Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")
Numa discreta confiança,
Vem o alívio, chega o escuro,
Lençóis brancos, linho puro
Num futuro inseguro.
duvidosa confiança!
Tal como ventres fecundos,
que se dão, e que se vão,
Que se abrem, e se rasgam
Numa imensa ingratidão!
Também os montes vão parindo,
Fagulhas e cinzas saindo
Arrastadas e inseguras,
numa falsa sensação.
Rolam pelas cidades,
Arrastando amarguras
E o terror na multidão!
Nas distâncias solitárias,
Em ócio brando e doce
ainda correm fios de água,
Saltitando nos ribeiros
Como asas voadoras,
a poisar em medronheiros!
Choram fontes cristalinas,
Respingam e pingam, tristemente.
Enlodadas e enlutadas
Estagnadas na corrente!
Ouço o cântico das aves,
Melancólica e tristemente,
Vida pobre, pobre vida
Tão breve e complicada,
Vale mais morrer esquecida
Do que viver desprezada.
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