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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 8 de setembro de 2024

SPEA: suspensão da caça à rola-brava teve efeitos positivos

 A suspensão da caça à rola-brava (Streptopelia turtur), espécie que registou um declínio de 80% nos últimos 40 anos na Europa, teve “efeitos positivos”, constata a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

Rola-brava. Foto: Mourad Harzallah/WikiCommons

Em comunicado, a SPEA avança que “há hoje mais 400 mil casais desta espécie na Europa ocidental do que em 2021”, graças à moratória em Portugal, Espanha e França. Este número faz parte de um relatório apresentado pelo Instituto de Recursos Cinegéticos de Espanha ao grupo de trabalho de recuperação de aves da União Europeia. A análise foi baseada no programa europeu de monitorização de aves comuns que inclui dados do Censo de Aves Comuns em Portugal, coordenado pela SPEA.

“Estamos a falar de uma espécie que sofreu um declínio de 80% na Europa nos últimos 40 anos. Portanto um aumento de 400 mil casais na Europa Ocidental é um sinal de esperança e uma prova de que a moratória à caça tem resultado, sobretudo se pensarmos que nestes dois anos esta região, e em particular a Península Ibérica, tem sofrido situações de seca e calor extremo, que não são favoráveis à rola-brava nem a qualquer outra ave,” disse Hany Alonso, técnico da SPEA e coordenador do Censo de Aves Comuns.

Em Portugal, a rola-brava apresentava evidências de forte declínio desde o início dos anos 90. O mais recente relatório do Censo de Aves Comuns avalia a tendência da espécie no nosso país como incerta.

A rola-brava é uma espécie migratória. Na Europa subdivide-se em duas populações, consoante a rota que toma de e para África todos os anos: a população da Europa Ocidental – que passa o verão em Portugal, Espanha, França e nordeste de Itália e migra para sul pelo estreito de Gibraltar – e a população da Europa central e de leste, que toma a rota oriental.

Face às tendências negativas da espécie a nível internacional, em 2021 o grupo de trabalho do Plano Europeu de recuperação da espécie concluiu que o número de rolas-bravas na Europa Ocidental era tão baixo que qualquer exploração cinegética seria insustentável. Na sequência dessa deliberação, a Comissão Europeia recomendou uma moratória à caça e os Governos de Portugal, Espanha e França suspenderam a caça à rola-brava.

“Os resultados começam agora a notar-se, com a população ocidental a registar um aumento, enquanto a população oriental, que continuou a ser caçada, está em declínio.”

Muitos caçadores foram favoráveis à suspensão temporária da caça à rola-brava, entendendo a sua necessidade, segundo a SPEA. Em Portugal, já em 2019 as organizações ambientais da Coligação C6 haviam assinado um memorando de entendimento com as entidades representativas do setor da caça (ANPC, CNCP, FENCAÇA) e os institutos públicos relevantes (ICNF e INIAV), que levou a uma redução progressiva dos períodos de caça a esta espécie. Em 2021 foi decretada a proibição temporária de caça à espécie, que tem sido mantida desde então.

“Este aumento de rola-brava é encorajador, mas para garantir que a recuperação se mantém será fundamental implementar medidas eficazes de restauro e gestão do seu habitat, tanto em Portugal como a nível internacional”, sublinhou Hany Alonso.

A rola-brava é uma espécie protegida no âmbito da Diretiva Aves e considerada ameaçada de extinção pela União Internacional de Conservação da Natureza. Na época venatória de 2021-2022, Portugal, num esforço conjunto com França e Espanha, proibiu temporariamente a caça da rola-brava, uma medida que o Governo decidiu prolongar para as épocas venatórias de 2022-2023 e 2023-2024.

Mas a Coligação C6 alerta que a exploração cinegética “não é a única causa” do declínio da espécie, que é também afectada pela “diminuição e perda de qualidade do habitat, quer de alimentação quer de nidificação”. Por isso, os seus membros defendem a definição de uma “estratégia articulada para a promoção de uma gestão sustentável do habitat”, que inclua medidas concretas e instrumentos financeiros para ser aplicada.

Helena Geraldes

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