Pertencente à freguesia de Carragosa, a aldeia situa-se cerca de 12 km de Bragança, em pleno Parque Natural de Montesinho, em cota de 935 mt de altitude e a 2 km da fronteira com Espanha. As origens remontam ao período celta, como o indica a então designada Torre do Castro, denotando um conceito de defesa territorial. No século XIII, a aldeia era de senhorio régio, havendo casais de pertença ao mosteiro leonês de Moreirola. Relativamente à paróquia de São Pedro, dependente do Mosteiro de Castro de Avelãs, passou para a diocese de Miranda em 1545.
Em estilo maneirista dos séculos XVII-XVIII e com restauros no XX, a Igreja situa-se a meia encosta no extremo Norte da povoação. O frontispício, voltado a Ocidente e protegido por alpendre, está aparelhado em silhas de granito, apresentando portal de arco abatido. De empena truncada por campanário com dois vãos e os respectivos sinos, a cruz latina no topo, sobre peanha, é ladeada por pináculos. A fachada lateral direita é rasgada por dois janelões em capialço, um deles encimado por cartela com cruz latina e pináculos. A porta lateral de acesso à igreja, de verga recta e protegida por alpendre, grava as chaves de São Pedro e a inscrição relativa ao ano 1725. Tem adossadas escadas de acesso ao campanário. Este lado do adro serviu de cemitério, onde ainda existem vestígios de campas em granito, uma com cruzeiro. A nave possui coro-alto em madeira com guardas balaustradas. Do lado do evangelho está o compartimento do baptistério, púlpito de bacia quadrangular em madeira balaustrada, assente em mísula de granito e escadas adossadas à parede, e altar dedicado ao Senhor Crucificado. O retábulo é em talha pintada, enquadrado por falsas colunas salomónicas, encimado por dossel curvado, com sanefas e a inscrição «Eu Sou o Snr. das Necessidades/Vinde a Mim/Anno/de/1841». Adossado a este, retábulo com presépio envidraçado, com painel superior centrado com a imagem pintada de Nossa Senhora da Conceição, rematado por dossel com sanefas. O arco triunfal é de volta perfeita e frisado, assente em pilares cavados e de balaústres relevados na parte inferior. As paredes têm adossadas em esquina dois altares colaterais.
Oitocentistas e idênticos, são dedicados a Nossa Senhora do Rosário e ao Menino Senhor do Mundo, do lado do evangelho e da epístola, respectivamente. De talha dourada e policromada, exibem nas colunas que enquadram o nicho anjos atlantes.
Na capela-mor sobressai São Pedro, Orago da Igreja, em trono papal, com tiara e as chaves: pintado em moldura oval no tecto abobadado, enquadrado nos cantos pelos evangelistas S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João; imagem no trono expositivo do altar. O retábulo, do barroco joanino, dourado e pintado de branco e azul, foi pintado no original, segundo António Mourinho Júnior [Arquitectura Religiosa da Diocese de Bragança-Miranda], pelo leonês Damião Bustamante entre 1758-65. Com restauro em 1952, é de três eixos e seis colunas salomónicas suportadas por anjos, de onde irradiam três arquivoltas a formar ático. A mesa é em forma de urna com decoração vegetalista e, sobre o sacrário, com dossel, está a imagem do Sagrado Coração de Jesus. No nicho, de vão profundo com trono expositivo de três plataformas, coroado por resplendor, encontra-se a imagem do Orago. Nos eixos laterais estão as imagens de Santo António e de Santo Estêvão sobre peanha, do lado do evangelho e da epístola, respectivamente.
O acesso à sacristia é feito através da capela-mor, onde se pode apreciar um antigo arcão de paramentos e o lavabo de granito concheado. Em Soutelo, São Pedro, além de Apóstolo, é Sumo pontífice, pilar da Igreja e da aldeia!
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