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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

VMER recebeu prémio excelência 2025 da Ordem dos Enfermeiros

 A Viatura Médica de Emergência e Reanimação de Bragança (VMER) recebeu prémio excelência 2025 da Ordem dos Enfermeiros, entregue na 6.ª Gala, no passado dia 20 de dezembro, informou hoje fonte da Unidade Local de Saúde do Nordeste.


A equipa recebeu, nesta Gala, o Prémio Excelência 2025, um galardão atribuído como reconhecimento do mérito superior, da dedicação, da coragem e da abnegação demonstradas pelos profissionais que integram este meio de socorro em prol dos cidadãos.

O enfermeiro Coordenador da Equipa de Enfermagem da VMER Bragança, Norberto Silva, e as enfermeiras Andreia Graça, Céu Silva e Paula Alves, receberam o prémio da Ordem dos Enfermeiros na Gala “O Norte valoriza, o Norte reconhece”, que teve lugar no Centro de Congressos de Paredes.

A VMER de Bragança, inaugurada a 11 de março de 2006, está prestes a completar 20 anos ao serviço da população do distrito.

Este importante meio de emergência médica extra-hospitalar, integrado no Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica da Unidade Hospitalar de Bragança, atua na dependência do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), sendo ativada na sequência dos pedidos de socorro efetuados através do número de emergência 112.

A VMER de Bragança assegura o socorro nos 12 concelhos do distrito e está disponível todos os dias da semana, 24 horas por dia, com uma taxa de operacionalidade muito próxima de 100%.

Em 2024, este meio de socorro foi chamado a intervir em 846 situações, que, pela sua gravidade e complexidade, exigiram a pronta intervenção de uma equipa diferenciada com formação e treino em suporte avançado de vida e abordagem ao doente crítico.

Trata-se, na sua maioria, de situações de doença súbita grave – designadamente alteração do estado de consciência, dificuldade respiratória, dor torácica, paragem cardiorrespiratória - e de trauma – nomeadamente acidentes em meio rural e muitas vezes acidentes com máquinas agrícolas.

Este meio de socorro assume uma particular importância num distrito marcado pela ruralidade e dispersão geográfica, com infraestruturas rodoviárias com características de montanha e condições atmosféricas adversas, o que, por si só, torna as missões de socorro mais difíceis e exigentes.

Neste contexto, a VMER de Bragança articula-se com os restantes meios de emergência extra-hospitalar do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) instalados no distrito, nomeadamente o Helicóptero sediado em Macedo de Cavaleiros e as Ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV), sediadas em Mirandela e Mogadouro, no sentido de dar a resposta mais adequada às necessidades dos doentes.

A equipa da VMER de Bragança, que integra 25 médicos e 24 enfermeiros, conta com a coordenação médica Rui Terras e com a coordenação de enfermagem do enfermeiro Norberto Silva, que, ao longo de 20 anos de atividade deste meio de socorro, enaltecem o seu importante contributo ao nível do reforço da segurança e qualidade dos cuidados de saúde diferenciados em ambiente extra-hospitalar disponibilizados, numa ótica de proximidade, à população do distrito de Bragança.

GL

O Município de Bragança recebeu a visita da Secretária de Estado das Comunidades da República de Cabo Verde, Vanuza Barbosa.

 O encontro constituiu um momento de diálogo e partilha, permitindo reforçar os laços de cooperação entre Bragança e a comunidade cabo-verdiana.

A importância dos amigos


 Os amigos são uma das maiores bênçãos da vida. São aquelas pessoas que escolhemos, e que também nos escolhem, para caminhar ao nosso lado, partilhar risos, segredos, sonhos e até lágrimas. A amizade é um elo invisível, mas fortíssimo, que se constrói com tempo, sinceridade e carinho. Ter amigos é ter uma segunda família, escolhida pelo coração.

A importância dos amigos manifesta-se em gestos simples. Uma mensagem inesperada, um abraço apertado, um olhar que entende sem precisar de palavras. São esses momentos que nos fazem perceber que não estamos sozinhos, que há quem se preocupe connosco de verdade, mesmo quando o mundo parece indiferente.

A amizade é também um espaço de partilha, partilha de interesses, de valores, de experiências e até de silêncios. Com os amigos, descobrimos que há diferentes formas de ver e viver a vida, e é nessa troca que crescemos. Rimos juntos das mesmas coisas, aprendemos uns com os outros e, às vezes, até discordamos, mas sempre com respeito e amor. É essa diversidade que torna a amizade tão rica e especial.

A entreajuda é outro dos pilares fundamentais da amizade. Um verdadeiro amigo está lá quando precisamos, não apenas nos momentos de alegria, mas, sobretudo, nas horas mais difíceis. Está lá para ouvir, para aconselhar, para apoiar ou simplesmente para estar presente. Às vezes, basta saber que alguém se importa para que o peso se torne mais leve. Um amigo é aquele que acredita em nós quando já começamos a duvidar de nós próprios.

Além disso, a necessidade de estarmos próximos dos amigos é profundamente humana. Precisamos de sentir que pertencemos, que fazemos parte de algo maior do que nós. Estar com os amigos é renovar a alma, é recarregar energias, é encontrar sentido nas pequenas coisas. Uma conversa demorada, uma gargalhada partilhada, uma tarde sem planos, tudo isso tem um valor imenso, porque nos lembra que a vida é feita de laços e de afetos.

Num tempo em que as relações se tornam cada vez mais rápidas e superficiais, cultivar amizades verdadeiras é quase um ato de resistência. Exige tempo, paciência e dedicação. Mas o retorno é incalculável. Ter alguém que nos conhece, que nos aceita com os nossos defeitos e qualidades, e que nos quer bem, simplesmente por sermos quem somos.

Os amigos são o espelho onde vemos refletido o melhor de nós. São porto seguro nas tempestades, são alegria nas vitórias e companhia nas incertezas. A amizade não se mede em anos, mas em gestos, em cumplicidades e em memórias.

