“Mesmo que se venha a concluir que a morte [de bovinos] foi causada pelo ataque de abutres, importa referir que esta é uma circunstância que não deve constituir uma preocupação para os produtores pecuários, uma vez que se tratam de situações pontuais muito raras”, indica o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), em resposta à Lusa.
O esclarecimento do ICNF surge depois de dois alegados ataques de abutres a bovinos, este mês, em Bemposta e Vilar de Rei, no concelho de Mogadouro, o que deixou produtores pecuários apreensivos não só pelo prejuízo causado, mas também pela proximidade destas aves necrófagas às populações.
O ICNF deixou também a garantia de que estas foram as únicas situações reportadas na região Norte durante este ano.
“No que se refere às comunicações da morte de bovinos em Vilar do Rei, tendo em conta as vistorias realizadas, constatou-se de que se trata de situações relacionadas com o maneio reprodutivo (uma vaca em pós-parto e um vitelo recém-nascido), não tendo sido possível, no entanto, confirmar o cumprimento das condições de maneio adequadas à condição fisiológica dos animais, ou concluir que as aves necrófagas foram as responsáveis pelas suas mortes”, esclarece o ICNF.
O ICNF avança ter realizado vistorias nos locais nos dias 08 e na segunda-feira, bem como avaliações dos elementos descritivos e fotográficos recolhidos nas vistorias.
O organismo recorda que o abutre, também conhecido por grifo -‘Gyps fulvus’- , é uma espécie de hábitos alimentares sobretudo necrófagos, ou seja, alimenta-se de cadáveres de animais ou dos seus restos.
“É improvável o ataque a exemplares de gado bovino, ovino, caprino ou suíno que estejam em bom estado sanitário”, indica o ICNF.
O ICNF acrescenta ainda que tem registado situações em que os animais foram mortos por cães, ou que morreram por outras causas, tendo sido posteriormente consumidos por grifos, o que leva a uma atribuição errada da sua morte a este animal.
No caso do gado bovino, o ICNF aconselha que as fêmeas prenhas, quando próximo da data de parição, sejam colocadas em estábulo ou recinto protegido, devendo o retorno à manada ocorrer apenas uma ou duas semanas após o nascimento.
A presença de cães de gado, adequadamente ensinados para este fim, ou de pastores são métodos de dissuasão aconselhados, sendo estas medidas também úteis para a proteção de vitelos.
O ICNF afirma ainda que os animais doentes ou muito debilitados deverão estar em condições mais protegidas.
Segundo o produtor Paulo Vilariça, no dia 08, em Vilar de Rei, o vitelo de uma novilha que tinha estado em trabalho de parto foi alegadamente atacado por um bando de abutres e acabou por morrer.
Já na segunda-feira, em Bemposta, segundo o produtor José Augusto Morais, enquanto as vacas pastavam num terreno na aldeia, abutres terão atacado um vitelo recém-nascido, que acabou por morrer.
Os produtores do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) não duvidam que este tipo de ataque é cada vez mais frequente, havendo por vezes divergências entre as autoridades e os proprietários na forma de abordagem ao acontecimento e origem.
Sem comentários:
Enviar um comentário