sábado, 18 de julho de 2020

… quase poema… ou dos enganos

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)


O vaso abandonado recebeu amorosamente as sementes de girassol que por acaso caíram do comedouro das caturras. Os girassóis nasceram por milagre da terra e do sol.
No mesmo vaso enterrei um caroço, só para me livrar do que restava depois de comer uma doce manga, vinda das terras longínquas do sol ardente. Veio o verão e com este calor o caroço da manga enganou-se no tempo e no local… não resistiu à pressa de nascer e à saudade da sua terra cheia de sol e de calor… e aqui temos uma jovem mangueira… nascida nas terras bravas e frias do nordeste transmontano.
És eternamente responsável por aquilo que cativas, diz o nosso Antoine de Saint-Exupéry. Por isso, no longo inverno que se adivinha, já tenho mais uma tarefa: cuidar da jovem mangueira que se enganou no tempo e no lugar
… é assim a vida!


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 

Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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