quarta-feira, 29 de julho de 2020

Autarcas do Planalto Mirandês indignados com a anunciada redução de caixas multibanco

Autarcas de Mogadouro e Miranda do Douro mostram-se "indignados" com a anunciada redução das caixas multibanco naqueles municípios. 16 serviços multibanco "não cumprem requisitos do BdP".
Os autarcas de Mogadouro e Miranda do Douro mostram-se esta terça-feira “indignados” com a anunciada redução das caixas multibanco naqueles municípios, por entenderem que a possível redução destes serviços pode prejudicar um território que apresenta já estas debilidades.

Vamos encetar diligências junto do Banco de Portugal (BdP), para perceber o que podemos fazer nesta matéria em que já há que debilidades”, indicou o presidente da Câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, destacando que no concelho ficam seis das 24 freguesias do país que serão mais afetadas com a redução dos pontos de acesso a numerário, ficando a mais de 15 quilómetros da caixa multibanco mais próxima.

Na passada semana, o BdP avançou que a possível redução do número de caixas automáticos e de agências bancárias pode ser “crítica” para 24 freguesias de Portugal, localizadas sobretudo no distrito de Bragança.

Para o presidente da Câmara de Mogadouro, o autarca disse que o Banco de Portugal tem de deixar claro que as instituições bancárias instaladas no território do Planalto Mirandês, no distrito de Bragança, não encerram balcões ou serviços.

No distrito, segundo o autarca, há 16 serviços multibanco “que não cumprem os requisitos estipulados pelo BdP, situados nos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vinhais”.

Também o presidente câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, colocou em causa a encerramento das caixas multibanco.

Há cada vez mais uma tentação para olhar para os grandes centros urbanos, mas claramente tem de existir uma diferenciação positiva para as pessoas que escolheram viver no interior, que escolheram viver em Miranda do Douro”, vincou o também presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os- Montes.

O autarca garante que estes serviços não pedem encerrar e que, a acontecer, tal situação pode impedir os cidadãos de terem acesso a dinheiro ou a fazer outras operações interbancárias por não haver sequer uma caixa multibanco.

As instituições bancárias não podem olhar para todo o país da mesma forma”, frisou.

Após a divulgação dos dados pelo BdC, a Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes, que representa nove dos 12 municípios do distrito de Bragança, mostrou-se “apreensiva” com a realidade atual da região e a possível redução da rede caixas multibanco naquele que é o distrito de Portugal onde estes serviços estão mais distantes da população.

A CIM apelou, num comunicado, para que qualquer decisão que venha a ser tomada relativamente à reestruturação da rede “tenha em conta a realidade local e as características da população contribuindo assim para a coesão territorial”.

O primeiro motivo dos autarcas é a conclusão do estudo publicado pelo Banco de Portugal que avalia a cobertura da rede de caixas automáticas e balcões de instituições de crédito.

Este estudo “põe a nu algumas das debilidades da região nesta matéria e demonstra que o distrito de Bragança é o que, a nível nacional, apresenta uma maior distância absoluta em relação a uma caixa automática ou agência”.

A Comunidade Intermunicipal aponta que “mais de 50% das freguesias” deste território poderão vir a ser afetadas com a “contração da rede”.

Nesse sentido, a CIM transmontana defende que “é necessário estruturar, desde já, uma resposta que permita salvaguardar o acesso da população a notas e moedas, dado que o numerário continua a ser o instrumento de pagamento mais utilizado em Portugal e o instrumento mais utilizado por segmentos mais vulneráveis da população”.


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