Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

A sublime «pobreza» do distrito de Bragança

Por: Rui Rendeiro Sousa
(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Hoje, a propósito de por aqui ter trazido o Neolítico e a posterior Arte Esquemática na Serra de Passos, algumas pessoas se manifestaram afirmando que o desconheciam, outras, pelo contrário, demonstrando que já tinham conhecimento da sua existência. Entretanto, recebi mais “ua mensaige”, de uma pessoa que bem conheço, que me transmitia que, embora conhecesse a existência do local, ignorava a sua importância. E escrevia: «Vou acompanhando as tuas publicações e espanto me causa o tanto que, afinal, vocês aí em cima têm». Disse-lhe que, tal como muita gente, «não sabia da missa a metade». Acabaria por me perguntar: «Os vossos governantes têm consciência disso?». Como não sou governante, não sei… Sei, apenas, que me esforço para que os governantes o saibam. Só não sei é se querem saber...

Conversa puxa conversa, dir-me-ia, em tom provocatório: «Não haveis de ter tanto assim!»… E lá fui fazendo desfilar algum do tanto que temos… Tendo-me perguntado: «E o que fazem com esse tanto?»… O que haveria de responder-lhe? Limitei-me a dizer-lhe um «já te respondo logo», acompanhado de um sarcástico sorriso. Porém, ainda não sei que resposta lhe hei-de dar…

Todavia, partilho algumas das coisas que com a pessoa partilhei ao longo da conversa. Para lá de, como venho tentando expor, mais de metade da História de Portugal, como a conhecemos, não teria ocorrido sem «sangue bragançano», dada a quantidade de personalidades históricas que o carregam, ao longo da conversa, num mero exercício «teórico», fui partilhando estas «tristes e pobres» conclusões... 

O distrito de Bragança possui mais de duas dezenas de imóveis e sítios classificados como Monumentos Nacionais. O que não é brincadeira… Depois, há umas quantas largas dezenas de outros imóveis classificados como Monumentos de Interesse Público, e alguns locais como Sítios de Interesse Público. Uns serão mais importantes e majestosos do que outros, mas todos detêm uma importância que parecemos não lhes querer dar. Conclusão, temos “ua catrefada” de imóveis ou sítios classificados… “Que mai fai?”...

Lembrar-me-ia que somos um distrito com quatro «selos UNESCO»! O que também não é brincadeira! Na sequência, porque um desses selos se relaciona com a biosfera, também me lembrei que temos dois Parques Naturais, um Parque Natural Regional e uma Paisagem Protegida. Para lá de seis sítios integrados na Rede Natura 2000. Eventualmente, poderei ter-me esquecido de algum, que «fazer contas de cabeça» pode, por vezes, conduzir a omissões não intencionais. 

Depois ainda me lembrei de que representamos pouco mais de 1% da população portuguesa, mas temos, «contas por alto», 15% das aldeias integrantes do «selo Aldeias de Portugal». E também temos uma aldeia, e uma praia, e um acepipe, nas «7 Maravilhas de Portugal» (não sei se estarei a esquecer-me de alguma «Maravilha», “pur’i”). Mas temos mais… Como, por exemplo, bem mais de duas dezenas de produtos classificados nas categorias DOP e IGP. Coisa pouca…

E temos Pauliteiros, e “muntus” Caretos, e “tchitcha” da boa, e gente fantástica, especialmente os nossos “belhotes’e”, que tanto me ensinam. E tradições fantásticas, e “binhu du bô”. E também temos a segunda Língua Oficial de Portugal, mais os dialectos derivados derivados do Ásturo-Leonês, mas pouco queremos saber disso, “inté s’aparece que nus imbreguhêmus’e”… E rios e lagos soberbos, e serras e vales fabulosos… E também possuímos sítios de relevo que se enquadram naqueles nomes estranhos que aprendemos na escola: Paleolítico, Neolítico, Calcolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro e outros de cronologias subsequentes… 

E temos tanto mais… “Mas tânhu de fitchare a matraca»… E fazemos tão pouco com o tanto que temos… 

(Foto «surripiada» aqui das «Memórias»...)


Rui Rendeiro Sousa
– Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer. 
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas. 
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana. 
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros. 
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

Sem comentários:

Enviar um comentário