terça-feira, 24 de outubro de 2023

JOVEM DE UMA INSTITUIÇÃO BRIGANTINA VAI INTEGRAR CURTA-METRAGEM E MOSTRAR QUE SONHAR É PARA TODOS

 “Temos que começar por algum lado e isto para mim é um grande começo”, diz Manuel Lopes, que cresceu na Casa de Trabalho.


Sonhar e concretizar objectivos está ao alcance de todos, mesmo que às vezes não pareça ou não se acredite muito nisso. Não importa a cor, a riqueza, a profissão. Nada. É precisamente isso que Manuel Lopes, que não teve uma vida muito fácil, está a mostrar e quer, com a sua história, inspirar todos os que, às vezes, se sentem reticentes em dar o ‘passo’, que têm medo de arriscar porque a vida nem sempre foi um ‘mar de rosas’. O jovem, de 21 anos, nascido em Mirandela, foi institucionalizado, aos três, em Macedo de Cavaleiros. Aos seis foi encaminhado para Bragança e integra, desde aí, a Casa de Trabalho Dr. Oliveira Salazar – Patronato de Santo António.

Neste momento tem um sonho e já está a correr atrás dele: ser actor. No papel de Pedro Carvalho, Manuel Lopes vai estrear-se no mundo do cinema, na curta-metragem “Uma Estranha Aldeia”. Esta é uma produção da StreetMovies Productions, que será gravada, a partir de Novembro/Dezembro, maioritariamente, no concelho de Valpaços. “Gostava muito de chegar a filmes internacionais, aos Óscares. É um grande sonho, para o qual é preciso muito trabalho, muita consistência, muitos passos, mas não vou desistir. Não quero reconhecimento, quero mostrar que as pessoas devem seguir os seus sonhos, que nada nem ninguém vai conseguir derrubá-los, que o passado não importa nem dita nada”, assumiu, lembrando que cresceu “separado” da família, mas teve sempre “uma outra família” por perto e que muito o apoiou.

Ciente de que “as pessoas julgam muito pela aparência”, mas assumindo não fazer caso disso, Manuel Lopes interessou-se por esta arte da representação recentemente, através da licenciatura que frequenta, no Instituto Politécnico de Bragança, Animação e Produção Artística. “Descobri que procuravam actores para a curta porque a minha mãe viu um anúncio, no Facebook, e disse-me. Ela sabe que eu gosto destas coisas”, contou, explicando que já concorreu a outros casting’s, nomeadamente a um, da TVI, para os ‘Morangos com Açúcar’, mas “não deu em nada”. Ainda assim, não se deixou “desanimar” e continuou a procurar outros caminhos. Depois do casting para a curta-metragem de terror, em que vai dar vida a um dos seis personagens principais, foi contactado para lhe darem a boa-nova: selecionado! “Senti-me muito contente, fiquei super animado. Temos que começar por algum lado e isto para mim é um grande começo, que eu não estava à espera”, rematou Manuel Lopes, sublinhando, de novo, que as pessoas veem apenas o que podem ver, que “não sabem as oportunidades que as instituições dão ou podem dar”.

Neste momento, o jovem, que frequenta o terceiro ano da licenciatura que lhe deu este gosto pela representação, vive, com mais três colegas da Casa de Trabalho, num apartamento de autonomização, da instituição, destinado a jovens que a ela queiram continuar a pertencer, mas que já tenham mais de 21 anos. É uma forma de continuarem a ter suporte e apoio mas de perceberem como será a vida quando tiverem que se desenrascar por si, o que tem que acontecer, pelo menos, até aos 25 anos. “Quero assegurar o meu futuro antes de chegar aos 25. Por isso é que já comecei à procura de casting’s. Pretendo ter o meu futuro assegurado com a música, que sempre foi um sonho, ou a representação, que descobri há menos tempo, mas que me apaixona”, esclareceu. O jovem, que diz que acredita que muito do que hoje é o deve à Casa de Trabalho, porque sempre foi “ajudado em tudo”, nomeadamente a “seguir caminho”, é como qualquer outro desta idade: toca umas “guitarradas”, joga e diverte-se com os amigos.

Agora, vai participar em “Uma Estranha Aldeia”, que conta a história de quatro estudantes, do ensino secundário, Pedro, Rita, Joana e Marco, que são desafios pela professora de Geografia a explorar uma aldeia e apresentar um trabalho sobre essa mesma localidade onde não vive ninguém. Só que, afinal, a aldeia não está vazia. A instituição, onde Manuel Lopes fez “amigos para a vida toda”, não podia estar mais vaidosa. “Ao longo de 15 anos vimos o Manuel crescer, aprender e perseguir os seus sonhos com muita determinação. Esta nova etapa da sua vida é o testemunho do seu esforço incansável e da sua paixão pelo mundo da representação. Estamos incrivelmente orgulhosos do Manuel (…). A sua dedicação árdua e o seu trabalho são inspiradores para todos nós e estamos ansiosos para ver o seu talento a brilhar na televisão”, lê-se numa publicação na página de Facebook da Casa de Trabalho.

Jornalista: Carina Alves

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