E um projecto, financiado pelo Fundo Ambiental, está a reunir todas as mulheres do país que têm boas práticas no território, quer em termos ambientais, quer na preservação das tradições. Na região há pelo menos cinco empresárias que já aderiram e terão benefícios no crescimento do seu negócio, explica Susana Viseu, coordenadora do projecto. “O objectivo é que cada mulher que vá estar nesta rede desenvolva um projecto de intervenção no território ou pode já ter esse projecto e nós vamos ajudar a desenvolver mais o projecto que elas têm de modo a dar-lhe uma outra dimensão e divulgação. Queremos que, depois, esse projecto tenha condições de ser implementado durante os anos seguintes. Não há verdadeira acção climática sem o envolvimento das mulheres e das meninas. Isto é reconhecido pelas próprias Nações Unidas, não só porque somos metade da população mas também porque somos quem tem a responsabilidade, em grande parte do planeta, pela educação dos mais novos e por assistir à família”.
A própria presidente da União de Freguesias de Soeira, Fresulfe e Mofreita foi uma das que aderiu ao projecto. Pastora há 20 anos, Maria Silva não tem dúvidas de que é uma guardiã da natureza, graças ao trabalho que faz com as suas 350 ovelhas. “Os animais têm essa parte muito importante porque, por exemplo, a vegetação em si, se não fossem as ovelhas, ela ficava muito densa. Elas acabam por se alimentar com ela e isso é muito importante. Também ajudam à fertilização dos solos”.
Outra das guardiãs é Ana Tomás. É produtora de mel, ou seja, trabalha com abelhas, um dos seres vivos mais importantes na conservação da natureza e para a sobrevivência humana. Decidiu juntar-se ao projecto, porque é uma forma de dar visibilidade ao trabalho desenvolvido pelas mulheres. “Acho que o principio é sempre manter uma atitude de preservação daquilo que nos rodeia e contribuir para que melhore e não para que piore. A dinamização da apicultura permite isso. Gosto do rótulo, acho que é interessante identificar, precisamente, as mulheres que estão inseridas nestas áreas e que têm um papel activo. Espero que isso traga alguma visibilidade, não só aos produtores mas também às produtoras porque aqui, em Trás-os-Montes, mesmo que de forma invisível, são, se calhar, até as grandes impulsionadoras que mantém parte do tecido empresarial”.
O projecto “Rede guardiãs da natureza e desenvolvimento sustentável do mundo rural” é da associação Business as Nature e conta com o apoio do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas e financiamento do Fundo Ambiental. Foi dado a conhecer na passada sexta-feira no Parque Biológico de Vinhais, inserido no Parque Natural de Montesinho.
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