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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

CIÁTICA: A CURA É DETRÁS DA ORELHA

Como estão os leitores da Página do Tio João?

Começo por dizer que no dia da edição deste jornal se comemora o Dia Internacional do Homem, 19 de Novembro. Há muitos anos que temos conhecimento do Dia Internacional da Mulher (8 de Março), mas desconhecíamos que os homens também tivessem o seu dia internacional.

Nos últimos dias as paisagens das nossas terras foram embelezadas com a brancura da neve que caíu na madrugada de quinta-feira. A chuva já pode aborrecer alguns, mas ainda não é demais para as necessidades. O frio tem-se feito sentir, muito devido ao vento e, por isso, os nossos tios têm-nos dito que “se não fosse o vento, nunca havia ruim tempo”.

A temporada da castanha já terminou para muitos, mas continuam à espera que os compradores “lhe venham por ela”. Outros há que já têm “as castanhas no bolso”, pois “é a melhor parte da apanha.” Depois de descansarem os quadris uns dias, muitos há que se preparam para a faina da azeitona que já começou em algumas localidades. Nunca é demais alertar os tractoristas de que os acidentes não acontecem só aos outros e tivemos, infelizmente, a prova disso nas últimas semanas, com a ocorrência de mais dois acidentes fatais com tractores.

Estiveram de parabéns a Ana Cristina Silva (23) e o Hugo Silva (19), de Vinhais, netos do tio Alcino e da tia Guilhermina; Leonel Pires (65), de Rio Frio (Bragança); Sandra Paulos (42), de Bragança e a nossa espanhola Afonsa (67), casada em Sacoias (Bragança).

Que o ministro dos parabéns, João André, lhes volte a cantar os parabéns para o ano.

Agora vamos conhecer melhor a cura detrás da orelha, da dor ciática.

Já há muitos anos que o tio Neves, de Vinhais, nos liga em directo para o programa. Num destes dias viemos a saber que além de taxista também tem o dom de “cortar a ciática.” Com o intuito de sabermos mais sobre esta actividade, deslocámo-nos a Vinhais para que nos contasse um pouco da sua história.

De seu nome Vitorino Neves, nasceu em 1940 em Quirás (Vinhais), onde viveu até à idade de ir para a tropa, ajudando o seu pai no estabelecimento comercial da família. Em Janeiro de 1961 assentou praça e em Julho do mesmo ano embarcou para Angola, onde fez uma comissão de 27 meses. Regressado a Portugal, não se fez cá velho e embarcou de seguida para Lourenço Marques (Moçambique), onde foi funcionário público e instrutor de condução.

Em 1974, depois do 25 de Abril, regressou a Portugal de férias. Como não se conformou por cá, no ano seguinte voltou com a sua esposa e filha para Lourenço Marques, onde esteve durante um ano mas, “como faltava de tudo, inclusivamente a comida”, regressou à sua aldeia, Quirás, altura em que comprou um carro de praça que foi o seu sustento durante trinta anos. Como nos disse, a prática de cortar a ciática “está na sua família há mais de 100 anos”, pois já o seu avô paterno tinha este dom, que transmitiu ao seu pai e este a ele próprio, quando já tinha 40 anos de idade.

A primeira vez que teve coragem para pôr em prática o que tinha aprendido do seu pai e avô foi há 40 anos, quando levou no seu táxi um casal de Candedo (Vinhais), às Astúrias (Espanha). O destino era uma pequena aldeia, onde trabalhavam muitos portugueses nas minas daquela região. Ao ver um, que andava com canadianas, perguntou-lhe se tinha tido algum acidente na mina. Respondeu-lhe que o seu mal era a dor ciática e que os médicos não lhe davam cura. De imediato lhe disse que se era ciática ele próprio o curaria, para grande admiração de todos os presentes. Como não tinha ali os utensílios de que necessitava para o efeito, disse ao mineiro que teria de vir à sua aldeia, Quirás, onde aí sim, tinha todas as condições para o fazer. De imediato o senhor pediu à sua esposa que preparasse as duas crianças que tinham e vieram os quatro de táxi com o tio Neves a Quirás. No fim da consulta já andava sem canadianas e quiseram ir para Mogadouro, de onde era natural, no táxi do tio Neves.

Mas afinal o que é a dor ciática? Segundo o tio Neves, a dor ciática “é um frio que nós apanhamos ao longo da nossa vida e que se acumula no tendão ciático”. Só há uma maneira de curar esta dor que é “fazer-lhe chegar calor para sacudir o frio desse tendão. Assim fica liberto e a dor desaparece para sempre.

O trabalho é feito atrás de uma orelha com as suas mãos, álcool, calor e utensílios próprios.” Ainda segundo o tio Neves “se a dor for recente a cura é mais rápida, se for uma dor mais antiga, demora mais tempo. Nos oito dias seguintes a pessoa não deve tomar banho nem andar com água.”

Hoje em dia é procurado por pessoas de todo o país e até da vizinha Espanha, devido à publicidade que lhe fazem através do “boca a boca.”

Desejamos que o tio Neves tenha muita saúde para poder continuar a ajudar mais pessoas durante muitos mais anos.


Tio João

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