No fim, quando olhamos para trás, percebemos que o que realmente deu sentido à nossa caminhada foram as pessoas que estiveram connosco, aquelas que nos ouviram, que nos fizeram rir, que nos ajudaram a levantar quando caímos. E é por isso que os amigos são tão importantes, porque tornam a vida mais leve, mais bonita e, acima de tudo, mais humana.

Os  meus amigos, jamais me condenariam, ou criticariam, pelas minhas opções políticas (não confundam com partidárias) e jamais me quereriam silenciar. Se o tentassem fazer, não conseguiriam, e se tentassem é porque nunca foram meus amigos. Eu sempre lhes dei rédea solta... a esses. O meu lado, nunca foi o lado da corja!!! E esses grandes "cérebros" deveriam ter entendido, quando me convidaram, em tempos quase imemoriais, a ser mais um dos principais "carneiros" com um futuro risonho e bem pago, eu lhes respondi: - Não, não vou  por aí!

Hoje, imagino-os a fazerem concorrência ao "Tio Patinhas". Nadam na lama com que ajudaram a inundar o País, a Nossa Terra e, por tabela, todo o mundo. Sois uns paspalhos ignorantes!

Perdoai-me a irreverência mas... mantenho a convicção. NÃO, NÃO VOU POR AÍ!

Grande abraço e eterno aos Meus Amigos e às minhas Amigas!

HM

Amâncio Rodolfo Pinheiro da Costa Ribeiro - Os Governadores Civis do Distrito de Bragança (1835-2011)

 30.janeiro.1896 – 11.fevereiro.1897
PORTO, 8.4.1841 – PORTO, 20.JUNHO.1907

Advogado. Magistrado administrativo.
Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra.
Administrador dos concelhos de Paredes, Santo Tirso, Póvoa de Varzim, Ourém, Santarém e Sintra. Governador civil da Horta (1895-1896). Governador civil de Bragança (1896-1897).
Natural da freguesia de Cedofeita, concelho do Porto.
Filho de Manuel Ferreira Pinheiro da Costa e de Ana Joaquina do Amaral Ribeiro.
Casou com Zulmira Idalina Pinheiro, de quem teve uma filha, Maria Beatriz Pinheiro.
Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (1873).

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Nascido na Rua de Cedofeita, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em outubro de 1859. Concluído o curso em 1865, regressou ao Porto, onde exerceu por algum tempo advocacia, sendo depois sucessivamente nomeado administrador dos concelhos de Paredes, Santo Tirso, Póvoa de Varzim, Ourém, Santarém e Sintra.
Foi comissário de polícia no Porto, cargo que desempenhou durante alguns anos. Posteriormente, seria nomeado comissário régio junto da Companhia das Pedras Salgadas, onde permaneceu até à extinção destes cargos.
Nomeado governador civil da Horta a 13 de julho de 1895, chegou à ilha do Faial no paquete Funchal a 29 de julho, iniciando funções de governador civil nesse mesmo dia. Apresentado como “cavalheiro bastante ilustrado e do mais fino trato”, o chefe do distrito teve a recebê-lo o seu antecessor, conselheiro José de Almeida Ávila, empregados do Governo Civil e outros funcionários públicos.
Amâncio Pinheiro, militante do Partido Regenerador, era já um político experimentado que, naquele período turbulento da vida portuguesa, o Gabinete liderado por Hintze Ribeiro requisitou para pacificar as desavindas elites do distrito da Horta. Com efeito, desde que o Ultimato inglês a Portugal desencadeara uma sucessão de Ministérios, aquele Governo Civil conhecera, no espaço de cinco anos, três titulares, todos eles açorianos. A vinda de um político continental, conhecedor dos meandros da administração pública portuguesa e adepto do Partido Regenerador que estava à frente dos destinos do País, revelou-se uma solução acertada, capaz de serenar os exaltados ânimos das populações e de credibilizar o desacreditado Partido Regenerador local.
Seria transferido da Horta para o Governo Civil de Bragança por decreto de 30 de janeiro de 1896, tomando posse a 10 de fevereiro seguinte e sendo exonerado a 11 de fevereiro de 1897. No tempo deste governador, foi extinto o concelho de Freixo de Espada à Cinta. Foi Amâncio Ribeiro que, em junho de 1896, com o administrador do concelho de Moncorvo e 40 praças, entrou nos Paços daquele Município, mandando carregar todos os livros e papéis que havia nas repartições. Da mesma forma, em outubro de 1896, durante três dias, visitou as diferentes repartições públicas de Mirandela e ali “tomou providências atinentes a prevenir a repetição das desordens que ali ultimamente houve”.
Faleceu no Porto, a 20 de junho de 1907, aos 61 anos.

Fontes e Bibliografia

Arquivo Distrital de Bragança, documentos vários.
Arquivo da Universidade de Coimbra, documentos vários.
Gazeta de Bragança, 21.10.1896.
Tribuna das Ilhas, 8.0.2012.
ALVES, Francisco Manuel. 2000. Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança, vol. VII. Bragança: Câmara Municipal de Bragança / Instituto Português de Museus.
Geneall – Portal de Genealogia (disponível em geneall.net).

Publicação da C.M. Bragança

A GATINHA LÚCIFER

Por: Humberto Pinho da Silva 
(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Em vésperas de Natal, andava eu atarefado, num hipermercado, em busca de brinquedo, para a minha neta.

Após percorrer as prateleiras dos jogos didáticos, e das bonecas – algumas verdadeiras cópias das originais, – deparei entre os felpudos, graciosa gatinha. O fabricante ou importador, assegurava que a bichana emitia sons reais, graças ao mecanismo que instalaram no interior do " animal".

Curioso atentei, observando as instruções; mas, qual foi o meu espanto, quando atónito, verifico que tinham dado ao brinquedo, o anátema nome de: Lúcifer!

