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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Trabalho solitário, antes e depois da pandemia. Uma costureira em tempos de crise

Trabalho solitário, antes e depois da pandemia. Uma costureira em tempos de crise

Depois de uns ensinamentos como modista e costureira em Lisboa, regressou a Bragança para cumprir a profissão que a preenche. Ester Torrão tem um espaço próprio onde a maior parte do trabalho se centra em fazer peças por medida. A Covid-19 e o confinamento não afetaram em nada a costureira que gosta de trabalhar sozinha e de satisfazer as suas clientes com peças únicas.

Nasceu na pequena aldeia da Matela no concelho de Vimioso. Os estudos não combinavam com ela e depois do chumbo no oitavo, rumou a Lisboa para casa duma tia. " Ela era modista. Fui para lá com a intenção de estudar, de noite e aprender a costura, de dia. Foi o que aconteceu. A prioridade foi a costura, não naquele momento mas passados quatro ou cinco anos dei por mim a perceber que era isto que queria fazer".

E faz, há 22 anos. Nos últimos anos num pequeno atelier das galerias Tuela em Bragança. Lá estão uma máquina de costura, muitos panos, revistas de moda, zona de provas, as agulhas e alfinetes, a obrigatória tesoura e os malfadados dedais. "Estão sempre comigo mas nunca os encontros. Dou voltas à cabeça quando quero um dedal e só o encontro passado oito dias. Há sempre aqui meia dúzia de dedais à mão para eu não perder a cabeça".

Ester Torrão encontra-se melhor com as muitas clientes. O que mais gosta é de fazer peças únicas, por medida. "Sinto-me muito bem neste papel, gosto do que faço, gosto de ver o resultado final. Quando a cliente chega, conjugamos a minha experiência com a ideia que trás e avançamos. Às vezes, a peça, dá uma volta de 180 graus".

A quarentena foi um corte no dia-a-dia de trabalho e uma saudável costura nas peças que há anos andava para fazer. "Telefonavam-me para casa para perceber se estava a trabalhar. Acabaram por tirar partido da quarentena para me pedir coisas que queriam fazer, há anos e eu nunca tinha tempo por causa do volume de trabalho no verão, com os vestidos de noiva, batizados, cerimónias, acabava sempre por deixar o dia-a-dia para trás".

A dona Ester tem uma réstia de esperança que a neta lhe siga os passos. Já os filhos, nem por isso. "Nada! A minha filha não sabe coser um botão (risos), o Pedro, às vezes metia-se na máquina mas desistiu. Agora temos uma neta. Pode ser que a Maria Clara, um dia, venha a seguir os passos da avó".

Mesmo assim diz que a profissão é de presente e de futuro para quem a quiser agarrar. "Porque é ma profissão onde nunca há desemprego. É preciso ter jeito e o gostar também ajuda, como em qualquer outra profissão. E temos que nos cobrir, não é? No inverno, no verão não vale a pena (risos), e por isso dá sempre um emprego garantido".

Afonso de Sousa

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