A AEPGA – Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino e a Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural lançaram, no âmbito do Dia Nacional da Água, 1 de outubro, o projeto “POR UMA GOTA – Pelo uso eficiente da água” (www.porumagota.pt | www.facebook.com/projetoporumagota ), que visa promover a sensibilização ativa da comunidade rural no Nordeste Transmontano para o uso eficiente deste recurso hídrico vital.
O projeto POR UMA GOTA é financiado pelo Fundo Ambiental – Ministério do Ambiente, segue as recomendações do Programa Nacional Para o Uso Eficiente da Água (PNUEA) e tem como objetivo geral desenvolver um programa de educação ambiental que promova o uso e a gestão eficiente da água no Nordeste Transmontano, uma região do país altamente vulnerável aos fenómenos meteorológicos extremos, nomeadamente à seca, e que está também ameaçada pela desertificação.
A água é um recurso natural estratégico para a região de Trás-os-Montes, do qual dependem fortemente os setores produtivos, especialmente o setor primário (agricultura e pecuária), a população, os ecossistemas, a fauna e a flora.
As previsões de especialistas nacionais e internacionais apontam para que as alterações climáticas em curso afetem de forma significativa o território nacional, principalmente as zonas do interior, com graves consequências sobre os recursos hídricos.
De acordo com os peritos, nomeadamente com um estudo coordenado pelo investigador Filipe Duarte Santos e publicado no livro “Climate Change in Portugal: Scenarios, Impacts and Adaptation Mesures”, de 2002, que avaliou os principais impactos das mudanças climáticas em Portugal para os próximos 100 anos, as consequências dessas alterações já estão a ser registadas e vão agravar-se nas próximas décadas.
O aumento da temperatura e dos fenómenos extremos como a ocorrência de cheias, secas e tempestades com intensificação dos ventos, a redução da precipitação média anual, com períodos de chuva mais intensa e concentrada no inverno e o aumento da frequência e intensidade das ondas de calor no verão são exemplos de alterações que já estão a ocorrer no país.
No que se refere aos recursos hídricos, haverá, consequentemente, uma menor quantidade de água disponível, uma pior qualidade das águas fluviais e os nossos rios internacionais, nomeadamente o Rio Douro, estarão mais condicionados, visto que as autoridades espanholas poderão, por exemplo, reter mais água, afetando o seu fornecimento a Portugal.
Na área da agricultura e das florestas, as alterações climáticas poderão ditar a alteração dos tipos de culturas plantadas devido à escassez de água para irrigação, bem como obrigar à readaptação a novos períodos de cultivo.
Poderá registar-se também um aumento de pragas, doenças e infestantes, tanto na floresta como na agricultura. O flagelo dos incêndios também irá aumentar, segundo as previsões, havendo ainda uma redução da produtividade florestal e uma diminuição da biodiversidade.
As previsões sobre o impacto que as alterações climáticas terão no território nacional, sobretudo no que se refere aos recursos hídricos, e as consequências que já se fazem sentir no país, principalmente nas zonas do interior, com a ocorrência cada vez mais frequente de situações de seca, mostram, desta forma, que avançar com medidas que promovam a sensibilização da comunidade para o uso e a gestão eficiente da água é não só uma necessidade estratégica, como um imperativo ambiental.
O Nordeste Transmontano é uma zona do país eminentemente rural, florestal e agrícola e, sendo o setor agrícola o que mais água gasta e desperdiça em Portugal, é fundamental assegurar a eficiência hídrica nesta região, não só na agricultura, como também no meio doméstico e no setor industrial.
O projeto visa, desta forma, promover uma nova cultura de utilização da água, a qual está em constante risco de esgotamento devido ao seu uso ineficiente, ao desperdício e às alterações climáticas.
No âmbito deste projeto, as duas associações vão desenvolver diversos materiais didáticos e informativos sobre o uso eficiente da água no meio agrícola, doméstico e industrial; organizar sessões de sensibilização nas escolas da região; promover um concurso de ideias sobre o uso eficiente da água numa exploração agrícola direcionado a jovens estudantes, bem como capacitar os agentes agrícolas para o uso e a gestão eficiente deste recurso hídrico, entre outras atividades. O projeto culminará numa sessão de encerramento pública em diferentes concelhos do Nordeste Transmontano.
in:noticiasdonordeste.pt
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