Rapidamente saltou-me ao pensamento, imaginosa cena de uma extremosa mãe, depositar ternamente, sob a árvore natalícia, o mafarrico, ou colocar rés ao Menino a gatinha Lúcifer!

Cena ainda mais burlesca será quando a menina, eufórica, disser às coleguinhas da catequese ou das aulas dominicais:

- O Pai Natal ou Papai Noel, se for brasileira, trouxe-me, neste Natal a Lúcifer!..."

Eu sei que no mercado há produtos fabricados por empresas que financiam a " igreja do diabo", igreja que parece estar florescente em certos centros excêntricos e imorais, do vasto continente americano.

Também sei – com alegria e jubilo, – que existem multinacionais, que são " Sócias de Deus", entregando parte dos lucros a Igrejas Evangélicas.

Mas, que o maligno esteja tão difundido, aponto de se vender descaradamente, em países cristãos, pelúcias, com o nome de: Lúcifer, nunca me passou pelo pensamento.

Eu sei, nós sabemos, que a imoralidade marcha desenfreadamente em desabrido corcel, em todos os meios de comunicação.

Escritora amiga, declarou-me, em carta, que o editor lhe solicitara " apimentar" o romance, se o quisesse publicar!

E também sei que a influencia das forças do Mal estão infetando, sem pejo: novelas televisivas, cinema, Internet, e até, sem o desejarmos, a emporcalhar o nosso smartphone.

Em meios, e movimentos cristãos, já se fala, a medo, da ignóbil "nova moral", que não passa, a grosso modo, desvirtuar a doutrina de Jesus.

Dir-me-ão: é evolução, novos ventos, que sopram no século XXI; mas eu direi: que é involução, regresso à velha Roma, ao tempo de Noé:

Em Mateus 24:37/ Lc. 16:27, encontramos a profecia de Cristo, que diz: quando Jesus regressar à Terra, tudo se encontrará como no tempo do ancião Noé.

Ouvi a jovem católica declarar publicamente: que o pecado não existe, porque o pecado não passa de imaginação, e o diabo não existe.

Para o crente inteligente, que sabe pensar, basta-lhe analisar os acontecimentos quotidianos, que os meios de comunicação social transmitem para verificar que a nossa civilização descamba, a largos passos, para o abismo, para o reino das trevas.


Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

La manhana fui abaixando pula lharga nuite

A Moura Encantada - Parte 3 – Os Novelos de Ouro


 Após a noite em que Tomás ouviu o som do tear e vislumbrou a figura luminosa da princesa, o rumor sobre Castramouro espalhou-se silenciosamente pela aldeia. Alguns diziam que eram apenas histórias antigas, inventadas para assustar crianças. Outros juravam que tinham ouvido o sussurro do tear ou visto luzes que dançavam sobre a fraga ao cair da noite. Mas poucos tinham a coragem de se aproximar.

Tomás, entretanto, não conseguia tirar da cabeça a imagem da princesa. Cada vez que fechava os olhos, via o dourado dos novelos, a delicadeza de seus dedos a moverem o tear, e sentia a melancolia que emanava dela. Um desejo silencioso cresceu dentro dele, queria tocar, sequer por um instante, aqueles fios de ouro, entender o que escondiam e talvez libertar a princesa de sua solidão eterna.

Numa noite de lua cheia, mais brilhante do que qualquer outra, Tomás decidiu voltar à fraga. Aproximou-se devagar, sentindo as pedras sob os pés e o ar pesado que carregava um perfume antigo, como se lembrasse de flores esquecidas nos jardins do castelo. O som do tear começou novamente, suave, como um canto que acariciava os sentidos.

E então viu a princesa Moura, de rosto iluminado pela lua, tecendo incansavelmente. O ouro nos novelos parecia brilhar com uma luz própria, refletindo histórias de batalhas, fugas e segredos guardados há séculos. Tomás, tomado pela curiosidade e pelo fascínio, deu um passo adiante.

- Não deves tocar, disse a princesa, com a voz doce, mas firme. - Cada fio é uma memória, cada ponto é uma vida. Quem os toca sem merecer, arrisca-se a perder-se entre eles.

Mas o coração de Tomás estava cheio de desejo e coragem. Aproximou a mão, hesitando apenas por um instante. Quando os seus dedos tocaram o primeiro novelo, algo extraordinário aconteceu, uma luz intensa surgiu da fraga, envolvendo-o como uma tempestade dourada. Sons de risos e lágrimas, vozes de tempos antigos, enchiam o ar. O jovem sentiu-se puxado para dentro da tecelagem, como se o tear não fosse apenas de ouro, mas de tempo, memórias e destinos.

A princesa Moura parou e ergueu-se, sua figura radiante e imponente:

- Vês, mortal, o que desejas não é simples curiosidade. O tear guarda o passado e o futuro de Outeiro. Quem ousa tocá-lo deve carregar o seu peso.

Tomás, aterrorizado e maravilhado, viu imagens de soldados a invadir o castelo, da fuga desesperada da princesa, das lágrimas da aia, e de aldeões desconhecidos cujas vidas se entrelaçavam com aquelas memórias. Os fios de ouro pulsavam com histórias que ele nunca poderia imaginar, mas agora compreendia que eram preciosas demais para qualquer toque humano.

Com um gesto delicado, a Moura afastou a sua mão e o jovem foi lançado suavemente para trás, sobre as pedras da fraga. Ele olhou para ela, agora serena, mas os olhos brilhavam com uma tristeza infinita.

- Lembra-te, Tomás, disse ela, enquanto a névoa começava a envolvê-la novamente - nem todo tesouro é para ser possuído. Alguns existem apenas para serem lembrados, sentidos e respeitados.

