terça-feira, 12 de julho de 2022

PRESIDENTE DA CAP DEFENDE IMPLEMENTAÇÃO DE PLANO DE REGADIO IDEALIZADO POR CAMILO DE MENDONÇA "AJUSTADO À REALIDADE ATUAL" PARA ENFRENTAR O PROBLEMA DA SECA NA REGIÃO

 EDUARDO OLIVEIRA E SOUSA DESAFIOU, ONTEM, EM MIRANDELA,
OS DEPUTADOS DA REGIÃO, OS AUTARCAS E AS ASSOCIAÇÕES DE AGRICULTURA, PARA SE UNIREM EM TORNO DAS REIVINDICAÇÕES DE MAIS APOIO DO GOVERNO PARA A AGRICULTURA NESTA REGIÃO.

Aproveitar o plano de regadio elaborado por Camilo de Mendonça, na década de 1960, que previa a construção de dezenas de pequenas barragens no Nordeste Transmontano e adaptá-lo à realidade atual, foi uma das medidas defendidas, ontem, em Mirandela, pelo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal para enfrentar o problema da seca. 

Na reunião do Conselho Consultivo Regional de Trás-os-Montes da CAP para analisar a situação atual da agricultura, Eduardo Oliveira e Sousa entende que a ideia pensada pelo engenheiro agrónomo e político responsável pela criação do Complexo Agro-Industrial do Cachão continua a ser uma boa solução para colocar os recursos hídricos à disposição da agricultura e resolver de vez com os constantes problemas da seca que têm vindo a definhar o setor na região. 

O líder da CAP lembrou que das dezenas de pequenas barragens, “só foram construídas quatro ou cinco, pelo que se aquele plano existiu, saiu do papel, ganhou forma, fixou pessoas, criou riqueza na região porque não olhar para ele”, disse.

Para além de defender a implementação da construção de pequenas barragens, o presidente da CAP entende que outra medida contra a seca passa “pelas barragens destinadas exclusivamente à produção de energia elétrica que possam, no futuro, vir a ter uma função mista de produzir energia, de promover o turismo e de promover a economia. É a isto que se chama planos integrados”, acrescentou.

Eduardo Oliveira e Sousa diz ainda ser necessária uma aposta forte no investimento nas infraestruturas digitais. “É preciso avançar com o 5G para que a Internet com muita qualidade possa atrair pessoas para desenvolver atividades económicas na região, a começar pela agricultura, já que toda a gente ouve falar em agricultura de precisão, mas não é possível ser feita se não tivermos 5G, se não tivermos Internet de qualidade em todos os locais”, sublinhou.

O Presidente da CAP revela que os agricultores da região estão revoltados com o que classificam de inércia do Governo para avançar com medidas para mitigar os graves problemas que têm enfrentado. Primeiro com o aumento exponencial dos fatores de produção como consequência da guerra na Ucrânia e mais recentemente a seca. “A Ministra da Agricultura prometeu ajudas que seriam pagas em maio, depois em junho e depois até 

à semana passada e que apenas hoje e amanhã serão pagas, mas que são insuficientes face ao período de seca vivido e prometidos no início do ano, pelo que os agricultores estão indignados porque alguns já falharam compromissos assumidos”, revelou.

Mas, Eduardo Oliveira e Sousa deixa o aviso de que estas reivindicações têm de chegar ao Governo de forma concertada e a uma só voz. “Tem de haver uma envolvência dos políticos que representam a região, ao nível do parlamento, ao nível local, presidentes de câmara, de juntas de freguesia, associações de agricultores e os seus dirigentes têm que se juntar, porque havia um ditado, principalmente antes de haver o túnel, é que para lá do Marão mandam os que lá estão. Ora, se assim é, juntem-se e exijam do Governo medidas que ajudem este território a tirar mais riqueza das atividades que vão morrer se isso não acontecer”, avisou.

Para já, a CAP promete continuar a denunciar os problemas estruturais que o país tem, em concreto na região transmontana que tem ainda recursos hídricos que podem ser colocados ao serviço da agricultura para minimizar os efeitos das secas que têm tendência a agravar-se nos próximos anos.

Artigo escrito por Fernando Pires
(jornalista)

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