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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 2 de dezembro de 2018

TAMBÉM HÁ SANTOS NAS IGREJAS EVANGÉLICAS!

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Diogo Cassels
Se pensam que nas Igrejas Evangélicas – e até nas seitas, – não há santos, estão redondamente enganados.
Claro, que não aparecem nos altares, nem são canonizados; mas que são santos; ah!: isso são!
Havia – já lá vão muitos anos, – na 1ª República, em Vila Nova de Gaia (Portugal), um homem bom. Homem rico, que por muito amar os pobres ficou pobre, por amar muito a Deus.
Era pastor anglicano. Sabia ser justo viver do altar, mas preferiu ser o altar a viver do seu trabalho e da sua grande fortuna.
Seu nome era: Diogo Cassels; mas o povo, os operários, os carenciados, por muito lhe quererem, chamavam-no, carinhosamente: o Sr. Dioguinho.
Dioguinho, junto com as tarefas pastorais, mantinha: escola – para educar os meninos cristãmente; – e, a “ Sopa dos Pobres” – para alimentar os que tinham fome.
Portugal, naquele tempo, estava atulhado em terríveis dívidas. Havia desemprego generalizado, e os que trabalhavam, mal granjeavam para sustento dos filhos.
Como cristão, como sacerdote temente a Deus, sentia obrigação: de cuidar, de zelar, de amenizar, o sofrimento dos operários; e pobreza envergonhada – que sempre atinge a classe média, em anos de crise.
Todos os meses, o bom homem, ia de porta em porta, pelas casas inglesas – o Sr. Dioguinho era britânico, – e pedia…tornava a pedir… rogava, suplicando, contributo para a “ Sopa dos Pobres”; porque, o que possuía, da sua grande fortuna, já não bastava para acudir a tanta necessidade.
Certa ocasião, as casas de pasto, as mercearias, que lhe forneciam os alimentos, disseram-lhe, perentoriamente: “ Ou paga o que nos deve, ou nada mais haverá fiado! …”
Dioguinho levou as mãos à cabeça, desesperado. Aflito, atormentado, recorreu a amigos. Calcorreou as firmas de origem inglesa, da baixa portuense; bateu à porta da colónia inglesa, e arrecadou substancial quantia… Assim supunha.
Regressou radiante. Contou e recontou o dinheiro recebido. Fez contas e mais contas… Fez cálculos e mais cálculos… mas nada: faltavam cinco contos para saldar a divida aos fornecedores…
- “ Os necessitados ficarão sem a “ Sopa dos Pobres.” - Pensou.
Nervoso, mordendo os lábios ressequidos, procurou descortinar amigo, que lhe acudisse a tal aperto. Mas as diligências foram em vão.
Só Deus o poderia ajudar. Mas seria ele merecedor de tal auxílio? …
Dirigiu-se, estonteado, à capela; pelo caminho, encontrou a Bertinha – mocinha que lhe servia de secretária, – agarrou-a com ansiedade, pelo braço, e, numa súplica, disse-lhe:
- “ Peço-te, menina, um grande favor: Vem comigo à capela, orar a Deus, para que me acuda! …”
No dia seguinte, pela manhã. Manhã luminosa, cheia de Sol, chegou o carteiro. Entre a correspondência vinha uma…que incluía cheque no valor de cinco contos!
Junto, trazia bilhete: “ Sei que veio procurar-me, para acudir os seus pobres. Não estava; mas ai vai “isso”, para ajudar.”
Após o almoço o Sr. Dioguinho, agradecendo a Deus, dirigiu-se ao Banco de Londres, para receber o dinheiro.
Mal lhe entregaram os cinco mil escudos, o rosto desfigurou-se de contentamento. Cambaleou. Agarrou-se ao balcão…Escorregou… e caiu. Antes de morrer, ainda teve tempo de pronunciar:
- “ Graças a Deus! Os pobres não passaram fome! …”
Assim morreu o pastor, o santo, que tudo doou aos pobres. O sacerdote, que sendo rico, se tornou pobre, para que os pobres fossem menos pobres.
Também há santos nas Igrejas Evangélicas! …

Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".

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