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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Adágios e ditos sobre o vinho | Provérbios

 Adágios e ditos sobre o vinho


«Pelo seu ditoso clima, Portugal possui condições em extremo favoráveis ao desenvolvimento da videira, que apresenta ao mesmo tempo muitas variedades, conforme as regiões:

– na de entre-Douro-e-Minho, mais fria, e de solo granítico, medra quási exclusivamente a videira de vinho verde, conquanto a região do vinho verde seja mais extensa1;
– na parte média da bacia do Douro, paleozoica (pré-câmbrica) e com declives extensamente assoalhados, medra a videira do vinho generoso;
entre o Dão e o Mondego, em terrenos graníticos, medra a videira do vinho conhecida com o nome do primeiro d’estes rios; (…)»

Aqui damos a conhecer alguns…

Adágios sobre o vinho

Quem se lava com vinho, torna-se menino.

Pão, vinho e parte no Paraíso.

A mulher e o vinho tiram o homem do seu juízo.

Quem é amigo do vinho de si mesmo é inimigo.

Ao bebedor não lhe falta vinho, nem à fiandeira linho.

Ao menino e ao borracho põe-lhe Deus a mão por baixo.

Vinho quanto bebas!

Muita parra pouca uva.

Vinho e amigo, o mais antigo!

Azeite, vinho e amigo, do mais antigo.

O vinho é o sangue dos velhos.

Por cima do melão vinho de tostão.

Pão com olhos, queijo sem olhos, vinho que salte aos olhos.

Carne, pão e vinho é que anda o caminho.

Carne de hoje, pão de ontem, vinho do outro Verão, fazem o homem são.

Dia de S. Tiago vai à vinha e colhe um bago.

Pelo S. Martinho fura o teu pipinho.

Covas1 e Pinho2 e Vila da Ponte3 sem vinho.

Quem ceia vinho almoça água. E daqui o dizem em Vila Real.

Quem ceia em Vinhais almoça em Fontes4.

Vinagre em charneca é vinho de três anos (Alentejo).

Se queres conhecer o teu amigo, dá-lhe vinho.

1 - De Barroso
2 - De Chaves
3 - Barroso
4 - Povoação de Trás-os-Montes

Ditos sobre o vinho         

Quando o vinho está misturado com água, diz-se que passou pelo poço do Bispo (Lisboa).

Ele é da cepa e não da giesta, da barriga sobe para a testa.

Este não emborracha, mas agacha.

Vinho de Pêrre mata a fome e a sede (Barcelos).

Molhar a palavra é beber.

F. bebe é o mesmo que dizer que bebe muito vinho.

Beber um xeréu é dar uma fugida do trabalho para ir beber meio quartilho de vinho a uma taberna (Penafiel).

O quinto mandamento do pobre é: Não bebe vinho, nem branco nem tinto (Miranda do Douro).

De quem está bebendo vinho por uma garrafa diz-se que está tocando a recolher (Lisboa).

Em Lisboa, receita-se contra a gripe: abife-se, avinhe-se e abafe-se.

Quem bebe vinho ao deitar-se diz que o faz p’rá sossega.

Come-se uma isca de febra assada para fazer boca para a pinga.

Bebe-se para endireitar as canelas.

Ainda mais ditos sobre o vinho…

Tudo isto é para os santos golos.

Quando se está a deitar vinho a alguém num copo e se pergunta até onde quer, o bebedor, se é gracioso, responde: – Basta cheio.

Quando o copo está cheio de vinho, costuma dizer-se a quem o vai beber: «Dá-lhe um beijinho, para se não entornar.»

De alguém que bebe muito diz-se por ironia: «Não bebe senão por baixo do nariz um dedo!» (Tolosa).

Diz-se a respeito do que bebe muito numa taberna: «Aquilo é bota e deita e não olha e conta» (Lisboa).

Os que numa taberna observam alguém que está pingueiro costumam dizer ao dono ou à dona da mesma: «Encha, tia Maria (ou tio Manuel)! Pequenos e grandes, nem que seja vinagre ou água de sabão!» (Lisboa).

Diz-se a um bêbedo: «és como o S. Martinho, quanto ganhas e não ganhas tudo é para vinho» (Tolosa).

De quem cambaleia pela rua ouve-se dizer: «aquele vai d’asa caída, de parede a parede» (Gáfete).

Quando alguém aparece magoado, com feridas na cara, sem se saber a razão, diz-se-lhe: «Isso foi o Vinhais!»

Deitar carga ao mar é deitar fora o vinho inteiro (Lisboa).

Em relação à gente de Arruda ouve-se: «os proprietários de Arruda têm as chaves das adegas de prata», isto é, brancas, pelo muito uso que se lhes dão.

Passar como cão por vinha vindimada é passar sem querer que se perceba que se passa.

Fonte: “ETNOGRAFIA PORTUGUESA”
Livro III – José Leite de Vasconcelos

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