Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Igreja de São Mateus, Sarzeda. Do Evangelho Ecclesial

 Circundada a Nordeste pela ribeira de Sarzeda, a aldeia pertence à freguesia de Rebordãos, situando-se 9km a Sudoeste de Bragança. De origem medieval, nas Inquirições de 1258 era designada por «Salzeda» e «Sabseda». Segundo o Abade de Baçal, o topónimo latino pode referir-se a “local onde abunda o salgueiro”; ou derivar do espanhol zarra, “de onde vem zarzeda, çardeda, terra de muita silva”. Em 5 de dezembro de 1287, um acordo entre o Arcebispo de Braga, frei D. Telo, provincial dos franciscanos de Castela, e os monges de Castro de Avelãs, concedeu a estes direitos de patrocínio e usufruto da aldeia de Sarzeda, entre outras da região. A partir do século XVI o dízimo e primícias das colheitas e o fumádigo transitaram para o Cabido da Sé de Miranda. Relativamente à Igreja, António R. Mourinho infere a sua origem medieval, com subsequentes “modificações profundas”, sendo a atual edificada em finais do século XVIII (Arquitectura Religiosa da Diocese de Miranda do Douro-Bragança, 1995).


Implantada no centro da aldeia e delimitada por adro murado, a configuração arquitetónica da Igreja de São Mateus, como de resto a decoração interior, remete para o estilo rocaille. As paredes são rebocadas e pintadas de branco, a estrutura de suporte e decoração são em granito, a cobertura superior é telhada em duas águas e os pináculos são agarrafados. O frontispício, enquadrado por pilares toscanos, apresenta portal de arco abatido sobre pilastras, com cornija conopial, inscrevendo a data 1820 em cartela. Na direção do eixo situa-se janelão de moldura conopial, com pendentes. Sobre cornija curva a ‘nascer’ dos pilares entronca o campanário. De dois andares, o inferior, definido por tripla pilastra, alberga dois sinos em arcos de volta perfeita, enquanto o superior, em gola e vão vazado, é corado por cruz trevolada, com dois pináculos nas extremidades. A fachada lateral direita tem portal de acesso comum à Igreja, de arco abatido, e outros dois janelões a dar luz para a nave e a capela-mor, respetivamente.
No interior observa-se a desproporcionalidade da Igreja estreita, comprida e alta, e três altares de similar traça rocaille, posteriores aos arcossólios que os albergam, porque os extravasam. Na parede fundeira situa-se o coro-alto em madeira balaustrada, com escadas de acesso adossadas à parede da epístola. No lado do evangelho um arcossólio acolhe a pia batismal, assente em pequena pilastra, seguindo-se um vão de verga reta, com porta de madeira, a servir de confessionário. O púlpito, com bacia de madeira balaustrada, tem estrado em cantaria assente sobre mísula volutada. A porta é ‘fingida’. Do lado da epístola a entrada lateral tem guarda-vento, com pia de água benta na parede. Os dois altares laterais confrontantes junto do arco triunfal, de eixo triplo datados de 1878, são dedicados a Nossa Senhora do Rosário e ao Sagrado Coração de Jesus, no lado do evangelho e da epístola, respetivamente. O cromatismo difere. No mais, têm pilastras molduradas a enquadrar o nicho central e caneladas nas extremidades dos retábulos, além de duas colunas de fuste liso e capitel de aproximação coríntia. O ático é similar, com volutas laterais e cartela central em vaso. Os eixos laterais do altar da Virgem acolhem imagens de Santo Hermenegildo e de Nossa Senhora do Ó, e no de Cristo imagens de Santo Estêvão e de São Sebastião.
O alteado arco triunfal, com imposta e capitel toscano, separa a nave do presbitério. O altar-mor, elevado sobre triplo supedâneo, é de estrutura similar aos da nave, sendo o cromatismo branco-rosa similar ao de Nossa Senhora do Rosário. A tribuna central, de moldura recortada, arco de volta perfeita e costeira pintada de azul e reposteiro com sanefas, acolhe sobre trono escalonado Cristo Crucificado. Nos eixos laterais, entre colunas de fuste liso, estão imagens do Orago São Mateus, no lado do evangelho, e de São José com o Menino, no da epístola. O altar tem data de restauro de 1910. No lado do evangelho acede-se à sacristia.
“Onde dois ou três estão congregados em meu nome, ali estou no meio deles”.

Susana Cipriano e Abílio Lousada

Sem comentários:

Enviar um comentário