Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

A CP E O TGV

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Há alturas em que, confrontados com a nossa consciência, nos deparamos com o dilema sobre o que se adequa melhor ao objetivo singular de melhor servir a região a que dedicamos séria e honesta afeição. Se apoiar, acriticamente as opiniões e ações de amigos e companheiros aos quais reconhecemos talento, generosidade e dedicação ao serviço público ou manifestar opinião própria que, mesmo estando convencidos de ser oportuna, quiçá necessária, aponta falhas e levanta perguntas incómodas que, facilmente podem ser confundidas com remadas contra a maré, boicote das atitudes e opiniões visadas.
Jorge Nunes, o anterior autarca de Bragança, afastado da cadeira maior do Forte de S. João de Deus pela funesta lei de limitação de mandatos deu à estampa uma obra rigorosa, completa e competente sobre a ferrovia em Trás-os-Montes. Um tratado monumental e completo que caracteriza e relata a saga dos caminhos de ferro, no seu nascimento, esplendor e morte, no nordeste português. Com um competente prefácio do Ernesto Rodrigues, tem como subtítulo “Memória do passado, Luta do Presente” com a chancela da Lema D’Origem, foi apresentado recentemente na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Lisboa e serviu de base a uma intervenção, no dia 17 de junho, passado, no auditório Paulo Quintela. A luta proclamada pelo antigo edil brigantino, desenhava-se, nessa sala, à volta de um projeto que propunha uma linha de alta velocidade a passar em Bragança, segundo um projeto extenso e muito bem elaborado pela associação Vale D’Ouro. Senti que se esperava da minha intervenção uma adesão incondicional ao projeto pela simples razão que ando a defender a linha férrea desde o tempo em que muitos dos recém-aderentes ao caminho de ferro garantiam que o desenvolvimento regional passava mais pela rodovia.
O projeto, como disse, é bom, completo e competente e interessa à região, sobretudo a Vila Real. Porém…
Dificilmente poderá ser concretizado pela CP (o Secretário de Estado foi muito claro na sua visita recente à região)… porque a empresa estatal está completamente descapitalizada e as regras europeias não permitem injeções adicionais de capitais públicos. Mesmo que tivesse capacidade financeira, para que a via fosse construída, servindo o objetivo de ligar Porto a Madrid precisa de ter continuidade do outro lado da fronteira. E, nesse campo, quem manda é a todo poderosa e dinâmica Renfe que, muito antes da CP enunciar o que quer que seja, por terras do interior, já definiu os pontos de interface entre Espanha e Portugal e a programação da empresa espanhola define que a ligação entre Porto e La Corunha passará por Vigo e o serviço ferroviário entre a capital nortenha e Madrid passará por Medina del Campo (Salamanca) e não por Zamora como seria necessário para incluir as cidades nordestinas.
De pouco adiantará a anunciada solidariedade da Diputación de Zamora. É tardia. Tarde acordaram os que a solicitaram, entretidos a procurarem o Graal, nas nuvens, convencidos que a salvação vinha de avião, enquanto outros, mais a sul, com os pés bem assentes na terra, tratavam de acarinhar os projetos ferroviários e iam fazendo a opinião, que hoje suporta o interface de Vilar Formoso.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

Sem comentários:

Enviar um comentário