Já estamos no terceiro mês do ano 2020. Os dias são iguais às noites, por isso é que o povo diz que “em Março, tanto durmo como faço”. As nossas gentes já andam a tirar a ferrugem às canetas nos escritórios da terra. A tia Neves, de Nuzedo de Baixo (Vinhais), disse-nos que já tem “batatas a nascer e algumas fora da terra”, outros andam a revirar as terras para as preparar para as sementeiras. Alguns já podaram as vinhas em Fevereiro, pois como diz o adágio “quem poda em Março, vindima no regaço”. O tio Domingos Ferreira, de Genísio (Miranda do Douro), já anda a cavar os alhos e as favas e disse-nos que “a flor da fava é o melhor chá para fazer baixar a diabetes”.
Ao nível do tempo, temos isto molhado, pois “em Março chove cada dia o seu pedaço”.
A nossa ministra da saúde, a tia Maria da Perna Gorda, lá continua a sua missão de visitar os doentes da Família do Tio João que são hospitalizados em Macedo de Cavaleiros. Que continue nesta sua louvável missão, porque toda a gente gosta e fica contente com a sua visita.
Nestes últimos dias festejaram o seu aniversário a avó Ana da Silva (106), de Borbela (Vila Real); Luís Pires, o tio Modinhas (81), Eliseu Fidalgo (49) e Luís Miguel (16), os três de Paradinha de Outeiro (Bragança); Albertina dos Santos (62), de S. Jumil (Vinhais); Maria de Fátima (61), de Ousilhão (Vinhais); Isabel Alves (78) e sua filha, Cláudia Machado (47), de Estorãos (Valpaços); Terezinha do Menino Jesus (80), de Samil (Bragança); António Rodrigues, o tio António de Asturianos da Sanábria (85); Pedro Alexandre (47), de Serapicos (Valpaços); Maria Rosa Pires (57), de Salselas (Macedo de Cavaleiros); Ester Gonçalves (70), António Rocha (71) e Benjamim Hostettler (16), a viver na Suíça, todos de Parada (Bragança); Maria do Céu Fernandes (97), de Cabanas (Macedo de Cavaleiros); Manuel Camponês (44), de Pinhal do Douro (Carrazeda de Ansiães); Adélia Geraldes (79), de Grijó de Parada (Bragança); Paula Silva (52), filha do Tio Alcino, de Vinhais e Fernando Correia, de Bragança, que festejou pela vigésima vez o seu aniversário no dia 29 de Fevereiro,
completando 80 anos de vida. Muita saúde para todos.
Neste número vamos falar-vos um pouco da tradição secular de Quarta-Feira de Cinzas, da morte, do diabo e da censura, na cidade de Bragança.
As ruas da zona histórica de Bragança serviram de palco à recriação da tradição que saiu à rua mais um ano, do diabo, da morte e da censura, com os seus adereços simbólicos, gadanhas, tridentes e chicotes, com os quais castigam as raparigas.
A minha mãe recorda-se de, há cerca de 65 anos, ir às muralhas do castelo, na cidadela, onde nasceu e viveu durante alguns anos, desafiar e provocar o trio do mal com a expressão “tendes pópóri de vir aqui!”. Depois, ela e outras raparigas da sua idade, corriam como “desalmadas” a esconderem-se em casa. Mas, por vezes, essas personagens conseguiam entrar pelas janelas e davam-lhes com o chicote e a morte fazia-lhes beijar a gadanha. Legalmente estes actos eram proibidos e por isso estas figuras escondiam-se da polícia, pois no passado estes actos tinham proporções verdadeiramente aterradoras, deixando frequentemente as raparigas com marcas no corpo.
Neste trio, a morte simboliza o primeiro dia da Quaresma, lembrando-nos de que pode aparecer a qualquer momento. O diabo tem o papel de defender a morte e a função penitencial. A censura repreende as pessoas pelos actos menos dignos que tiverem praticado.
Tio João
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