O som do tear diminuiu até tornar-se quase inaudível, misturando-se ao murmúrio da água. Tomás voltou à aldeia, com o coração carregado de mistério, mas também de reverência. Desde aquela noite, ninguém se atreveu a tocar nos novelos de ouro. Mas quem se aproxima da fraga ainda pode ouvir o ritmo suave do tear, sentindo a presença eterna da princesa Moura, que guarda o seu segredo e tece, noite após noite, os fios dourados de uma história que jamais termina.

continua...

N.B.: Este conto teve como base a Lenda de Outeiro "A Moura  Encantada" e a colaboração, na construção do "esqueleto", da IA. A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

HM - com IA e IN

Miranda do Douro: UHF são cabeça de cartaz do Festival Geada

 A banda UHF é o cabeça de cartaz do Festival de inverno “Geada”, que se celebra na cidade de Miranda do Douro, neste fim-de-semana de 26 a 28 de dezembro e tem outros destaques como a ronda das adegas pelo centro histórico, onde o público pode degustar produtos regionais da Terra de Miranda.


A Associação Recreativa da Juventude Mirandesa (ARJM), entidade organizadora do evento, indica que esta 15.ª edição do festival, além dos UHF, contará também com as atuações de Pica&Trilha, Sebastião Antunes&Quadrilha e os Diabo a Sete.

“Desta forma aproveitamos todo o fim de semana, onde os concertos musicais decorrem à noite na tenda principal do festival na sexta-feira e no sábado. Já no domingo, a música será de improviso e todos estão convidados”, disse Nuno Coelho.

Ao longo destes 15 anos, o Festival Geada tem-se afirmado pela fusão de sonoridades que vão desde o rock, passando pelo folk e a música tradicional mirandesa, como complemento, e tem resistido a algumas alterações no campo cultural.

A diversidade linguística e musical é marca do Festival Geada, com especial foco na língua mirandesa e castelhana.

Segundo Nuno Coelho, na edição de 2024 o Festival Geada contou com cerca de dois mil participantes e este ano a grande meta é chegar aos três mil, já que a festa conta como mais um dia no seu programa de atividades face a edições anteriores.

“Este festival começou em 2007 para celebrar o aniversário de um grupo de pauliteiros da Terra de Miranda e daí para a frente houve uma conjugação de esforços para tornar o Geada numa referência nos festivais de inverno no território raiano do interior Norte, onde a presença de público espanhol é significativa”, explicou.

Das várias atividades lúdicas, musicais e culturais programadas, o responsável salienta a ronda pelas adegas do centro histórico desta cidade quinhentista, onde os visitantes podem saborear produtos regionais e descobrir adegas tradicionais, contactando com a população local enquanto provam os produtos regionais da Terra de Miranda, o que vai contribuir para a ecomomia circular desta cidade.

O lema do Festival Geada continua a ser “Bamos derretir l carambelo!” (“Vamos derreter o gelo”), que remete para o inverno rigoroso característico do Planalto Mirandês.

Pelas artérias do centro histórico da cidade, com incidência na Rua da Costanilha, haverá fogueiras para aquecer os visitantes.

Segundo Nuno Coelho, o Festival Geada está inserido nas celebrações do solstício de inverno, sendo uma manifestação cultural e social de grande relevância para Miranda do Douro e para a região transmontana.

O festival, que vai para a 15.ª edição, visa continuar a oferecer um conjunto diversificado de atividades que promovem a cultura, a língua mirandesa e as tradições locais, reforçando simultaneamente o desenvolvimento sustentável da região e a coesão social.

O Festival Geada aposta ainda numa integração e criação de parcerias com associações e instituições locais, como o grupo das Pauliteiras de Miranda do Douro, trazendo “uma nova dimensão à ARJM e, consequentemente, ao próprio festival, reforçando o compromisso de promover a cultura mirandesa de forma inclusiva e inovadora”.

Para a ARJM, é importante que o evento continue a afirmar-se como agente de coesão ao envolver toda a comunidade e os visitantes numa “experiência imersiva”, com espaços de participação ativa para todas as faixas sociais e etárias.

Comércio tradicional vive Natal de contrastes em Macedo de Cavaleiros

 O comércio tradicional de Macedo de Cavaleiros viveu um Natal marcado por realidades diferentes entre setores. Enquanto alguns comerciantes referem um movimento semelhante ao de anos anteriores, outros destacam um aumento da afluência, sobretudo associado ao regresso de emigrantes à região nesta quadra festiva.


Licínio Fernandes, proprietário de um estabelecimento comercial na cidade, faz um balanço moderado da época natalícia, sublinhando que as vendas se mantiveram dentro do esperado:

No setor dos serviços, há sinais mais positivos. A cabeleireira Amália Herdeiro refere um aumento da procura nesta altura do ano e considera que o Natal continua a ser uma época forte para o negócio:

Também no comércio alimentar os indicadores são animadores. Daniela Pires, responsável por uma loja de produtos frescos, afirma que as vendas estão a superar as expectativas, impulsionadas pelas refeições e encontros familiares típicos desta época:

Já no setor do vestuário, o sentimento é de maior cautela. Fernando Teixeira explica que, embora os clientes continuem a procurar o comércio local, as compras são agora feitas de forma mais ponderada e contida:

Apesar das diferenças entre áreas de atividade, os comerciantes concordam que os dias 23 e 24 de dezembro foram decisivos para o aumento das vendas, numa reta final que acabou por fazer a diferença para o comércio tradicional de Macedo de Cavaleiros.

Cátia Barreira

Miranda do Douro aprova orçamento de 29 milhões para 2026

 A Câmara Municipal de Miranda do Douro aprovou o orçamento para 2026, no valor de 29 milhões de euros, mais quatro milhões do que no ano anterior, com destaque para o reforço do apoio aos bombeiros, investimentos no abastecimento de água e vários projetos financiados por fundos comunitários nas áreas do turismo e reabilitação urbana


A câmara de Miranda do Douro aprovou por maioria o orçamento municipal para 2026, com uma dotação de 29 milhões de euros, superior ao do ano anterior.

