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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Algumas coisas que me fazem confusão

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Quando hoje passo na Ponte Nova, sinto um misto de conformação e um outro de raiva! O conformismo é assim como o que se sente quando chove e não é para nós conveniente, mas também não é coisa que nos desanime. A raiva, por sua vez, é diferente e custa muito a tirar fora pois que a incapacidade de repormos as coisas onde as conhecemos causa um sentimento de impotência e a injustiça das acções delapidantes do património de todos, executado por alguns, não sabemos bem porquê, transforma-se numa tomada de consciência da falta de informação dispensada ao público por quem foi empossado para gerir a coisa pública com honra e probidade.
Vem isto a propósito do tempo decorrido desde o dia em que a Câmara tomou conhecimento do derrube da Casa dos Cantoneiros até hoje. Não foi dada qualquer satisfação ao povo em que ponto está a questão, se é que houve da parte da Câmara alguma acção junto dos Tribunais para dirimir esta questão. Não sabemos e parece-nos que nunca o saberemos, pois quanto mais tempo passar menos as pessoas se interessarão pelo assunto e consequentemente tudo ficará em águas de bacalhau.
Poderíamos enumerar outros casos em que a delapidação do património com algum valor artístico é suprimido para satisfazer interesses menos claros que o público nunca chega a perceber porque a vontade de uma certa minoria, com poder, consegue levar sempre a água ao seu moinho e os outros se limitam a assobiar para o lado fazendo de conta que o assunto não lhes diz respeito.
Eu sei que as dificuldades de fazer com que os tribunais sejam mais céleres é uma realidade que obsta a que haja mais justiça e que o povo consiga tomar nota no decorrer do tempo que medeia entre as acções propostas à justiça e o desfecho final que quási sempre é favorável à parte mais forte financeiramente.
Temos consciência que nem todos os que gerem a coisa pública são de carácter desinteressado da dita cuja e se preocupam com o sentir do povo que sofre toda a espécie de injustiças e prepotência da parte de quem jurou servir a causa pública e que propagandeia tal intenção, mas que não faz nada por que tal seja efectivamente o que acontece. Há facilidades concedidas a alguns e obstáculos quase inultrapassáveis colocados a outros e não me parece que seja de fecharmos os olhos ao que é injusto que aconteça e que por comodismo não se denuncia.
Não tenho competência para analisar certas obras e atitudes que foram, ou estão a ser executadas , mas parece-nos fácil apontarmos como mal tomadas, decisões que foram e são contestáveis já que o proveito delas retirado foi nulo e o prejuízo é visível e palpável. Refiro-me ao fechar ao trânsito a Rua Alexandre Herculano e à forma como concluíram a Praça da Sé e o que ficou feito na Praça Camões e em frente à Igreja de S. Vicente e não devemos abstrairmo-nos do resultado final da intervenção no Rio Fervença que cremos ser possível, melhorar.
O que foi construído tem defeitos visíveis e é verdade que a conservação e limpeza deixam muito a desejar num espaço que era suposto servir de parque da Cidade e não consegue atrair um mínimo de gente que ocupe o espaço criado. Tem um WC para cães, mas não tem um para as pessoas. Está devidamente assinalado, mas como os cães não sabem ler e os donos não conseguem convencê-los a aprenderem, defecam onde lhes apetece e os donos passam à frente e quem vier depois que se desvie.
Temos plena consciência de que criticar é fácil e que há também muita obra concluída que merece o nosso aplauso. Mas os prejuízos causados pelos que atrás mencionamos originaram prejuízos à população que foram letais para o tecido comercial da cidade e fizeram afastar a gente que não se revê em tais mudanças. Nem sequer foi acautelado o acesso à Praça Camões, pois é pela Praça da Sé que entram os camiões que transportam todas as infraestruturas que usam para construírem as pistas de gelo e toda a parafernália de outras construções usadas para as exposições ali realizadas. É só ver o Estado da entrada na Praça da Sé cujas pedras estão completamente partidas já que o peso das viaturas não dá descanso às ditas que são frágeis em demasia para tal serviço.
Estará por fazer a contabilidade do resultado financeiro destes eventos que ninguém sabe se servem o público se as empresas que alugam as infraestruturas e que põem e tiram num processo que é passível  de análise entre o que será útil aos cidadãos e o que é pura perda de tempo e energia.
Este escrito, embora crítico de certas decisões passadas e outras actuais, não pretende servir de arma de arremesso contra quem foi democraticamente eleito e é legítimo representante de quem o elegeu. É sim a minha opinião que penso será a de milhares de brigantinos que acham que as infraestruturas não foram devidamente pensadas e que o efeito foi devastador para a cidade. Se tivermos a humildade de o reconhecer abrir-se-á a porta à tentativa de salvar parte do que foi mal feito e pode ser emendado. É preciso que se pense em fazer obra que sirva a cidade e satisfaça os seus moradores.
(Não há mal que sempre dure nem bem que se não acabe) “dito popular”.



Gaia, 19/05/2022
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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