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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

...depois dos meus 13 anos…

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


Hoje vou escrever algo que já tem que ver com uma outra perceção, que eu passei a ter quando após os meus treze anos deixei de ter sobre mim o controlo de minha mãe que passou a ter mais confiança na minha conduta que, não sendo rebelde, era no entanto bastante dada a alguma melancolia. Convém dizer que a adolescência que me foi dado viver foi balizada por conceitos de moral e solidariedade bastante concretos, pois o meio ambiente era a tal propício.
Como comecei a trabalhar ainda não havia completado 11anos é elementar que não tinha muita liberdade de ir para aqui ou ali, pois havia que cumprir com a obrigação diária de entregar a pastelaria, missão que me foi destinada como primeira responsabilidade seguida de outra não menos importante que consistia em limpar tabuleiros e formas, bem assim como forrá-las e preparar uma série de outros afazeres menores. Enquanto eu fazia este serviço e cumpria com a minha obrigação outros meus condiscípulos que não foram como eu trabalhar gastavam o seu tempo nos bancos da Escola Comercial ou no Liceu Nacional. Apreendiam a vida de maneira diversa da minha e constatei que muitos deles não aproveitaram a prenda que lhe ofereceram e não progrediram suficientemente guardando as lições que os fariam mais capazes.
As profissões eram nesse tempo o esteio sobre o qual assentava a educação dos futuros homens. Munidos de capacidade para ler e interpretar e capazes de fazerem uma operação aritmética sem hesitação éramos lançados no mundo do trabalho sem outras armas.
Felizmente que a formação ministrada pelas professoras (es) era de elevada qualidade e basicamente todos saíamos da Escola com entendimento suficiente para analisar o concreto e o abstrato.
Fomos dos primeiros a progredir em termos de profissão e cultura. O binómio conhecimento e teoria foi por nós assimilado e posto a uso de forma simples e proveitosa.
Já disse noutras crónicas que a Fundação Gulbenkian foi uma ajuda essencial na ilustração dos indivíduos da minha geração, que não tiveram a possibilidade de frequentarem a Escola Clássica no tempo devido e próprio para semear a seara da Cultura e que serviu de Escola que nos transmitiu o saber de experiência feito.
Houve sempre uma linha divisória mesmo que impercetível que separa os de formação académica e os auto-didatas. Pelo menos no âmbito formal das possibilidades de emprego limpo ou menos limpo é evidente que os que têm Escola são selecionados para ocuparem lugares de chefia nas muitas vertentes dos Serviços do Estado.
Mas eu deparo-me com situações de falta de competência que são evidentes nos Serviços Camarários e do Governo Central que denunciam que a competência das chefias deixa muito a desejar!
Tomemos como exemplo a forma como é cuidado o património público. A construção de edifícios, ruas, praças ou jardins, lugares de reunião e colocação de mobiliário público, custa muitíssimo ao erário público. É elementar que deve ser conservado. Mas infelizmente não é o que vemos em Bragança.
Ora isto leva-me a pensar que as chefias dos Serviços não são competentes. Dou como exemplo o Parque de Estacionamento na Praça Camões. Continua a pingar abundantemente, está escuro, com falta de luz e o Elevador continua avariado. A zona ajardinada e todo o espaço e edifícios do "Polis " estão num estado deplorável, dada a vandalização a que está exposta e que os responsáveis teimam em não ver. Como exemplo flagrante menciono, a parte elétrica e as próprias luminárias estão todas destruídas, os edifícios onde está instalado o Moinho encontra-se vandalizado coberto de escritos absurdos e sujo como não deveria estar.
A limpeza dos arruamentos é lastimável e é evidente que está fora das preocupações dos Serviços que a tutelam.
Do Rio nem é bom falar e é incompreensível que se tente limpá-lo sem recorrer a métodos mais complexos. É um problema mas eu já atrás falei na Aritmética.
Para fechar quero dizer que deve ser caso único no país a forma como se tenta reparar o piso de madeira que se vai deteriorando com o tempo, chuva, sol e ação do homem. Foram substituídas algumas travessas no passadiço junto ao rio, um pouco à frente do moinho. Nenhuma é sequer semelhante às originais e tem uma travessa que, pasme-se, é muito mais fina e é BRANCA. É de uma falta de gosto que só nós toleramos. Faz rir de caricato. Eu pergunto, se não têm capacidade para manterem a fábrica da Cidade sem cairmos no ridículo porque não fecham os locais à fruição pública? Basta fazerem como fizeram às papeleiras que foram cobertas por sacos pretos do lixo e que nunca mais foram assistidas, encontrando-se todas com os sacos rasgados e com lixo que os peões lá vão colocando.
É em pormenores como os antes descritos que se pode analisar o grau cívico da população e a sensibilidade das Autoridades que tutelam o bom funcionamento dos locais públicos.
Conclui-se que é bom que se fale de progresso e boa gestão, mas que o discurso seja condizente com a ação no terreno.
Quando esta semana vi o anúncio da intenção de começar as obras na Quinta da Braguinha fiquei apreensivo com a quase certeza de aquilo vir a ter o mesmo destino que tem o Polis. Tudo isto para quê? Apenas para dizer que no tempo da minha criação a gestão da Câmara era feita por gente que tinha uma profissão, que sabia raciocinar e que com os poucos recursos que tinha nos apresentava uma cidade mais cuidada, menos negligenciada e mais amada.
O seu Presidente não era Doutor os vereadores eram gente dinâmica e os funcionários tinham quem os dirigisse sendo para eles uma honra o cumprimento do dever que a todos era exigido.
Fico-me por aqui embora haja muitíssimas deficiências a apontar. Seria presunção da minha parte alongar-me nos reparos, pois também os outros cidadãos terão visto e deplorado outras situações dignas de atenção.
Faço votos que os responsáveis façam o que a obrigação lhes exige e apelo para que a limpeza e a reparação de edifícios e lugares sejam elevados ao nível que é exigido nos tempos atuais que são mais favoráveis à crítica construtiva da população em geral e não só pelas elites que ganham bem e fazem pouco!

P.S. Fica por dizer que nada nos move contra individualidade alguma. É uma chamada de atenção a quem de direito, para que seja mais agradável viver aqui. Se andam a chamar gente para fazerem turismo cá dentro e lhes apresentamos o que é facilmente constatável, podemos limpar as mãos à parede. Todos nós, responsáveis e público em geral!





Bragança 25/07/2020
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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