Entre os principais investimentos, a autarca Helena Barril destaca os apoios de 350 mil euros para 2026, para os dois corpos de bombeiros do concelho, para o transporte de doentes oncológicos. “Há um reforço, relativamente ao orçamento anterior, na ordem dos 4 milhões de euros. Continuamos com este objetivo de melhorar as condições de vida da população local e, por isso, vamos continuar a apoiar os bombeiros voluntários sediados no concelho, com o reforço do protocolo do transporte dos doentes oncológicos”.

Há também já projetos com candidaturas aprovadas. “Temos várias candidaturas aprovadas, dos fundos comunitários, e queremos abraçá-las, tanto na área do turismo, como na reabilitação de alguns edifícios, como é, por exemplo, o caso da Casa da Música em Miranda. Temos um projeto muito ambicioso, que é o projeto dos carreirones, que vai ligar Paradela a Picote pelo antigo trilho dos carreirões”.

Os sistemas de abastecimento de água e saneamento no montante de 1,7 milhões de euros, destinado a vários pontos do concelho, é outro dos pontos deste orçamento. “É uma grande aposta, o melhoramento do abastecimento da água no setor sul do concelho, a mudança das condutas é muito importante, porque vai trazer uma melhoria muito significativa para as pessoas, para a vida das pessoas”.

No que diz respeito aos impostos, o IMI vai de 0,3% a 0,8%. O IRS está fixado na taxa de 2,5 %. Já a Derrama é de 1,5% aplicável aos setores da branca e aos centros eletroprodutores.

O orçamento municipal para 2026, da câmara de Miranda do Douro, foi aprovado com os votos a favor da maioria PSD, a que se juntou também um voto a favor do PS e uma abstenção do PS.

O orçamento segue agora para a Assembleia Municipal para votação no dia 29 de dezembro.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Rita Teixeira

CIM das Terras de Trás-os-Montes apoia projetos que vão criar 78 novos empregos

 A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM) aprovou 34 candidaturas no âmbito do Apoio à Criação de Emprego e Microempreendedorismo, um investimento global de 4,7 milhões de euros


A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM) aprovou 34 candidaturas no âmbito do Apoio à Criação de Emprego e Microempreendedorismo, um investimento global de 4,7 milhões de euros, dos quais mais de 3,5 milhões são financiados pelo Fundo Social Europeu Mais, no quadro do Programa Regional do Norte 2030. Para o presidente da CIM-TTM, Pedro Lima, este apoio assume particular importância pelo impacto direto na criação de emprego. “A CIM está a publicitar aquilo que são candidaturas que vão gerar, previsivelmente, 78 postos de trabalho. São candidaturas de privados que recorrem, evidentemente, a candidaturas europeias que são avaliadas no âmbito da CIM e a CIM, evidentemente, deve publicitar o impacto que esses investimentos vão ter no nosso território”.

Segundo Pedro Lima, a divulgação destes resultados é também uma responsabilidade institucional.

Pedro Lima destacou ainda que, depois, serão também dadas a conhecer as candidaturas aprovadas. “Cabe-nos também publicitar, no final desta avaliação, as candidaturas aprovadas. A CIM aqui faz o seu trabalho, que é de analisar, cumprir o regulamento do aviso e, depois, também estará presente no acompanhamento destes projetos”.

Face à relevância das candidaturas submetidas e às necessidades identificadas no território, a CIM-TTM decidiu reforçar a dotação inicial do aviso em mais meio milhão de euros, assegurando assim o financiamento de todos os projetos considerados elegíveis. Os investimentos abrangem diversos setores de atividade, incluindo a economia social, refletindo a diversidade do tecido económico local.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

FELIZ DIA PARA AS MÃES SEM NATAL

Por: Maria da Conceição Marques
(Colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")


 No Natal, há casas que em vez de luzes, acendem silêncios.

A mesa existe, os pratos são colocados por hábito, não por esperança, as cadeiras em volta da mesa permanecem imóveis, como se tivessem aprendido a ausência de cor.

Há mães para quem o Natal não chega. O relógio marca a hora da ceia, mas o coração insiste noutra fusão horária, onde os filhos estão, talvez noutra cidade, talvez noutra vida. 

A tristeza dessas mães não faz barulho. Não chora alto. É uma tristeza, que sorri para fotografias como quem pede desculpa por ainda esperar. O Natal passa por elas como um comboio noturno: ouve-se ao longe, treme o chão, mas não para.

Lá fora, é festa, há união, há risos, e cada riso é um sino que toca noutra igreja. Estas mães correm as cortinas cedo, não por cansaço, mas para proteger o coração da abundância dos outros. Porque há luzes que magoam quando não têm a quem iluminar.

Estas mães vivem um Natal feito de memória. Um Natal, onde as mãos eram pequenas, os sapatos ficavam à porta e o barulho era excesso de vida. Agora, o tempo senta-se com elas e partilha o pão da saudade. 

E, ainda assim, no meio desse silêncio espesso, há um amor que não adormece. Um amor que atravessa paredes, fronteiras, anos. Um amor que prepara a casa como se alguém pudesse chegar, mesmo sabendo que não chega. Porque mãe é isso: é manter o lume aceso numa noite em que ninguém bate à porta.


Maria da Conceição Marques
, natural e residente em Bragança.
Desde cedo comecei a escrever, mas o lugar de esposa e mãe ocupou a minha vida.
Os meus manuscritos ao longo de muitos anos, foram-se perdendo no tempo, entre várias circunstâncias da vida e algumas mudanças de habitação.
Participei nas coletâneas: Poema-me; Poetas de Hoje; Sons de Poetas; A Lagoa e a Poesia; A Lagoa o Mar e Eu; Palavras de Veludo; Apenas Saudade; Um Grito à Pobreza; Contas-me uma História; Retrato de Mim; Eclética I; Eclética II; 5 Sentidos.
Reunir Escritas é Possível: Projeto da Academia de Letras- Infanto-Juvenil de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina.
Livros Editados: O Roseiral dos Sentidos – Suspiros Lunares – Delírios de uma Paixão – Entre Céu e o Mar – Uma Eterna Margarida - Contornos Poéticos - Palavras Cruzadas - Nos Labirintos do Nó.

