Volvidos quase 10 anos, encontra-se em fase de preparação uma nova candidatura das tradições de Inverno a património imaterial da humanidade.
A Brigantia sabe que já foram dados os primeiros passos nesse sentido e António Pinelo Tiza, presidente da Academia Ibérica da Máscara, avançou que está a ser preparada a inscrição no Registo Nacional do Património Imaterial das festividades de Inverno.
Tiza tem dúvidas quanto à viabilidade de uma candidatura conjunta dos municípios do nordeste, embora considere que estes têm um papel fundamental neste processo, enquanto representantes do poder local. “São as câmaras que têm de tomar em mãos este trabalho, digo isto à falta de um organismo abrangente que pudesse fazê-lo. Esse organismo não existe, o que existia eram os governos civis, mas acabaram há quatro anos. O que temos é o poder central e o poder local e, não havendo um poder intermédio, terão de ser os municípios”, salienta.
Após uma primeira candidatura ibérica de Bragança e Zamora, em 2006, que acabou por não vingar, os procedimentos mudaram e a candidatura a património imaterial da UNESCO passa hoje por um reconhecimento nacional prévio e, só depois desse passo, será possível uma candidatura a património da humanidade.
Nesse sentido, “está já a ser desenvolvido um trabalho em conjunto com a Direcção Regional da Cultura do Norte e que vamos levar por diante”, sublinha o presidente da AIM. As tradições e festividades de inverno são uma realidade transversal ao distrito, contudo, com idiossincrasias muito próprias enraizadas em cada município e que diferem entre si. Consciente das diferenças, António Carneiro, do grupo de caretos de Podence, rejeita divisionismos, mas considera que uma candidatura desta tradição tem mais possibilidades de vingar sozinha do que englobada numa candidatura conjunta, alargada às outras tradições de inverno da região nordestina. “O grupo de caretos, com toda a modéstia, contribuiu para que outras tradições do distrito que estavam quase extintas dessem o salto e criassem novas dinâmicas”, refere.
Apoiada pelo município de Macedo de Cavaleiros, que já considerou os caretos de Podence de “interesse municipal”, esta candidatura dará agora entrada no Registo Nacional do Património Imaterial de Portugal, o que significa que o distrito poderá vir a ter duas candidaturas a património imaterial da Unesco.
Para o presidente da Câmara Municipal de Bragança, uma iniciativa isolada é um cenário que fará pouco sentido e sublinha que a possibilidade de uma candidatura conjunta se encontra em análise ao nível da comunidade intermunicipal de Terras de Trás-os-Montes. O autarca acredita numa candidatura que abranja as diferentes sensibilidades existentes e as especificidades culturais de cada terra.
Os próximos tempos serão por isso decisivos no que diz respeito a uma candidatura alargada a património imaterial da humanidade das tradições de inverno do nordeste.
Escrito por Brigantia
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