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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Uma Parra muita Uva

O Outono veio antecipado, a interromper o reinado do Verão nos dias 14 a 16 deste mês. Será que ele que entra já no dia 22, não vai ter mais verão também? Seja como for já caiu do céu mais vitamina para a terra. “Estes dias foram de licença sem vencimento para aqueles que trabalham na fábrica de empobrecer alegremente”, que é a agricultura na linguagem da família do tio João. A nossa gente disse que choveu ouro especialmente para as vinhas, castanheiros e oliveiras. Quero felicitar todos aqueles que fizemos mais uma caminhada até Terroso, à Santa Rita de Cássia. Fomos as centenas. Um bem haja à comissão de festas que tem para os peregrinos, assistência médica, abastecimento de água e café e faz desta caminhada uma das preferidas dos brigantinos.

A videira, vinha ou parreira é uma trepadeira da família das vitáceas, com tronco retorcido, ramos flexíveis, folhas grandes e repartidas em cinco lóbulos pontiagudos, flores esverdeadas em ramos, cujo fruto é a uva. A videira produz as uvas, fruto de cujo sumo se produz o vinho.
As uvas crescem em cachos de 15 a 300 frutos, e podem ser vermelhas, pretas, azuis-escuras, amarelas, verdes, laranjas ou rosas. “Uvas brancas” são naturalmente de cor verde e são, evolutivamente, derivados da uva roxa.
Os frutos também podem ser usados no fabrico de vários produtos, como geleias, sumos, gelados e refrigerantes. Surpreendentemente, as videiras dão frutos de melhor qualidade quando plantadas em lugares normalmente considerados inadequados para outros tipos de plantas. As parreiras crescem bem em áreas montanhosas e nas encostas das colinas arenosas, em terreno pouco irrigado e mesmo no meio do cascalho.
Estranhamente, as parreiras não gostam de solos muito ricos em nutrientes, e não se importam com a alta exposição à luz solar. Mesmo a poda radical só as faz fortalecer, em vez de as destrur, ficando verdejantes e ainda mais majestosas na colheita do ano seguinte.
Maria Lucinda Canteiro, de 80 anos de idade, “quatro vintes”, tem uma parreira com 124 anos.
Foi a sua avó Efigénia que, com 16 anos, a transplantou de um lameiro para o sítio onde até hoje se encontra, à entrada de sua casa. Esta senhora viveu até aos 80 anos, tendo falecido há 60 anos.
A nossa Tia Maria, viveu com a sua avó durante vinte anos nesta casa, sendo sempre a sua habitação, na aldeia de Castanheira, freguesia de Gostei. A parreira nunca foi enxertada nem enxofrada. O enxofre que recebe é o pó da estrada. Como diz a Tia Maria, “já antigamente o meu pai, quando ainda não havia empedramento na estrada, levantava o pó com uma vara para enxofrar a parreira”. Também nos conta que na ideia dela, o segredo da longevidade da parreira se deve ao facto de as lojas dos animais terem sido durante muitos anos debaixo da casa e o “fertelizante” do seu estrume ser aproveitado directamente pela parreira.
Este ano, pelo que podemos comprovar ‘in loco’, tem mais de 200 cachos de uvas, cerca de 100 quilos. A parreira também serve de sombra no Verão, para as festas. É a “menina dos olhos” da nossa Tia Maria Lucinda, assim como uma figueira que existe no mesmo quintal.
Oxalá que esta parra dure muitos mais anos, juntamente com a sua proprietária.

Tio João
in:jornalnordeste.com

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