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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Abutre-preto: grupo de pelo menos oito indivíduos desta espécie "Criticamente em Perigo" registado no PNDI onde só há dois casais reprodutores

Um grupo de pelo menos oito abutres-pretos (Aegypius monachus) subadultos/adultos foi registado pela Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, através de câmara de fotoarmadilhagem, no dia 7 de maio de 2020. É o maior número de indivíduos desta espécie ameaçada até agora observado num campo de alimentação para aves necrófagas (CAAN) gerido pela organização num único dia. O abutre-preto tem um estatuto de ameaça "Criticamente em Perigo" de extinção, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, e só há três núcleos reprodutores da espécie no país.
Abutres-pretos. Fotografia Palombar.
O registo foi realizado num CAAN gerido pela Palombar no concelho de Mogadouro no âmbito do projeto “LIFE Rupis – Conservação do Britango (Neophron percnopterus) e da Águia-perdigueira (Aquila fasciata) no vale do rio Douro” (www.rupis.pt), em território do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), onde, até ao momento, estão identificados apenas dois casais nidificantes desta espécie.

O número de abutres-pretos que frequentaram esse CAAN no dia 7 de maio pode, no entanto, ter sido superior, visto que há várias imagens com um número variado de indivíduos da espécie em que não é possível confirmar, nalgumas, se os indivíduos se repetem ou se são novos. Os exemplares registados estiveram cerca de duas horas a alimentar-se e a descansar no CAAN.
Abutres-pretos. Fotografia Palombar.
O abutre-preto extinguiu-se como nidificante em Portugal no início da década de 70. No entanto, a espécie manteve-se presente na faixa fronteiriça das regiões centro e sul, com indivíduos provenientes de Espanha. Só em 2010 o abutre-preto voltou a nidificar em Portugal, no Parque Natural do Tejo Internacional. Em 2012, registou-se o primeiro casal nidificante no PNDI e, em 2019, o segundo. No território nacional, há, atualmente, apenas três núcleos reprodutores de abutre-preto: um no PNDI, um no Alentejo e um no Tejo Internacional, onde se encontra a maior colónia.

A presença de abutres-pretos é frequente nos CAAN e, ao longo dos últimos anos, foram registadas pela Palombar sessões de alimentação com cinco a sete indivíduos a alimentarem-se ao mesmo tempo e, agora, foi atingido um novo recorde. Apesar de não ser possível saber a proveniência dos exemplares registados, esse aumento observado no número de efetivos da espécie representa uma esperança de que possa nascer uma nova colónia no PNDI a longo prazo.

Os CAAN têm provado ser uma ferramenta fundamental para a conservação de espécies estritamente e/ou parcialmente necrófagas ameaçadas não só na Península Ibérica, como também na Europa, como é exemplo o abutre-preto, a águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) e a águia-real (Aquila chrysaetos).

As principais ameaças à conservação do abutre-preto são a mortalidade por envenenamento ou por colisão ou eletrocussão, o abate ilegal, a redução da disponibilidade de alimento, a degradação do habitat de alimentação e de nidificação e a perturbação humana.

Abutre-preto: o gigante planador que domina o céu

O abutre-preto é a maior rapina da Europa, podendo ter uma envergadura de asa de quase três metros. Mesmo à distância, o seu tamanho é notório. Apresenta uma plumagem muito escura e as suas asas são longas e largas, com “dedos” compridos. Em voo, a cabeça e a cauda apresentam-se curtas. A cor das patas é geralmente cinzento-claro. Plana no céu em círculos e desliza com as asas muitas vezes com as partes exteriores arqueadas para baixo.

O habitat preferencial do abutre-preto são regiões remotas de difícil acesso e pouco humanizadas. Normalmente vive em locais com extensas manchas florestais ou matagais arborizados.

Esta ave é quase exclusivamente necrófaga. Alimenta-se principalmente de carcaças de médio e grande porte, tanto de ungulados silvestres, como de gado doméstico (ovelhas, cabras e vacas). O abutre-preto pratica, com o grifo, um sistema cooperativo de procura de alimento, sendo frequente ver estas duas espécies a alimentarem-se juntas. O abutre-preto encontra-se associado às zonas de aproveitamento silvo-pastoril, onde ocorre a criação extensiva de gado bovino e ovino. Os abutres aproveitam as correntes de ar térmicas para voarem a grande altitude para procurar alimento.

O abutre-preto nidifica quase exclusivamente em árvores e raramente em penhascos e, como a maioria dos outros abutres, é monogâmico. Normalmente, é no topo de árvores que faz o seu ninho. Para nidificar, procura terrenos mais afastados e tranquilos, preferindo matagais arborizados, muitas vezes em áreas montanhosas ou em vales de rios. De uma forma geral, esta espécie reutiliza os seus ninhos de ano para ano.

A relação entre os membros do casal é de longa duração, podendo mesmo ser para toda a vida. Ambos os progenitores cuidam e alimentam a cria. Põe apenas um ovo por época reprodutiva. Durante o período reprodutor, o abutre-preto desloca-se normalmente numa área até cerca de 80km em redor do local de nidificação.


Os casais normalmente passam as noites nos ninhos, mesmo fora da época de reprodução. Têm ainda o hábito de pernoitar em rochas ou em árvores próximas do local onde se estiveram a alimentar, para continuar a refeição na manhã seguinte.

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