Uma mostra de produtos que contou com diversas actividades centradas na rainha da festa: a castanha.
No entanto, o certame deste ano revelou uma realidade desoladora para os produtores locais. As quebras na produção de castanha na região, marcadas por condições climáticas adversas, tornaram-se o foco da preocupação.
É o caso de Silvana Nascimento, produtora de castanha da União de Freguesias de Curopos e de Vale de Janeiro, que expressou as suas preocupações com a produção deste ano, revelando que “as vagas de calor e de frio”, foram a causa do problema.
“Está muito má, veio qualquer coisa que nos afectou os castanheiros todos, só algum dos novos é que começam a dar e que estão em baixas, porque os dos altos apanhou-os todos”, disse.
Por sua vez, Henrique Miranda, da freguesia de Tuizelo, partilhou uma visão semelhante.
“A produção da castanha este ano está fraca, derivado às condições atmosféricas, porque a castanha não quer calor e nós tivemos 30 e tal gruas de calor e talvez seja esse o motivo para ela estar seca e bichada”, referiu, acrescentando que as pessoas têm “receio” de comprar a castanha, porque “vêem que não tem qualidade”.
Numa visão mais técnica sobre o assunto, Paulo Afonso, membro da Associação Agro-Florestal e Ambiental da Terra Fria Transmontana explicou que, além das condições climatéricas que afectaram a produção, “as variedades tardias estão mais atrasadas do que o normal” e com pouca qualidade. Além disso, o responsável fala de “um golpe de calor” que afectou as produções.
“Tudo aponta para um golpe de calor combinado com precipitações que levaram a que existissem condições sub tropicais que levaram ao desenvolvimento de fungos e a árvore ao estar exposta a variações de condições extremas, nalguns casos, secaram”, explicou.
Perante o actual cenário, que irá afectar centenas de famílias do concelho, que fazem da produção de castanha uma das principais fontes de rendimento anual, o presidente da Câmara Municipal de Vinhais, Luís Fernandes, expressou a preocupação com as quebras do produto.
“Sendo este um concelho que produz muita castanha, tendo em atenção a quebra que vai acontecer, claro que temos uma grande preocupação, visto que o ano passado também correu mal, são dois anos seguidos. Temos a noção que é um impacto muito grande na economia do concelho, que é muito dependente em termos económicos da produção de castanha”, afirmou.
Luís Fernandes também revelou que já foi elaborado um memorando de pedido de ajuda ao Governo, que foi entregue à Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira.
A Feira da Castanha em Vinhais, que normalmente celebra a produção de castanhas da região, revelou-se este ano como um alerta para as mudanças climáticas e os seus impactos directos na economia local.
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