O caso aconteceu entre os dias 16 e 20 de fevereiro de 2021. As crianças, entre elas dois gémeos ainda bebés, tinham 1, 5, 7 e 12 anos e foram encontradas sem condições de higiene e sem cuidados.
A Polícia apurou nessa data que “as crianças estavam sozinhas há cinco dias, ao cuidado do irmão mais velho, com 12 anos de idade, o qual informou que a mãe havia viajado a Lisboa a tratar de assuntos de cariz pessoal”, disse na altura dos factos fonte da autoridade policial à Lusa.
A mesma fonte referiu na mesma data ter sido a primeira vez que a PSP se deparou com uma situação com estes contornos na região.
A família vivia na cidade Bragança e a mãe, desempregada, tinha a cargo os cinco filhos, sem mais suporte familiar.
A PSP descreveu que as crianças "estavam descalças e vestidas com pijamas, sem qualquer conforto e com total desleixo e falta de higiene, sendo que dois meninos estavam 'sujos'".
Os agentes encontraram "sacos com lixo doméstico e restos de comida, panelas e pratos também com restos de comida, num ambiente nauseabundo”.
Foi referido no tribunal que, aquando do resgate das crianças, foram encontrados objetos cortantes, como facas e tesouras, ao alcance dos menores, além do lixo e restos de comida.
Na altura, os cinco irmãos foram institucionalizados.
Naquela que foi a segunda sessão de julgamento, foi ouvida como testemunha uma amiga da mãe das crianças, que ajudou as crianças alguns dias. Disse que a arguida lhe ligou dia 17 de fevereiro à noite, a dizer que estava em Lisboa e a pedir se podia “dar uma vista de olhos e alimentar os meninos”.
Mais tarde, a arguida terá dito à amiga que tinha ido à capital tratar de uns documentos.
A testemunha explicou que na altura fez “o que podia”, tendo levado refeições confecionadas aos meninos. Afirmou ainda que varreu parte da casa, levou “alguns sacos de lixo”, organizou alguma loiça suja e limpou o local onde deu as refeições às crianças.
A mesma testemunha detalhou ainda que foi à residência da família entre os dias 18 e 19. Dia 20, quando se deslocou novamente à habitação, foi informada por um vizinho que a Polícia tinha levado os irmãos.
A mesma testemunha confirmou que a casa estava desarrumada, com mau cheiro e que havia lixo, mas disse não se recordar das condições exatas de salubridade.
A arguida optou por ficar em silêncio no tribunal. As alegações finais do caso foram marcadas para dia 5 de dezembro.
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