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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 1 de março de 2020

DESCOBRIR UM PORTUGUÊS, EM PORTUGAL

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


Afazeres profissionais, levaram-me à cidade de Aveiro. Terra de moliceiros e ovos-moles.
Fui de comboio, que ia repleto de passageiros e malas. Levava comigo pequeno saco de viagem, com muda de roupa e objectos de higiene.
Diante de mim, senhora, já idosa, de cabelos aloirados, sentou-se junto da janela. Na mão trazia subscrito e papéis dobrados em quatro
Deu-me os bons dias, num português macarrónico, de timbre italiano. Rapidamente soube, que era de origem alemã, mas conhecia um pouco de italiano.
Para manter conversa, perguntou-me se era italiano ou espanhol, como lhe responde-se: que era português, mostrou expressão de espanto:
- Mesmo português?! …
- Sim: português do Porto. Nascido e criado nessa cidade…
- Não parece! … Há tão poucos! … – Disse-me, atónita, em italiano pouco inteligível.
Esse encontro e conversa comboiana, fez-me recordar: realmente é difícil ouvir falar português, na baixa portuense. Na Rua de Santa Catarina, o pouco português, que se pode escutar, quase sempre, tem sotaque carioca.
Certa ocasião, ao ler crónica, numa publicação lisboeta, o autor comentava que fora ao Bairro-Alto, e pensara, que ele é que era o turista; só ouvia palavras estrangeiras! …
Recomendava o cronista, que o Departamento de Turismo, colocasse nas ruas dos bairros típicos portugueses, para os turistas poderem escutar o linguarejar lisboeta…
O turismo é vantajoso, para o nosso País: traz-nos preciosas divisas. Mas, o excesso, incomoda…
Todos ficamos satisfeitos que nos venham visitar, e fiquem encantados com a hospitalidade (já no séc. XVIII, José Gorani, dizia: “ os portugueses eram gentis e hospitaleiros” - “Portugal”, Editorial Àtica, 1955)
É bom para o comércio e hotelaria. Os nossos preços, em regra, são baixos, comparados com os da Europa; portanto favorece o turismo. Além de criar emprego, na maioria temporário.
Mas, que os portugueses considerem-se estrangeiros, na sua própria terra, parece-me demais! …
A senhora, que viajou, comigo, para Aveiro, admirou-se que fosse português!
- “ É tão raro encontrar um, em certas ruas e certos restaurantes! …”
Serão poucos?; ou as pensões e os vencimentos, não permitem que frequentem certas ruas e certos restaurantes?

Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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