Eurodeputado Miguel Viegas afirma que são necessárias novas áreas de regadio em Trás-os-Montes.
Falta uma visão estratégica de desenvolvimento da região. Esta é a conclusão do eurodeputado do PCP, Miguel Viegas, que iniciou ontem uma visita de três dias a Trás-os-Montes e depois de acções em Vila Flor, Macedo de Cavaleiros e Bragança concluiu que continuam a faltar políticas concretas de desenvolvimento da região, capazes de inverter o declínio social, económico e demográfico: “continua a fazer falta uma política de desenvolvimento, com elementos concretos que olhem para a região, identifiquem as potencialidades e a partir daí ponham em prática no terreno uma estratégia de desenvolvimento com apoios àqueles sectores que estão identificados, que correspondem a potencialidades que existem na região. Aqui existe já conhecimento e capacidade instalada, o que falta são as tais políticas de apoio que continuam hoje em Portugal a ser dirigidas para os grandes grupos económicos, para o sector da finança, para o sector bancário, em vez de chegar onde deveria, que é às terras remotas do interior, onde há défice de pessoas e de actividade produtiva”.
Dando como exemplo o regadio, o deputado no Parlamento Europeu referiu o caso da barragem do Azibo como sendo paradigmático, já que tem um perímetro de rega de 3000 hectares e apenas 500 estão a ser usados na agricultura.
“Revela que há aqui um deficit de apoio à actividade produtiva”. O deputado questiona “como é possível que num país que tem um deficit alimentar fortíssimo que haja uma área de regadio numa área deprimida, em que o emprego faz falta, em que é absolutamente necessário que o governo apoie a produção o sentido de ajudar à fixação de pessoas, criação de emprego e criação de riqueza? Como é possível termos esta infra-estrutura e depois não é aproveitada?”.
Miguel Viegas destacou ainda que são necessárias novas áreas de regadio na região, e critica a forte concentração de projectos desta natureza no Alentejo:
“Há necessidade de implementar novas áreas de regadio em Trás-os-Montes que estão identificadas mas não têm sido contempladas. Hoje as novas áreas contempladas no Plano Nacional de Regadio 94% estão concentradas no Alentejo, isto é completamente inaceitável, Porque o Governo argumenta que a capacidade instalada em Trás-os-Montes não é ainda plenamente utilizada, isto é uma pescadinha de rabo na boca, porque se não houver incentivos, as pessoas vão embora e se as pessoas vão embora, isso gera uma espiral de degradação social e económica que é imparável”, acrescenta Miguel Viegas.
O eurodeputado garantiu ontem em Bragança que partido irá ainda reclamar mudanças na Política Agrícola Comum (PAC) nomeadamente que passe a ter apoios destinados à produção, em vez do actual modelo que atribui subsídios por hectare independentemente da produção.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro
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