Circundada a Nordeste pela ribeira de Sarzeda, a aldeia pertence à freguesia de Rebordãos, situando-se 9km a Sudoeste de Bragança. De origem medieval, nas Inquirições de 1258 era designada por «Salzeda» e «Sabseda». Segundo o Abade de Baçal, o topónimo latino pode referir-se a “local onde abunda o salgueiro”; ou derivar do espanhol zarra, “de onde vem zarzeda, çardeda, terra de muita silva”. Em 5 de dezembro de 1287, um acordo entre o Arcebispo de Braga, frei D. Telo, provincial dos franciscanos de Castela, e os monges de Castro de Avelãs, concedeu a estes direitos de patrocínio e usufruto da aldeia de Sarzeda, entre outras da região. A partir do século XVI o dízimo e primícias das colheitas e o fumádigo transitaram para o Cabido da Sé de Miranda. Relativamente à Igreja, António R. Mourinho infere a sua origem medieval, com subsequentes “modificações profundas”, sendo a atual edificada em finais do século XVIII (Arquitectura Religiosa da Diocese de Miranda do Douro-Bragança, 1995).
Implantada no centro da aldeia e delimitada por adro murado, a configuração arquitetónica da Igreja de São Mateus, como de resto a decoração interior, remete para o estilo rocaille. As paredes são rebocadas e pintadas de branco, a estrutura de suporte e decoração são em granito, a cobertura superior é telhada em duas águas e os pináculos são agarrafados. O frontispício, enquadrado por pilares toscanos, apresenta portal de arco abatido sobre pilastras, com cornija conopial, inscrevendo a data 1820 em cartela. Na direção do eixo situa-se janelão de moldura conopial, com pendentes. Sobre cornija curva a ‘nascer’ dos pilares entronca o campanário. De dois andares, o inferior, definido por tripla pilastra, alberga dois sinos em arcos de volta perfeita, enquanto o superior, em gola e vão vazado, é corado por cruz trevolada, com dois pináculos nas extremidades. A fachada lateral direita tem portal de acesso comum à Igreja, de arco abatido, e outros dois janelões a dar luz para a nave e a capela-mor, respetivamente.
No interior observa-se a desproporcionalidade da Igreja estreita, comprida e alta, e três altares de similar traça rocaille, posteriores aos arcossólios que os albergam, porque os extravasam. Na parede fundeira situa-se o coro-alto em madeira balaustrada, com escadas de acesso adossadas à parede da epístola. No lado do evangelho um arcossólio acolhe a pia batismal, assente em pequena pilastra, seguindo-se um vão de verga reta, com porta de madeira, a servir de confessionário. O púlpito, com bacia de madeira balaustrada, tem estrado em cantaria assente sobre mísula volutada. A porta é ‘fingida’. Do lado da epístola a entrada lateral tem guarda-vento, com pia de água benta na parede. Os dois altares laterais confrontantes junto do arco triunfal, de eixo triplo datados de 1878, são dedicados a Nossa Senhora do Rosário e ao Sagrado Coração de Jesus, no lado do evangelho e da epístola, respetivamente. O cromatismo difere. No mais, têm pilastras molduradas a enquadrar o nicho central e caneladas nas extremidades dos retábulos, além de duas colunas de fuste liso e capitel de aproximação coríntia. O ático é similar, com volutas laterais e cartela central em vaso. Os eixos laterais do altar da Virgem acolhem imagens de Santo Hermenegildo e de Nossa Senhora do Ó, e no de Cristo imagens de Santo Estêvão e de São Sebastião.
O alteado arco triunfal, com imposta e capitel toscano, separa a nave do presbitério. O altar-mor, elevado sobre triplo supedâneo, é de estrutura similar aos da nave, sendo o cromatismo branco-rosa similar ao de Nossa Senhora do Rosário. A tribuna central, de moldura recortada, arco de volta perfeita e costeira pintada de azul e reposteiro com sanefas, acolhe sobre trono escalonado Cristo Crucificado. Nos eixos laterais, entre colunas de fuste liso, estão imagens do Orago São Mateus, no lado do evangelho, e de São José com o Menino, no da epístola. O altar tem data de restauro de 1910. No lado do evangelho acede-se à sacristia.
“Onde dois ou três estão congregados em meu nome, ali estou no meio deles”.
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