Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Há alturas em que, confrontados com a nossa consciência, nos deparamos com o dilema sobre o que se adequa melhor ao objetivo singular de melhor servir a região a que dedicamos séria e honesta afeição. Se apoiar, acriticamente as opiniões e ações de amigos e companheiros aos quais reconhecemos talento, generosidade e dedicação ao serviço público ou manifestar opinião própria que, mesmo estando convencidos de ser oportuna, quiçá necessária, aponta falhas e levanta perguntas incómodas que, facilmente podem ser confundidas com remadas contra a maré, boicote das atitudes e opiniões visadas.
Jorge Nunes, o anterior autarca de Bragança, afastado da cadeira maior do Forte de S. João de Deus pela funesta lei de limitação de mandatos deu à estampa uma obra rigorosa, completa e competente sobre a ferrovia em Trás-os-Montes. Um tratado monumental e completo que caracteriza e relata a saga dos caminhos de ferro, no seu nascimento, esplendor e morte, no nordeste português. Com um competente prefácio do Ernesto Rodrigues, tem como subtítulo “Memória do passado, Luta do Presente” com a chancela da Lema D’Origem, foi apresentado recentemente na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Lisboa e serviu de base a uma intervenção, no dia 17 de junho, passado, no auditório Paulo Quintela. A luta proclamada pelo antigo edil brigantino, desenhava-se, nessa sala, à volta de um projeto que propunha uma linha de alta velocidade a passar em Bragança, segundo um projeto extenso e muito bem elaborado pela associação Vale D’Ouro. Senti que se esperava da minha intervenção uma adesão incondicional ao projeto pela simples razão que ando a defender a linha férrea desde o tempo em que muitos dos recém-aderentes ao caminho de ferro garantiam que o desenvolvimento regional passava mais pela rodovia.
O projeto, como disse, é bom, completo e competente e interessa à região, sobretudo a Vila Real. Porém…
Dificilmente poderá ser concretizado pela CP (o Secretário de Estado foi muito claro na sua visita recente à região)… porque a empresa estatal está completamente descapitalizada e as regras europeias não permitem injeções adicionais de capitais públicos. Mesmo que tivesse capacidade financeira, para que a via fosse construída, servindo o objetivo de ligar Porto a Madrid precisa de ter continuidade do outro lado da fronteira. E, nesse campo, quem manda é a todo poderosa e dinâmica Renfe que, muito antes da CP enunciar o que quer que seja, por terras do interior, já definiu os pontos de interface entre Espanha e Portugal e a programação da empresa espanhola define que a ligação entre Porto e La Corunha passará por Vigo e o serviço ferroviário entre a capital nortenha e Madrid passará por Medina del Campo (Salamanca) e não por Zamora como seria necessário para incluir as cidades nordestinas.
De pouco adiantará a anunciada solidariedade da Diputación de Zamora. É tardia. Tarde acordaram os que a solicitaram, entretidos a procurarem o Graal, nas nuvens, convencidos que a salvação vinha de avião, enquanto outros, mais a sul, com os pés bem assentes na terra, tratavam de acarinhar os projetos ferroviários e iam fazendo a opinião, que hoje suporta o interface de Vilar Formoso.
Jorge Nunes, o anterior autarca de Bragança, afastado da cadeira maior do Forte de S. João de Deus pela funesta lei de limitação de mandatos deu à estampa uma obra rigorosa, completa e competente sobre a ferrovia em Trás-os-Montes. Um tratado monumental e completo que caracteriza e relata a saga dos caminhos de ferro, no seu nascimento, esplendor e morte, no nordeste português. Com um competente prefácio do Ernesto Rodrigues, tem como subtítulo “Memória do passado, Luta do Presente” com a chancela da Lema D’Origem, foi apresentado recentemente na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Lisboa e serviu de base a uma intervenção, no dia 17 de junho, passado, no auditório Paulo Quintela. A luta proclamada pelo antigo edil brigantino, desenhava-se, nessa sala, à volta de um projeto que propunha uma linha de alta velocidade a passar em Bragança, segundo um projeto extenso e muito bem elaborado pela associação Vale D’Ouro. Senti que se esperava da minha intervenção uma adesão incondicional ao projeto pela simples razão que ando a defender a linha férrea desde o tempo em que muitos dos recém-aderentes ao caminho de ferro garantiam que o desenvolvimento regional passava mais pela rodovia.
O projeto, como disse, é bom, completo e competente e interessa à região, sobretudo a Vila Real. Porém…
Dificilmente poderá ser concretizado pela CP (o Secretário de Estado foi muito claro na sua visita recente à região)… porque a empresa estatal está completamente descapitalizada e as regras europeias não permitem injeções adicionais de capitais públicos. Mesmo que tivesse capacidade financeira, para que a via fosse construída, servindo o objetivo de ligar Porto a Madrid precisa de ter continuidade do outro lado da fronteira. E, nesse campo, quem manda é a todo poderosa e dinâmica Renfe que, muito antes da CP enunciar o que quer que seja, por terras do interior, já definiu os pontos de interface entre Espanha e Portugal e a programação da empresa espanhola define que a ligação entre Porto e La Corunha passará por Vigo e o serviço ferroviário entre a capital nortenha e Madrid passará por Medina del Campo (Salamanca) e não por Zamora como seria necessário para incluir as cidades nordestinas.
De pouco adiantará a anunciada solidariedade da Diputación de Zamora. É tardia. Tarde acordaram os que a solicitaram, entretidos a procurarem o Graal, nas nuvens, convencidos que a salvação vinha de avião, enquanto outros, mais a sul, com os pés bem assentes na terra, tratavam de acarinhar os projetos ferroviários e iam fazendo a opinião, que hoje suporta o interface de Vilar Formoso.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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