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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
ESTE NÃO É UM CARNAVAL QUALQUER. AS TRADIÇÕES DOS CARETOS DE PODENCE, PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE
O Carnaval dos caretos de Podence faz parte do Património da Humanidade. A decisão foi tomada pelo Comité da UNESCO, reunido na Colômbia.
Os caretos de Podence têm mais uma razão para festejar. A manifestação cultural do Carnaval e das Festas de Inverno pelos caretos de Podence faz agora parte do Património Imaterial da Humanidade.
Patrícia Cordeiro, socióloga responsável pela candidatura, considera que este reconhecimento é, em primeiro lugar, uma forma de afirmar o empenhamento da comunidade de Podence, uma aldeia no concelho de Macedo de Cavaleiros, no Nordeste transmontano, de manter esta tradição.
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Careto com os fios de lã coloridos créditos: Who trips |
Esta é uma manifestação cultural que exigiu perseverança. Há cerca de meio século eram muito poucas as pessoas que se vestiam de caretos no carnaval.
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Casa dos Caretos em Podence créditos: Who Trips |
Segundo Patrícia Cordeiro, a inversão foi dada com um grupo de pessoas que criou uma associação de caretos. Ao longo do tempo, foi animando outras pessoas da terra e os emigrantes.
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créditos: Who Trips |
Hoje são, talvez, os maiores protagonistas porque Podence tem muito pouca gente. "Os emigrantes vêm todos os anos, vestem os fatos dos avós, tios, pais... e com todo o orgulho saem para a rua com os caretos. Eles estão já a fazer a passagem para os filhos e netos e dar continuidade a uma prática que os enche de orgulho", diz a socióloga.
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Patricia Cordeiro créditos: Who Trips |
Este sentimento de pertença levou também as mulheres a participar. Antes o grupo de cerca de vinte elementos era um exclusivo dos homens. Patrícia Cordeiro diz que também este envolvimento das mulheres nos rituais revela ser um processo interessante "porque gera um diálogo na própria comunidade sobre os que estão a favor e contra".
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Marafona, habitualmente um homem vestido de mulher créditos: Who Trips |
"Por outro lado, é um exemplo de como a tradição se foi adaptando à atualidade, mantendo o contexto familiar que sempre foi caraterístico dos caretos de Podence".
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créditos: Who trips |
O Entrudo em Podence não é um carnaval qualquer. Em primeiro lugar, é o carnaval chocalheiro. Independentemente do reconhecimento internacional no Nordeste transmontano, todos conhecem o grupo Caretos de Podence que percorre no domingo e na terça-feira de carnaval as ruas da aldeia.
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créditos: Who trips |
São endiabrados com as raparigas, com máscaras bizarras de madeira, zinco ou cabedal e com mantas de lã cobertas com franjas muito coloridas. Tudo numa grande e ruidosa chinfrineira provocada pelos chocalhos que estão presos nas ancas.
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Casa do Careto créditos: Who trips |
Diz Maria José Varela, da casa do Careto, que é hábito em Podence os rapazes e homens, novos e velhos, vestirem-se de caretos. “Enquanto podem com os chocalho toda a gente se veste. Depois brincam todos. É muito animado. O Entrudo aqui é bom”.
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Casa do Careto créditos: Who trips |
A aldeia não ultrapassa algumas centenas de habitantes, mas no carnaval Podence enche-se de gente. É uma tradição antiga que cada vez reúne mais visitantes "de todo o país e até do estrangeiro" sublinha ainda Patrícia Cordeiro que "é curioso como uma pequena aldeia transmontana consegue gerar esse impacto."
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Casa do Careto créditos: Who trips |
Nas palavras da socióloga, "é provável que a classificação como Património da Humanidade vá gerar maiores fluxos turísticos" mas, de certa forma, a comunidade local já se adaptou ao grande movimento de visitantes.
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Casa do Careto créditos: Who trips |
O impacto na região vai ser grande "e é também uma prova de que se deve olhar de forma diferente para o interior de Portugal, de forma positiva e investir mais porque vale a pena viver nestas regiões." Ainda no entender da socióloga responsável pela candidatura na Unesco, o desejável é que se consiga um ganho que vá para além do turismo, "que se gere um ciclo virtuoso que valorize os valores das comunidades rurais. Um modo de vida sustentável, ecológico, a gastronomia tradicional... Este será o último objetivo do reconhecimento de Podence: um impulso para a valorização cultural de toda a região."
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