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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

A Falta de Civismo Tipicamente Tuga

Num destes programas televisivos do género “Você da TV”, vi, há algum tempo, de passagem, uma entrevista a um senhor que, emigrado no Brasil desde criança, voltou pela primeira vez à terra natal com 80 anos. À pergunta “como distinguia ao longe os seus concidadãos dos demais?”, respondeu: “ Quando via na rua um homem de bigode, palito na boca e a deitar lixo para o chão, estava identificada a nacionalidade”
Por estranho que possa parecer, e ainda que este retrato do português, com algumas décadas, tenha que ser visto à luz de um contexto sócio – cultural, a verdade é que, de então para cá, mesmo com uma sociedade incomparavelmente mais letrada, apenas o bigode e o palito na boca deixaram de ser uma marca distintiva do tuga.
Longe de ser um ambientalista radical, fico extremamente indignado por assistir, no dia a dia, a toda a hora e em qualquer espaço público - no campo, na praia e no rio - a tanto atentado contra a natureza. Miúdos e graúdos, homens e mulheres, agindo, na maioria das vezes, maquinal e mentalmente por comodismo, revelam a sua personalidade através duma patológica falta de civismo.
Deste preciso Verão, destaco dois episódios, de centenas deles que presenciei.
Num dado Sábado de Agosto fui com a família para a praia fluvial de Soeira. Sendo uma das mais bonitas e com maior potencial turístico do distrito, estranhamente, as autoridades locais não investem nela. Mas, adiante. As casas de banho que servem o dito espaço, bastante razoáveis, pareciam uma autêntica pocilga, porque foi utilizada por gente que não é digna de aceder a elas. A escassos metros daquela água invejavelmente límpida, um jovem casal, bem “parecido”, que se fazia acompanhar duma criança de colo, abandonam a zona de banhistas, deixando a fralda suja do bebé no chão e o maço de tabaco vazio; sendo que a 10 metros se encontrava um contentor do lixo.
Uma semana depois, o convívio familiar repetiu-se, mas desta vez o cenário foi o bonito e bem concebido parque de merendas de S. Joanico, Vimioso, a minha aldeia de coração, conhecida pelos famigerados lagostins, pela honesta, laboriosa e prazenteira gente. Dois dias antes tinha lá ido fazer o “reconhecimento” da zona. No parque, em frente ao rio (Angueira), estavam estacionadas duas autocaravanas, de portugueses, que indiciavam terem ali permanecido 2 ou 3 dias. No dia da merendola, quando nos preparávamos para descarregar o farnel, deparámo-nos com uma labreguice de todo o tamanho; desde restos de comida a pensos higiénicos! Incrível! Solução: tive que limpar a nojeira dos outros.
Por alturas da Senhora da Serra, em conversa com um grande amigo sobre o tema, o meu interlocutor contou-me que se viam muitas garrafas de água vazias, de plástico, “semeadas” pelos caminheiros durante o sacro percurso. Segundo ele (e eu concordo), a garrafa de plástico sem o conteúdo não pesa nada. Era só metê-la dentro da mochila. Enfim, o hábito de algumas pessoas moralmente mal formadas!
Por falar de hábitos desta natureza, e porque está provado que, pela via da pedagogia e da sensibilização, eles não se perdem (a esperança residia nas novas gerações, mas a pequenada teima em aderir ao “desporto” que se baseia na modalidade do arremesso da lata da coca-cola e do leite achocolatado para o chão), a esperança seria accionar os mecanismos dissuasores.
Não o fazendo, os bisnetos do “ brasileiro português de Braga” acima aludido, irão responder da mesma maneira àquela mesma pergunta duma Fátima Lopes ou dum Goucha, apenas com a diferença do bigode e do palito na boca! E este espírito egoísta que assenta no princípio de “quem vier depois, que se desenrasque”, muito próprio da cultura tuga, assim se vai eternizando.



António Pires
in:mdb.pt

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