Bragança Terra Natal e de Sonhos continua a encantar!

 Há luzes, sonhos e momentos especiais à sua espera.
Até dia 6 de janeiro venha fazer parte desta magia 🎄✨

quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

🎄 Mensagem de Boas Festas ✨

Um presépio singular, de uma rara beleza, no distrito de Bragança… E um “Bô Natale”!

Por: Rui Rendeiro Sousa
(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 
Recentemente, tal a sua singularidade, pediram-me para escrever sobre este presépio. E assim o fiz, com um inusitado gosto, enquadrando-o no magnífico Monumento de Interesse Público no qual se insere, a Igreja de Nª Sra. dos Reis (Lamalonga). 
Trata-se de um exemplar único, apenas com paralelos em dois outros, em toda a Península Ibérica, um situado em Lisboa, o outro em Valladolid. É um Presépio que encanto gera em todos aqueles se detêm a apreciá-lo delongadamente. E fica no distrito de Bragança! Situando-se numa das «minhas» terras… Uma das muitas que já estudei «até ao tutano»…
Aqui vo-lo deixo, um Presépio Barroco, «velhinho» com 250 a 260 anos, como uma singela, mas sentida forma, de vos desejar, resgatando as palavras da “nh’ábó Maria”, um “Bô Natale, tchêu de cousas mim sab’rosinhas’e”. 
“E bá, que num bus imburratcheis’e, pur'i, im’mentes infardais uas rabanadas e uas afilhoses’e. E q’ó bacalhau e ó pôlbu’e num bus façum ingaz’gare, p’ra isso hai ua pinga, ou um copetchu doutra cousa qualquera. E num bus albideis du arroze-doce e d’áletria, que desinfastium e amanhum us pur drentus’e”.
E a todas as “Abós Maria” (“e ós Abós Manele”), uma sentida gratidão pelo tanto que me ensinaram e continuam a ensinar acerca de uma genuinidade que, qual lirismo de quem persiste em continuar a acreditar no Pai Natal e nas Renas, não gostaria de ver perdida. 

Por isso, continuo a preferir a forma “tcharra” de “Bô Natale”!!!


Rui Rendeiro Sousa
– Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer. 
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas. 
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana. 
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros. 
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

Galhofa Trail – 25 Janeiro 2026

 A Freguesia de Arcas, em Macedo de Cavaleiros, vai receber o Galhofa Trail, com uma corrida de 12km e caminhada de 6km, pelo meio da natureza e pela aldeia. O evento decorre no mesmo fim de semana que a Galhofa de Arcas, uma tradição ancestral dedicada aos Caretos.
A participação no trail de 12km é aberta a todos os atletas federados e não federados, com idade igual ou superior a 18 anos. A caminhada de 6km é aberta a todos os interessados.

Bibliotecas Bibas – Tie Marie i Tiu Diamantino

🔔🌟 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐞́ 𝐪𝐮𝐞 𝐧𝐚̃𝐨 𝐩𝐨𝐝𝐞 𝐟𝐚𝐥𝐭𝐚𝐫 𝐧𝐚 𝐦𝐞𝐬𝐚 𝐝𝐞 𝐍𝐚𝐭𝐚𝐥?

 Andámos pelo Jardim Natal a perguntar aos visitantes o que é que, para eles, é imprescindível na mesa de consoada. 

E para si? O que é que não pode faltar na mesa de Natal?🎄

O MILAGRE DE BRAGANÇA - Romance

Por: Fernando Calado
(Colaborador do Memórias...e outras coisas...)


 Era dia da consoada. A Antónia levantou-se cedo para ir à praça, comprar as couves tronchas, o polvo e mais algumas miudezas para a longa noite da ceia natalícia.

Quando regressou a casa, já os caixeiros da rua Direita e do Tombeirinho abriam as pesadas portas de madeira de castanho, pintadas de verde e cor de vinho, para oferecerem aos seus clientes as mercadorias do seu ramo de negócio.

Nas mercearias cheirava a bacalhau e a polvo de meia cura. Era Natal!

Sentia-se a falta da animação dos estudantes que já estavam de férias. As carvoeiras de Gimonde e da Aveleda percorriam as ruas da cidade com os burros carregados de carvão, urzes e carquejas. Ouviam-se os pregões. O dia estava frio e as carvoeiras haviam de fazer bom negócio. Na noite de Natal todas as famílias acendem muitas braseiras para amaciar a fria noite da consoada. As lavadeiras de Alfaião passavam com grandes sacos de roupa branca que lavavam no rio da aldeia e punham a corar ao sol mortiço de dezembro.

As ruas da cidade estavam na verdade muito movimentadas, com burros, carroças e pessoas que vinham aos Sotos fazer as últimas compras. Gente da aldeia, mulheres de lenço, envoltas em pesados xailes de lã, homens de capote, alguns de samarra, vendiam pelas ruas produtos da horta e da capoeira.

As tabernas deixavam no ar um fumo branco com cheiro a canela. As filhoses e rabanadas alouravam.

As mães entravam nos comércios de mercearias da praça da Sé e faziam embrulhos com as folhas mais coloridas do Primeiro de Janeiro. Meia dúzia de rebuçados de meio tostão, uns figos secos vindos de Moncorvo e umas meias de lã de ovelha faziam o presente divino que à meia-noite em ponto, um menino Jesus pobre, acabadinho de nascer, havia de deixar junto da lareira! E todo o céu envolto no frio bragançano se iluminava.

 E as árvores sem folhas da Praça da Sé pareciam Cristos crucificados, dolorosamente, numa cidade antiquíssima, numa cidade de província, a nordeste.

