistentes, simples, coriáceas e ovadas. A página superior das folhas é verde-escura, lustrosa e desprovida de pelos e a página inferior é esbranquiçada pela densa presença de pelos. A margem é inteira, ou por vezes ligeiramente dentada e espinhosa.

As flores verde-amareladas e pequenas surgem entre fevereiro e maio e por vezes no outono, em amentilhos femininos e masculinos. Os amentilhos masculinos são finos e muito peludos, e encontram-se em grupos de 5 a 6, na extremidade dos ramos. As flores femininas são pouco visíveis, surgem geralmente isoladas na parte média dos ramos. 

Foto: Falco/Pixabay

O fruto é uma glande, usualmente designada como bolota. O fruto é oval, mais largo e peludo no ápice, de cor verde, que tende a evoluir para castanho-avermelhado quando atinge a maturação, no outono. É composto por uma cúpula em forma de dedal coberta de escamas imbricadas, ou seja, de ponta curva. Os primeiros frutos surgem na árvore a partir dos 15 a 20 anos de idade.

Árvore de plena luz

O sobreiro é nativo da Região Mediterrânica ocidental, ocorrendo de forma espontânea em Portugal, Espanha, França, Itália, Argélia, Tunísia e Marrocos. Em Portugal é frequente um pouco por todo o país, sendo mais predominante na Terra-Quente de Trás-os-Montes, na parte oeste do Alentejo, no Algarve e bacia do Tejo.

É uma árvore de luz plena, prefere solos soltos, leves e permeáveis, clima ameno e níveis médios de humidade atmosférica. Adapta-se, no entanto, a uma grande variedade de condições ecológicas, tolerando longos períodos de seca estival e de pluviosidade baixa. Suporta mal as geadas e os solos calcários.

O sobreiro pode encontra-se em povoamentos onde é dominante – montados de sobro ou sobreirais ou em bosques e matas, associado a outras espécies, como a azinheira e o carvalho cerquinho.

A madeira do sobreiro é dura e pesada sendo difícil de trabalhar, sendo utilizado para o fabrico de pequenas peças de mobiliário rústico, soalhos e ferramentas agrárias rudimentares. Também possui um elevado poder calorífico, sendo muito utilizada para lenha. Os frutos e as folhas servem de alimento para os animais.

Foto: Jean-Pol Grandmont/WikiCommons

Espécie protegida e maior produtor de cortiça

Devido à espessa casca que possui, o sobreiro é bastante resistente ao fogo, sendo um excelente isolador térmico e retardante da combustão. Estas singularidades permitem que recupere muito mais depressa do que outras espécies e tornam-no na única espécie da bacia do Mediterrâneo capaz de regenerar a partir da copa, após a passagem de um incêndio, mesmo que severo. É um precioso aliado contra os incêndios e um bom protetor dos solos.

É uma espécie explorada fundamentalmente pelo valor comercial da cortiça. A cortiça é um bom isolador térmico e acústico e é muito usada no fabrico de rolhas, revestimentos, calçado, palmilhas, cortiços para abelhas, vestuário, tapetes, etc. Os desperdícios são utilizados no fabrico de aglomerados, na indústria de linóleo e para serradura. 

O sobreiro é uma espécie protegida em Portugal. A sua proteção justifica-se largamente pela sua importância ambiental económica. O Decreto-Lei n.º  169/2001, de 25 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de Junho, estabelece as medidas de proteção desta espécie e da azinheira. Para proceder ao corte ou à poda de sobreiros e azinheiras é necessário uma autorização prévia pelo ICNF – Instituto da conservação da Natureza e das Florestas. A extração de cortiça também se rege por um conjunto de normas, estabelecidas na mesma regulamentação.

Foto: Krzysztof Golik/WikiCommons

A importância do sobreiro em Portugal é reconhecida desde o século XIII, altura em que surgiram as primeiras leis de proteção da espécie.

Segundo o último inventário Florestal Nacional, um terço da floresta nacional corresponde a montados de sobro (Quercus suber) e azinho (Quercus ilex), sendo a formação florestal com maior expressão no território. 

Um árvore histórica

A casca e a beleza do sobreiro dão origem à sua designação científica, uma vez que o nome genérico Quercus é o nome clássico, em Latim, dado ao Carvalho, uma planta sagrada para Júpiter e deriva do celta “Kaer-” e “-quer” que significa “Bela árvore” ou “A árvore por excelência”. O termo suber é o nome antigo, em Latim, do sobreiro e também é o nome dado à casca – cortiça.

É uma espécie com grande longevidade, podendo viver cerca de 250 a 300 anos, mas se descortiçado, raramente vai além dos 150 a 200 anos. 

O sobreiro mais antigo do mundo é o Assobiador, o emblemático sobreiro de Águas de Moura, no Alentejo, plantado em 1783. Este espécime tem mais de 14 metros de altura e 4,15 metros de perímetro de tronco. O Assobiador foi eleito, em 2018, no concurso “Tree of the Year”, a árvore mais bela de Portugal e da Europa. O Assobiador é também o sobreiro mais produtivo existente no mundo. Já foi descortiçado mais de vinte vezes, desde 1820. Em 1991, foram extraídos 1200 kg de cortiça, o que resultou em mais de cem mil rolhas, mais do que a produção total da maioria dos sobreiros em toda a sua vida.

O sobreiro é, como a bandeira ou o hino, um símbolo de Portugal. De cada vez que se cruzarem com um ou com os seus derivados, lembrem-se que não estão apenas perante uma árvore protegida, mas sim, um símbolo nacional.

Carine Azevedo

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