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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Investigadores e ambientalistas defendem que não se façam novas barragens

O Douro português é o último reduto de biodiversidade da maior bacia hidrográfica ibérica, afirma-se num estudo hoje divulgado, em que se pede que não haja novas barragens e se desmantele o que está a mais nas existentes.
Centrando-se no Douro, o consórcio Rede Douro Vivo de investigadores de várias universidades, em conjunto com associações ambientalistas, extrapola as consequências das barragens para os outros rios: "custos severos" na função dos cursos de água, desde a redução da areia nas praias à extinção de espécies.

Numa área total de 97,4 mil quilómetros quadrados, 18,5 mil dos quais do lado da fronteira portuguesa, a redução dos caudais por causa da retenção nas barragens impede o rio de transportar sedimentos até ao mar, aumentando a erosão da costa, e reduz a quantidade de nutrientes para as espécies que dependem dele, o que já levou à extinção de espécies como o esturjão do Douro.

Só do lado português, há 57 grandes barragens no Douro e seus afluentes, indicam os investigadores, que apontam as consequências negativas das barragens também na atividade económica dos cerca de 1,9 milhões de pessoas que habitam na bacia do rio, a maior parte concentradas na Área Metropolitana do Porto, onde este desagua, 957 quilómetros depois da nascente, na serra de Urbion.

Ao longo da bacia, a maior parte da água retida em barragens serve para produção de eletricidade, mas também para rega e abastecimento urbano e industrial.

A montante da área metropolitana há "uma vasta área interior de povoamento escasso e em declínio", mas que "depende ainda mais das águas do Douro" para rega, dar de beber ao gado, abastecimento, pesca, lazer e turismo, tudo setores que têm sido "profundamente afetados pela fragmentação dos rios da bacia do Douro".

Mesmo assim, "os melhores habitats para a biodiversidade no Douro estão agora concentrados quase exclusivamente em Portugal", salienta-se no estudo, em que se aponta, sobretudo, os rios Tua, Arda, Coa e Paiva, onde existem "oásis de biodiversidade que resistem à perturbação humana".

Os investigadores consideram "urgente a criação de reservas naturais fluviais com estatuto jurídico de proteção permanente".

Aos políticos, pede-se que não financiem a construção de novas barragens e apoiem alternativas para a produção de eletricidade a partir de fontes eólicas e solares.

Quem poluir deve pagar, defendem também os ambientalistas, que consideram que "as empresas e os indivíduos devem ser responsáveis pelos danos ambientais que causarem" e pelas medidas de prevenção e reparação.

No que toca às empresas agrícolas, devem "reduzir drasticamente" o uso de fitofármacos e adubos, um esforço para não poluir semelhante ao que acontece para as águas residuais urbanas.

Os "elevados custos ambientais são razão suficiente para evitar a construção de novas barragens sempre que houver alternativas disponíveis", apontam, defendendo que "barreiras obsoletas" ou lesivas para o ambiente sejam retiradas.

Com menos água, menos capacidade os rios têm para se purificar, refere-se ainda no estudo, em que se reconhece que as medidas de proteção definidas em planos de ordenamento regional, municipal, de albufeiras e áreas protegidas tem "eficácia e alcance" insuficientes, acabando por não se conseguir manter "a qualidade e quantidade de água que deve fluir regularmente num rio para que este mantenha os ecossistemas e os níveis de bem-estar humano que dele dependem".

Quanto às empresas concessionárias das barragens, defende-se que devem "garantir e divulgar pública e atempadamente os caudais ecológicos diários".

Defendem ainda que a gestão dos rios ibéricos seja "verdadeiramente partilhada" por Portugal e Espanha, "sem novas barragens e onde todas as barreiras obsoletas sejam sujeitas a um plano de remoção e renaturalização dos rios".

Na rede Douro Vivo, que investigou o rio entre 2017 e 2020, participaram as associações ambientalistas ANP/WWF, GEOTA e investigadores das universidades do Porto, Coimbra, Nova de Lisboa e Trás-os-Montes e Alto Douro, Instituto Politécnico de Bragança, bem como outras instituições.

APN // ZO
Lusa/fim

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