Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
No meu tempo de juventude o arraial das Festas da Cidade, em honra de Nossa Senhora das Graças, era assim que se chamava às Festas que tinham lugar desde os primeiros dias de Agosto até ao dia 21 e terminavam no dia 22 depois de findar a Procissão que era sempre muito concorrida e em que saía o andor onde a imagem da Nossa Senhora das Graças era aclamado com cânticos e orações por todos os que na Procissão participavam.
Ao longo das ruas 1º de Dezembro, Abílio Beça, Praça da Sé, Almirante Reis, Avenida João da Cruz, 5 de Outubro e Alexandre Herculano até se atingir de novo a praça da Sé e percorrer toda a Rua Direita alcançava-se a Rua Abílio Beça desta vez pelo lado contrário em direcção à Igreja de Santa Clara onde o povo se despedia da imagem da virgem e reentrava nesta que é a Igreja que permanece na minha lembrança como a Casa da Senhora das Graças.
O percurso era bastante longo mas o entusiasmo das pessoas era suficiente para assegurar a sucesso da efeméride que era patrocinado pela C.M.B. e onde o Bispo da Diocese fazia questão de participar. Acolitado por um número significativo de figuras gradas da cidade o Bispo percorria este trajecto debaixo do Pálio que era transportado por membros das forças vivas da cidade.
A organização destas saídas da imagem da Senhora penso que estava a cargo da Diocese, que pedia auxílio à Santa Casa da Misericórdia e aos Escuteiros, mobilizando também outros elementos, em regra homens e Senhoras que frequentavam a Igreja mais assiduamente.
A verdade é que a procissão era o ponto alto das Festas da Cidade e aqui cabe-me dizer que me parece que a Diocese por força da mudança de crença dos fiéis relaxou notoriamente o empenho que punha na efeméride e não consegue hoje organizar uma Procissão como o fazia até finais da década de 70 do Século passado.
Nunca fiz um exercício de análise às causas, que serão várias, para que tal houvesse acontecido, no entanto, sempre que chega esse dia, sinto que algo falta nesse evento que era a charneira das Festas da Cidade.
Recordo com alguma nostalgia certos crentes que sempre que a Procissão passava descendo a Rua 5 de Outubro eu estava nas grades do Tombeirinho para poder ver o desfile de posição mais cómoda e via os homens bons da cidade, muito compenetrados e com pose muito própria e pensava se eu algum dia iria como eles na Procissão, cumprindo um dever que me seria imposto pela minha fé ou por encargo decidido por alguém que achasse que eu era merecedor de tal honra. Homens como o Senhor Portugal do Banco Ultramarino, que era dos Escuteiros e sempre me lembra ver nestes eventos, o Senhor Nogueira da A. de Futebol, homem que admiro pela sua postura como exemplo e que ainda hoje vejo em ocasiões em que vou à Missa e um número bastante alargado de homens e mulheres que pela sua fé estiveram sempre na linha da frente destas manifestações populares que devidamente enquadradas deram substância a minha forma de ver a vida.
Tenho obrigação de mencionar o zelo nestas ocasiões das catequistas da Sé, que tanto abrilhantaram esta Procissão, como todas as outras, que antigamente se realizavam com mais pompa e circunstância. Eram e ainda algumas são as irmãs Feio, a Maria dos Prazeres, a Teresinha e irmã de Donai, a Gabriela do Galinho e um sem número de outras que não serei capaz de recordar o nome mas das quais lembro toda a dedicação que punham nestas tarefas.
Pode parecer estranho eu escrever estas coisas que a maioria julga de nula importância, mas passados tantos anos, a mim parece-me que esta é parte substancial do meu modo de ver a vida. Finalmente direi que há muitas coisas que acabaram e outras das quais durante muitos anos, por força da vida eu não recordei, mas agora quando vem o tempo certo relembro-as como se acontecessem hoje.
Faço votos para que a Procissão seja este ano parecida com as dos meus verdes anos.
Ao longo das ruas 1º de Dezembro, Abílio Beça, Praça da Sé, Almirante Reis, Avenida João da Cruz, 5 de Outubro e Alexandre Herculano até se atingir de novo a praça da Sé e percorrer toda a Rua Direita alcançava-se a Rua Abílio Beça desta vez pelo lado contrário em direcção à Igreja de Santa Clara onde o povo se despedia da imagem da virgem e reentrava nesta que é a Igreja que permanece na minha lembrança como a Casa da Senhora das Graças.
O percurso era bastante longo mas o entusiasmo das pessoas era suficiente para assegurar a sucesso da efeméride que era patrocinado pela C.M.B. e onde o Bispo da Diocese fazia questão de participar. Acolitado por um número significativo de figuras gradas da cidade o Bispo percorria este trajecto debaixo do Pálio que era transportado por membros das forças vivas da cidade.
A organização destas saídas da imagem da Senhora penso que estava a cargo da Diocese, que pedia auxílio à Santa Casa da Misericórdia e aos Escuteiros, mobilizando também outros elementos, em regra homens e Senhoras que frequentavam a Igreja mais assiduamente.
A verdade é que a procissão era o ponto alto das Festas da Cidade e aqui cabe-me dizer que me parece que a Diocese por força da mudança de crença dos fiéis relaxou notoriamente o empenho que punha na efeméride e não consegue hoje organizar uma Procissão como o fazia até finais da década de 70 do Século passado.
Nunca fiz um exercício de análise às causas, que serão várias, para que tal houvesse acontecido, no entanto, sempre que chega esse dia, sinto que algo falta nesse evento que era a charneira das Festas da Cidade.
Recordo com alguma nostalgia certos crentes que sempre que a Procissão passava descendo a Rua 5 de Outubro eu estava nas grades do Tombeirinho para poder ver o desfile de posição mais cómoda e via os homens bons da cidade, muito compenetrados e com pose muito própria e pensava se eu algum dia iria como eles na Procissão, cumprindo um dever que me seria imposto pela minha fé ou por encargo decidido por alguém que achasse que eu era merecedor de tal honra. Homens como o Senhor Portugal do Banco Ultramarino, que era dos Escuteiros e sempre me lembra ver nestes eventos, o Senhor Nogueira da A. de Futebol, homem que admiro pela sua postura como exemplo e que ainda hoje vejo em ocasiões em que vou à Missa e um número bastante alargado de homens e mulheres que pela sua fé estiveram sempre na linha da frente destas manifestações populares que devidamente enquadradas deram substância a minha forma de ver a vida.
Tenho obrigação de mencionar o zelo nestas ocasiões das catequistas da Sé, que tanto abrilhantaram esta Procissão, como todas as outras, que antigamente se realizavam com mais pompa e circunstância. Eram e ainda algumas são as irmãs Feio, a Maria dos Prazeres, a Teresinha e irmã de Donai, a Gabriela do Galinho e um sem número de outras que não serei capaz de recordar o nome mas das quais lembro toda a dedicação que punham nestas tarefas.
Pode parecer estranho eu escrever estas coisas que a maioria julga de nula importância, mas passados tantos anos, a mim parece-me que esta é parte substancial do meu modo de ver a vida. Finalmente direi que há muitas coisas que acabaram e outras das quais durante muitos anos, por força da vida eu não recordei, mas agora quando vem o tempo certo relembro-as como se acontecessem hoje.
Faço votos para que a Procissão seja este ano parecida com as dos meus verdes anos.
Bragança, 20/08/2022
A. O. dos Santos
(Bombadas)
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