A culpa é do rigor no que toca às substâncias encontradas na composição do fruto, o que está a pôr o país numa concorrência desleal para com outros da Europa. Quem o diz é Albino Bento, Presidente do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos:
“O problema é que quando os agricultores vão para certificar, e por questões aparentemente naturais e não por culpa dos produtores, aparece uma substância que se chama ácido fosfónico, que tem levado a que a certificação dessas amêndoas, onde a substância aparece, seja em níveis baixos ou um pouco mais altos, não seja possível em Portugal, mas em Espanha, Itália e outros países, com esses valores, já certificam.
Mercados com o francês e o alemão aceitam com ácido fosfónico 10 vezes superior àquilo que aqui é rejeitado.
Temos os nossos produtores em concorrência desleal com os dos outros países, a fazer a mesma coisa e eles a terem a amêndoa certificada e nós não.”
O presidente do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos já reuniu com o Secretário de Estado da Agricultura na tentativa de alterar esta exigência, que considera estar a penalizar os agricultores portugueses e a pôr em risco este tipo de produção:
“Vamos ver se efetivamente alteram um pouco, ou se a própria Comunidade Europeia retira essa substância da lista das que têm que estar a zero, até porque essa exigência só começou em 2019 e não me parece que faça sentido, porque não é um produto químico ou um adubo que seja aplicado. Ou eventualmente que as autoridades portuguesas tenham um procedimento semelhante ao que é tido em outros países.
Algo tem de ser feito, caso contrário, os nossos agricultores têm concorrência desleal e são penalizados.
É uma situação que é urgente alterar, até porque entendo que com níveis produtivos tão baixos como temos nos nossos amendoais, ou o preço é superior ou então é quase impossível a sobrevivência deste tipo de amendoal.”
A amêndoa biológica é paga pelo dobro do preço da amêndoa produzida de forma convencional e apresenta-se como uma alternativa interessante para os produtores transmontanos:
“No caso do biológico e de todo o sequeiro transmontano, temos níveis de produtividade muito baixos e não há muita forma de o aumentar porque a água é um recurso fundamental.
Com esses níveis produtivos e ao preço a que está no mercado, efetivamente para quem está em sequeiro, o biológico é uma via interessante, enquanto se mantiver esse diferencial de preços.”
A amêndoa, que a par de outras culturas agrícolas, sofreu este ano uma quebra acentuada, neste caso na ordem dos 50%, devido à falta de chuva e às geadas durante a época de floração.
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