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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

5 de Dezembro - Dia Internacional do Voluntariado


 Uma das características mais admiradas do interior português é a forte ligação comunitária. Num território onde a distância entre as aldeias pode ser grande, mas a distância entre pessoas é curta, o voluntariado e a solidariedade assumem um papel determinante na resposta aos desafios sociais que resultam do envelhecimento populacional, da desertificação humana e das desigualdades territoriais. “A força da comunidade transmontana” é uma realidade vivida diariamente, onde associações, grupos informais e cidadãos comuns asseguram um apoio social que muitas vezes suprime as lacunas deixadas pelas infraestruturas formais.

Ao longo dos anos, o voluntariado tem surgido como um dos instrumentos mais eficazes para enfrentar carências sociais. Em Trás-os-Montes, este espírito solidário manifesta-se de múltiplas formas, desde o apoio aos idosos isolados, na organização de atividades comunitárias, em campanhas de recolha de bens essenciais, na prestação de cuidados em articulação com IPSS, ou no simples gesto de acompanhar um vizinho às compras ou ao centro de saúde. São gestos que, embora pequenos, têm impactos profundos, permitindo que muitos habitantes, especialmente os mais vulneráveis, vivam com dignidade e segurança.

As associações locais assumem um papel essencial neste ecossistema solidário. Em concelhos como Bragança, Mirandela, Mogadouro, Vimioso ou Vinhais as instituições particulares de solidariedade social, associações culturais e grupos de voluntários funcionam como pilares da coesão social. Estas organizações conhecem de perto as necessidades da população e operam com proximidade humana, algo que estruturas mais centralizadas nem sempre conseguem garantir. Para além de distribuírem alimentos, assegurarem cuidados básicos ou promoverem atividades de convívio, são responsáveis por criar redes de apoio que aproximam as pessoas e combatem a solidão, um dos maiores problemas sociais da região.

Porém, o voluntariado em Trás-os-Montes não deve limitar-se a respostas assistencialistas. Tem de ter também um papel transformador no fomento do desenvolvimento local. Associações juvenis, grupos de escuteiros, coletividades culturais e clubes desportivos promovem valores de cidadania, participação ativa e responsabilidade social entre jovens e adultos. Através de projetos intergeracionais, iniciativas ambientais, eventos culturais ou ações de formação, estes grupos fortalecem a identidade comunitária e criam oportunidades de envolvimento para todas as idades.

Importa destacar ainda o papel dos voluntários individuais, muitas vezes anónimos, que dedicam tempo e energia a melhorar a vida dos outros. Em aldeias pequenas, um voluntário pode ser simultaneamente motorista informal, cuidador, conselheiro e amigo. Esta multifuncionalidade solidária é expressão de uma cultura onde a entreajuda faz parte do quotidiano e onde ninguém é deixado para trás. É comum ouvir a expressão “somos poucos, mas ajudamo-nos uns aos outros”, que simboliza a essência da solidariedade transmontana.

Ainda assim, apesar da força desta comunidade, os desafios atuais exigem respostas cada vez mais estruturadas. A crescente dependência de população idosa, o despovoamento juvenil e as limitações económicas tornam fundamental reforçar e profissionalizar alguns setores da ajuda social. Para tal, é importante que o voluntariado receba mais apoio institucional, mais formação e melhores condições logísticas. Parcerias entre câmaras municipais, juntas de freguesia, associações e empresas locais podem criar um ambiente mais sólido para o crescimento de projetos sociais de longo prazo.

Da mesma forma, novas formas de voluntariado, digital, ambiental e educativo, podem atrair jovens que desejam contribuir para a sua comunidade, mesmo que estudem ou trabalhem fora da região. A mobilização das gerações mais novas é crucial para garantir a continuidade deste espírito solidário e para adaptar as respostas às mudanças sociais e tecnológicas.

O voluntariado e a solidariedade mantêm vivas as aldeias. Dão voz aos invisíveis, reforçam a autoestima dos mais vulneráveis e criam, apesar das dificuldades, um sentido coletivo de esperança. 

“A força da comunidade transmontana” reside na capacidade de transformar desafios em oportunidades, de unir esforços em torno de causas comuns e de lembrar a todos que, mesmo em territórios de baixa densidade populacional, a solidariedade pode ser uma realidade. O voluntariado, nas suas diversas expressões, éa prova viva de que a coesão social é construída dia a dia, gesto a gesto, pessoa a pessoa.

HM

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