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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

CAPELA DO SENHOR DOS AFLITOS, BRAGANÇA! Elegância ao Serviço da Piedade Popular!

 Atualmente integrada na Paróquia dos Santos Mártires/Unidade Pastoral da Senhora das Graças, está implantada paralela à ponte do Loreto sobre o rio Fervença. Assume-se a sua edificação em 1804, de acordo com placa existente no seu interior, à época fora da centralidade urbanística da cidade. Contudo, Luís A. Rodrigues (Bragança no Século XVIII. Urbanismo e Arquitectura, Vol. I) aventa a existência da Capela em data anterior, atendendo a testamento lavrado em 22 de Outubro de 1791 por «Maria José mulher de António Veiga», onde consta a vontade de deixar «hua missa a Senhor dos Aflitos», e a Planta da cidade de Bragança da autoria do Capitão Engenheiro Luís Gomes de Carvalho, de 1801. De grande piedade popular e funerante, a Capela foi parcialmente destruída por um incêndio em 1990, sendo restaurada quatro anos depois pelo arquiteto Nuno Moscoso. Manteve-se a traça exterior e o interior foi relativamente alterado.


A dois volumes diferenciados, correspondentes à nave e ao altar, está delimitada por adro murado, onde se ergue cruzeiro junto da entrada voltada a Norte. Em estilo barroco, a fachada principal, a dois corpos, está decorada a azulejo de padrão monocromo azul sobre fundo branco. O primeiro corpo, arrematado em dupla cornija e empena central, tem portal principal em arco abatido de dupla moldura recortada, rematado em chave, encimado por frontão, com volutas semicirculares, interrompido por cartela com flor-de-lis. Está enquadrado por três janelas retangulares de perfil curvo gradeadas. O corpo superior é em empena contracurvada e cobertura em gola, sobreposta por elegante cruz de Cristo, em resplendor. Ondulada, a extremidade superior dos pilares apresenta pináculos flamejantes, estando a sineira suspensa em armadura de ferro forjado, junto ao da esquerda. Nas restantes fachadas, rebocadas e pintadas de branco, a da direita tem portal de acesso ao interior, em arco abatido, e na posterior, semicircular, existem seis pontos de entrada de luz de diferente amplitude.

No interior, a nave, retangular, sobrelevada e longilínea, tem o tramo inferior das paredes revestido a azulejo, e o teto apresenta formato côncavo, separado das paredes, rebocadas e pintado de branco, por cornija de granito. No lado do evangelho situam-se escadas de madeira para acesso ao coro-alto, com balaustrada também de madeira. O janelão ostenta um bonito vitral alusivo à Santíssima Trindade e ao Imaculado Coração de Maria, com a frase «Graça e Misericórdia». A nave é separada da área do altar por arco triunfal de volta perfeita em granito, arrematado em chave. Três degraus conduzem à abside semicircular, onde constam a mesa das celebrações ao centro, pedestal cúbico de exposição do Santíssimo à direita e o púlpito à esquerda, em mármore polido. A cabeceira é revestida a madeira almofadada, com porta na extremidade esquerda para acesso à sacristia e, na direita, para o vão superior. Este, em arco de volta perfeita e representativo do Calvário, acolhe as imagens que notabilizam a espiritualidade da Capela: ao centro, assente em três degraus de mármore polido em ascendente piramidal, domina a representação do Senhor dos Aflitos; do lado direito a bonita imagem, de generosas proporções, da Virgem Maria com Jesus morto no colo (Pietà). Nas paredes laterais apreciam-se dois vitrais de 1942, o do lado do evangelho alusivo a Santo António com o Menino ao colo e o do lado da epístola com São José e o Menino pela mão.
A Capela apresenta-se como um testemunho da memória coletiva da cidade, dando conta de um passado que perpetua há mais de dois séculos as raízes devocionais ao Senhor dos Aflitos, da Paixão e Crucificação do Redentor da humanidade.

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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