In: O Milagre de Bragança

UM BOM E FELIZ NATAL PARA TODAS AS MINHAS AMIGAS E AMIGOS. UM ABRAÇO do Fernando Calado


Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

BEIRA DOCE, O SABOR DO NATAL FEITO À MÃO

 Entre fornos acesos, cheiros doces e uma correria que só acontece nesta altura do ano, vive-se o Natal na Beira Doce. Aqui, cada receita ganha um significado especial e o bolo-rei de chocolate afirma-se como uma das estrelas da quadra.
Na Beira Doce, o Natal constrói-se com saber-fazer, dedicação e respeito pelas receitas que atravessam gerações. Quem entra nesta pastelaria procura mais do que doces. Procura memórias, tradições e sabores que fazem parte da mesa e da história de cada família.


Jornalista: Luís Eduardo Lopes

ONDE O NATAL AINDA CHEIRA A TRADIÇÃO

 Há lugares onde o Natal não se mede pelo calendário, mas pelo cheiro da farinha, pelo calor das mãos e pelo manter das tradições. A D. Maria , guardiã de uma tradição antiga, recusa-se a deixar perder a confeção das roscas de Natal, feitas como sempre se fizeram, sem pressas e com memória.
Entre a massa, o forno e as conversas, o tempo abranda e dá lugar à tradição, fica a prova de que o Natal também se faz de gestos simples e de tradições que continuam vivas.


Jornalista: Luís Eduardo Lopes

Recolha Solidária de Natal termina com balanço positivo em Macedo de Cavaleiros

 A Recolha Solidária de Natal, promovida pela Junta de Freguesia de Macedo de Cavaleiros com o objetivo de angariar bens alimentares para a constituição de cabazes de Natal destinados a famílias carenciadas do concelho, terminou no passado dia 17 com um balanço considerado muito positivo.


O presidente da Junta de Freguesia, David Vaz, sublinha que a iniciativa superou largamente as expectativas iniciais:

Este ano, a campanha contou com uma adesão alargada de entidades e associações locais, o que contribuiu para um resultado mais abrangente. Entre os parceiros estiveram o Grupo Desportivo Macedense, o Clube Moto Turístico e o Clube de Ciclismo de Macedo de Cavaleiros. No total, foi possível preparar 67 cabazes de Natal:

Os cabazes foram distribuídos entre segunda e terça às famílias mais carenciadas do concelho, assegurando que o apoio chega antes da quadra natalícia.

Cátia Barreira

138 crianças macedenses com Natal “mais quentinho” com as prendas da “Árvore do Imaginário”

 A terceira edição da iniciativa solidária da “Árvore do Imaginário”, promovida pela câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, registou uma balanço positivo.


O presidente da Câmara, Sérgio Borges, destacou a forte adesão da comunidade e o espírito solidário demonstrado:

Apenas uma semana, os 138 envelopes colocados na árvore foram retirados pela população, garantiu presentes a todas as crianças sinalizadas no concelho.

A entrega dos presentes realizou-se entre segunda e terça de forma a que cada criança carenciada recebesse um presente nesta época festiva.

Cátia Barreira

Eclipse total do Sol de 2026 será visível na sua plenitude em Bragança

 Portugal vai voltar a assistir a um eclipse solar total e toda a sua extensão apenas poderá ser visível no nordeste transmontano, enquanto no resto do país o eclipse será parcial.


No dia 12 de agosto de 2026 vai ser possível observar em Portugal um fenómeno raro: um eclipse solar total.

De acordo com a Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica,

o eclipse total do Sol, só será visível na sua plenitude no Parque Natural de Montesinho, em Bragança. No resto do país, será possível observar o eclipse parcial do Sol.

“Em 2026, durante cerca de 26 segundos, o dia transforma-se em noite no nordeste transmontano. No restante território continental e nas regiões autónomas, o eclipse será parcial, mas, ainda assim, com uma ocultação muito significativa do Sol. O eclipse será visível numa estreita faixa que atravessa o Ártico, Gronelândia, Islândia, Espanha e Portugal”, esclarece a Ciência Viva, em comunicado.

Um eclipse total do Sol ocorre quando a Terra, a Lua e o Sol estão perfeitamente alinhados e a Lua oculta completamente o disco solar por alguns momentos.

O último observado em Portugal ocorreu 1912 e o próximo só está previsto para 2144.

Maria João Canadas

Como vão os macedenses viver o Natal entre tradição, família e novas culturas?

 Em Macedo de Cavaleiros, o Natal vive-se de muitas formas, mas quase sempre com um ponto em comum: a família. A Rádio Onda Livre saiu à rua para perceber como os macedenses vão passar a noite mais especial do ano e encontrou histórias de tradição, trabalho, saudade, mas também de partilha cultural.


José Manuel Félix, natural de Grijó, mantém os costumes de sempre, ainda que este ano com uma mesa mais pequena, devido à ausência de alguns familiares:

Para este macedense, o espírito natalício continua a viver-se com moderação no consumo e valorização do essencial.

Mas o Natal em Macedo de Cavaleiros também se faz de novas histórias e diferentes origens. Flávia Gonçalves, natural de Angola, vive no concelho há cerca de um ano e vai passar o Natal a trabalhar, mas sem abdicar da tradição familiar.

Apesar da distância, a cultura natalícia mantém-se próxima, mostrando como o Natal é uma celebração que atravessa fronteiras.

Para muitas famílias, esta quadra é também sinónimo de brincadeira, tempo com os mais novos e pequenos rituais criados em casa, longe da azáfama e do excesso.

Para quem passa anos longe da família este Natal vai ter um gosto muito especial.

Histórias simples, mas cheias de significado, que mostram que, em Macedo de Cavaleiros, o Natal continua a ser vivido com autenticidade, seja entre tradições antigas, mesas mais pequenas ou novas culturas que se juntam à comunidade.


