Era não era,
Andava na serra
Com um boi de palha
E outro de merda.
Quando nisto,
Tristes novas me vieram.
Meu pai era morto,
Minha mãe por nascer!
Eu pus-me a pensar
Que no meu parecer
Isto não podia ser.
Agarrei nos bois às costas
E pus o arado a comer.
Depois, mais abaixo,
Ao passar um ribeiro,
Enrodilhei a aguilhada à cinta
E encostei-me ao tamoeiro.
Depois, mais abaixo,
Ao passar um regato,
Se não fosse um cão,
Mordia-me um cajato
Eu vi um homem a fugir
I Sentei-me para o agarrar
Peguei nos bois às costas,
Deitei o arado a pastar.
Tenho uma jaqueta nova,
Feita de mil modelos.
Não tem mangas, nem costas;
Está rota nos cotovelos.
Encontrei-me com dois fidalgos,
Fiz-lhe logo continência.
Pedi-lhe a cada um seu cigarro.
A mim fez-me boa diferença!
Pergunta requer pergunta.
Porventura me dirá:
- Qual o nome de um homem
Com a terminação em a?
RECOLHA (1985) de Artur dos Santos Madureira, Alfaião – Bragança.
FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Na edição de 1985: ilustrações de José Amaro
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA
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