Arcas volta a celebrar Santo Estêvão com fé, tradição e envolvimento da comunidade

 A aldeia de Arcas prepara-se para viver dois dias de tradição, convívio e identidade comunitária com a Festa de Santo Estêvão, que decorre a 25 e 26 de dezembro, mantendo viva uma celebração que atravessa gerações.


O presidente da Junta de Freguesia de Arcas, Mickael Silva, sublinha a importância da participação da população e o papel da Junta na preservação desta tradição:

O programa mantém-se fiel aos costumes de outros anos, com a missa em honra de Santo Estêvão e o tradicional leilão das roscas. Cada rosca é confecionada pelas famílias da aldeia e leiloada, revertendo a receita para a manutenção da própria festa. O leilão é um dos momentos mais animados do programa, reunindo moradores e visitantes num ambiente de partilha e solidariedade.

Para o autarca, o objetivo central é claro:

A festa conta ainda com a presença dos caretos, símbolos culturais profundamente ligados à identidade local.

A organização da componente cultural está a cargo do Núcleo de Costumes e Tradições de Arcas. O representante da associação, Nelson Peixeiro, destaca o trabalho de recuperação desta celebração histórica:

Para além das cerimónias religiosas e do leilão das roscas, o programa inclui uma caminhada, o esconjuro queimado, um almoço convívio, música e animação, bem como atividades dirigidas a crianças e jovens, garantindo que as novas gerações conheçam e participem nesta tradição.

A Festa de Santo Estêvão continua assim a afirmar-se como um momento de encontro, partilha e identidade para a aldeia de Arcas, onde a tradição se renova através da força da comunidade.

Cátia Barreira

GNR deteve dois homens por tráfico de droga em Mirandela

 Dois homens, de 32 e 59 anos, foram detidos, na segunda-feira, por tráfico de droga e posse de arma proibida, em Mirandela


No âmbito de uma investigação, que decorria há cerca de dois anos, os militares da GNR deram cumprimento a cinco mandados de busca, três domiciliárias e duas em veículos, que culminaram na detenção de dois suspeitos e na apreensão de diverso material relacionado com os ilícitos, nomeadamente 17 doses de folha de cannabis, duas armas de fogo, um spray de gás, duas soqueiras, uma faca tática/punhal, duas navalhas, 211 munições de diversos calibres, 40 cartuchos e um telemóvel.

Os detidos foram constituídos arguidos e os factos foram comunicados ao Tribunal Judicial de Vila Flor.

Procura pelos doces de Natal resiste em Bragança apesar da subida do preço dos ovos

 Apesar do aumento dos preços dos ovos e consequentemente dos produtos com eles confecionados, os brigantinos continuam a não deixar faltar os doces de Natal à mesa, mantendo a preferência pelos clássicos mas sempre com curiosidade pelas novidades


Os ovos estão, este ano, 81% mais caros, segundo a Deco Proteste. Desde janeiro de 2025, este produto aumentou cerca de 32%. A meia dúzia custava um euro e sessenta e custa agora dois euros e 12.

O aumento leva a que os doces de Natal também estejam relativamente mais caros, o que poderia afetar a procura, mas não é o que se passa no Canelão, em Bragança. Tiago Delgado, um dos confeiteiros do espaço, assume que a pastelaria tenta ajustar os preços à realidade e admite que procura não falta. “Com o Natal há sempre mais consumismo, mas notamos e nem sempre é dar o preço mais justo ao cliente. Ainda assim, obviamente que continua a haver procura. Sem dúvida de que é a época em que mais produzimos”, referiu.

Ainda que os doces tradicionais continuem a ter lugar garantido à mesa, há cada vez mais espaço para inovações doceiras. No Canelão as novidades prendem-se com as rabanadas recheadas, o bolo rei de chocolate e algumas iguarias francesas e italianas. “Temos de manter sempre a tradição e os produtos que os clientes mais procuram são os mais tradicionais. O mais procurado é o bolo rei de castanha, que não é algo tradicional mas a castanha é”.

Na Casa do Pão, outra pastelaria de Bragança, o proprietário e confeiteiro, Bruno Lopes, o aumento dos ovos, nomeadamente nesta altura do ano, é percebido como “aproveitamento de quem os vende”. “O ovo é um bem essencial e é pena que não haja uma entidade, nesta época, que regule o preço. Sente-se um certo aproveitamento por parte de quem os vende, do mercado em si. Quando chega a época do Natal e da Páscoa há sempre esta subida, mas não é justificável”.  

E diz que os transmontanos procuram tanto os doces clássicos como produtos diferenciadores e de qualidade. É por isso que a inovação ali não para. “O que se nota é que as pessoas, cada vez mais, procuram produtores diferentes. Este ano vamos ter, pela primeira vez, o bolo rei de castanha e vamos ter uma inovação, um ouriço de castanha, composto por uma telha de castanha com amêndoa, mousse de creme de castanha, bolo húmido e cobertura de castanha glacée”.

Atualmente, o preço da dúzia de ovos situa-se entre 2 e 30 e 2 euros e 40 cêntimos, já incluindo logística e distribuição.

Um aumento que pressiona toda a cadeia, desde produtores a confeiteiros e consumidores.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves / Cindy Tomé

🔥 Festas de Inverno em Vinhais | Dezembro em destaque 🔥

 Dezembro é o mês maior das Festas de Inverno no concelho de Vinhais, com tradições únicas que continuam a dar vida às nossas aldeias.

Ousilhão | Festa dos Rapazes – 25 e 26 de dezembro
Rebordelo | Festa das Varas – 25 e 26 de dezembro
Travanca | Festa de Santo Estêvão – 27 de dezembro
Vale das Fontes | Encamisada – 31 de dezembro

Rituais ancestrais, máscaras, pessoas e fogo num ciclo festivo que preserva a identidade cultural de Vinhais e de Trás-os-Montes. ~

Venha viver as Festas de Inverno onde a tradição ainda se faz sentir.